Capitulo 19

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Escutem In My Veins do Andrew Belle (música da mídia) enquanto leem esse capítulo xx

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Sempre gostei das manhãs de Natal. Elas eram mágicas e eu tinha meu pequeno ciclo com Gemma quando éramos pequenos, eu acordava mais cedo e ia até o quarto dela onde gritava seu nome até ela estar desperta e dali nós corríamos até a sala e abríamos os nossos presentes. Quando nossos pais nos escutavam eles levantavam e meu pai ia ao nosso encontro na sala pedindo para mostrarmos nossos presentes enquanto minha mãe ia preparar um café da manhã melhor do que a ceia do dia anterior.

Era perfeito, éramos uma família muito feliz e mesmo depois da nossa tradição da manhã de Natal acabar por causa da nossa idade, nós ainda cumpríamos a parte do café da manhã com nossos pais. Até que a guerra começou. Até 1941 meu pai se esforçou para que a nossa família continuasse feliz, não só no Natal mas em todos os outros dias do ano.

Em 1942 meu pai foi pra guerra e não retornou. Aquilo foi devastador para nós, quando a notícia chegou foi como se nossas vidas acabassem, minha mãe passou duas semanas sem sair do quarto e eu e Gemma não tínhamos vontade de ir pra lugar nenhum. Até que nós conseguiremos superar nossa perda, passamos muitas noites ouvindo nossa mãe chorar baixinho de noite e levantar no dia seguinte com os olhos inchados e ter que sair para procurar algum emprego, o que era bem difícil de achar.

Minha mãe sempre teve medo de eu ter que me alistar para o exército nazista ou qualquer coisa relacionada a isso. Ela já tinha perdido meu pai para Hitler, não queria que o mesmo acontecesse comigo, não queria que acontecesse comigo o que estava acontecendo com Louis.

Eu não conseguia acreditar que a família dele estava orgulhosa, não passava pela minha garganta. É claro que para eles era incrível eles estarem requisitando a presença dele para servir a Alemanha mas será que eles tinham consciência de que eles estavam mandando Louis para a morte e que as chances da próxima vez que eles se encontrarem Louis estar dentro de um cachão ou ser apenas uma carta com um atestado de óbito? Não, eles não sabiam e mesmo que soubessem estavam tentando evitar pensar sobre isso.

- Filho, você vai se despedir do seu amigo? - Minha mãe perguntou tirando meu prato da mesa.

Estávamos sentados na mesa da cozinha tomando café da manhã, minha irmã lia algum livro encantada pela história enquanto minha mãe se concentrava em não deixar os pratos equilibrados em suas mãos caírem no chão.

- Vou, mas devo voltar pro almoço. - Respondi me levantando da mesa e indo em direção ao meu quarto para poder calçar meu sapato pra ir até a estação de trem.

Em algumas horas Louis estaria partindo para Ardenas onde iria lutar por Hitler e eu estava ali com a minha família fingindo que estava tudo bem enquanto por dentro meu estômago não parava de girar e eu sentia como se algo estivesse preso na minha garganta.

Quando pisei na rua tive vontade de voltar pra dentro de casa e fingir que aquilo não estava acontecendo, que era só um sonho ruim e eu iria encontrar Louis mais tarde. No momento que eu comecei a andar até a estação de trem tudo se tornou real, tinha um rapaz indo até lá com uma das mãos entrelaçada na de uma garota e a outra era segurada por uma senhora, provavelmente sua mãe. Aquela garota ao seu lado que parecia estar lutando com as lágrimas deveria entender o que eu estava sentindo, o medo, a angústia e o pânico de nunca mais vê-los outra vez.

Não gostava de me comparar com mulheres quando se tratava do meu relacionamento com Louis pelo fato de nós não sermos iguais aos casais compostos por homens e mulheres. O exemplo mais simples era quando eu tinha que estar destruído emocionalmente mas parecer bem fisicamente, os dois podiam demonstrar suas emoções em público enquanto nós tínhamos que fingir que éramos amigos. Eu esperava e torcia com todas as minhas forças que isso mudasse e eu e Louis pudéssemos ser livres para mostrar nosso amor para o mundo e podermos dar as mãos em público.

Love War | Larry Stylinson AUOnde histórias criam vida. Descubra agora