Capitulo 3

342 29 6
                                    

Eu nunca tinha agradecido tanto por ser domingo. Minha cabeça parecia que ia explodir e eu podia jurar que meu estômago tinha acabado de voltar do campo de batalha. Olhei mais uma vez meu quarto desarrumado criando coragem para levantar e ouvir as reclamações de minha mãe sobre responsabilidade. Como se não bastasse o sermão que eu ouviria dos meus superiores se eu não estivesse novo em folha no dia seguinte.

Finalmente levanto da cama e minha cabeça lateja fortemente diversas vezes até que eu me acostume com a nova posição e me xingo por ter mexido a cabeça rápido demais. Vou direto pro banheiro me apoiando nas paredes de madeira da casa. Meu estômago costumava ser forte pra bebida mas depois daquela coisa que Zayn me deu tudo foi por água abaixo.

Subitamente lembro de meus mais novos amigos que conheci na noite anterior e entendi o porque de Zayn frequentar tanto aquele lugar. Era escondido, não existiam responsabilidades e as pessoas que frequentavam o lugar eram ótimas companhias.

A imagem do garoto de cabelos cacheados, que eu acho que seu nome é Harry, vem a minha cabeça e lembro do que aconteceu no banheiro. De seus olhos verdes que pareciam ler minha alma e saber de todos os meus segredos. Não que fosse muito difícil adivinhar quais eles eram, como nazista eu tinha que lidar com muitas coisas extremas todos os dias e já tinha visto muito mais do que muitos garotos de 20 anos no mundo.

Desde que eu vesti o uniforme nazista, a quase um ano atrás, eu entendia as diferenças entre certo e errado, entre o bom e o mau e eu entendia muito bem do mau. Não acreditava que alguém pudesse ser totalmente bom ou ruim mas quando olhava nos olhos de quem meus líderes tanto odiavam conseguia entender o que eles queriam fazer, acabar com pessoas como eles, purificar a raça humana no mundo tudo e eu não só apoiava essa causa como também trabalhava em prol dela.

- Louis, existem outras cinco mulheres nessa casa e todas nós precisamos usar o banheiro tanto quanto você, então sai dai! - Minha irmã Felicite gritou batendo na porta do banheiro.

Bufei e destranquei a porta recebendo um olhar irritado de Fizzy que entrou no banheiro reclamando sobre eu deixar a tampa do vaso sanitário levantada.

Fui até a cozinha e minha mãe estava cozinhando alguma coisa que estava com um cheiro delicioso que fez meu estômago se contorcer de fome. Eu só esperava que pudesse comer a quantidade que queria sem colocar tudo pra fora depois.

- Bom dia, mãe! - Falei reunindo toda a animação que tinha em mim pra minha mãe não perceber que eu estava com ressaca.

- Bom dia, filho - Ela virou me dando um sorriso sem parar de mexer a colher na panela -, achei que você tivesse saído cedo.

Neguei com a cabeça e fui me sentar à mesa que tinha o jornal do dia na mesa e uma manchete sobre a guerra na capa, pra variar. Li rapidamente enquanto ouvia minha mãe conversando com Charlotte na cozinha. Como era domingo ela estava bem vestida porque tinha voltado da igreja junto com minhas outras irmãs e minha mãe. Como soldado, um de meus benefícios era que todos na casa me respeitavam e eu não tinha que acordar cedo no domingo pra colocar um terno e ir até a igreja.

Minha mãe colocou o almoço na mesa e chamou minhas outras irmãs para se juntarem a nós, enquanto comíamos todas conversavam sobre o colégio e Lottie e Fizzy conversavam sobre alguns garotos de suas classes.

- Quem é James perto do Harry? Aquele ali sim é um garoto maravilhoso! - Lottie protestou quase gritando.

- Harry Styles? Ele é estranho, quero dizer, ele não namora ninguém nem algo do tipo. - Fizzy argumentou levando o garfo na boca.

- Exatamente, essa é a melhor parte no dono daqueles olhos verdes maravilhosos.

Arregalei os olhos me dando conta de quem elas estavam falando. Óbvio que era Harry, então ele era do mesmo colégio que minhas irmãs e era o assunto da mesa no almoço.

- Louis, por que você está branco igual a um papel? - Fizzy perguntou e toda a atenção da mesa se voltou pra mim.

- Nada, só acho que conheço esse Harry. - Falei enquanto terminava de mastigar.

- Ele é bonito, não é? - Lottie perguntou quase se jogando em cima de mim sobre a mesa.

- Charlotte! - Minha mãe repreendeu-a - Não vê que seu irmão é um homem? Você não pode perguntar pra ele uma coisa dessas, menina.

- Calma mãe, foi só uma pergunta inocente. - Lottie deu de ombros.

O clima na mesa ficou tenso e eu fui pro meu mundinho voltando a pensar na noite anterior enquanto terminava minha refeição. Qual o meu problema? Por que aquelas drogas de olhos verdes não saiam da minha cabeça? E aquela boca que parecia ter sido desenhada...

- Chega! - Gritei comigo mesmo e voltei pro meu quarto batendo o pé. - Eu devo estar enlouquecendo, só isso.

Eu não podia pensar naquilo de jeito nenhum não podia pensar nele daquele jeito, aquilo era total e completamente errado e não era real. Isso. Era só a minha cabeça inventando coisas.

Peguei uma foto que eu tinha de meus pais comigo quando eu ainda era um bebê, eles estavam sorrindo na varanda de casa e meu pai ainda estava ali. Gostaria de dizer que meu pai foi um herói e morreu lutando bravamente na guerra mas a verdade era outra. Meu pai era um covarde, assim que soube que seria convocado para a guerra ele não se preparou, apenas quebrou ele mesmo uma de suas pernas impossibilitando sua ida ao campo de batalha. A ferida com o tempo infeccionou devido à falta de cuidados devidos e ele morreu numa cama de hospital devido ao seu medo.

Desde a morte de meu pai eu que tive que tomar conta da minha família e sustentar todos nós não era fácil então eu acabei virando um soldado e, devido a minha idade, não ia pro campo de batalha - o que deixava minha mãe bem calma.

Deixei a foto onde eu tinha achado-a e fui tomar um banho aproveitando que não tinha ninguém lá dentro pra me impedir. Fechei a porta e me apoiei na pia encarando meu reflexo no espelho, meu cabelo estava todo bagunçado e tinham olheiras enormes debaixo de meus olhos azuis com aparência cansada. Deus, eu estava realmente precisando descansar. Tirei minha roupa e liguei o chuveiro entrando debaixo da água quente, imerso em imagens da noite anterior que rondavam minha cabeça. Apesar de tudo foi uma noite bem divertida e eu não me importaria em repetir a dose, sem bebidas vindas de Zayn, óbvio.

Sai de baixo do chuveiro e fui me secar correndo pro meu quarto procurando uma roupa quente por causa do frio que estava dentro de casa. Coloquei uma calça cinza e uma blusa branca com uma bota e escutei minha mãe batendo na porta.

- Filho, você pode ir comprar umas coisas na rua pra mim por favor? Suas irmãs estão estudando e...

- Claro que eu vou mãe, não tinha nada em mente pra fazer agora de qualquer maneira - Ela sorriu pra mim -, só me de a lista do que você precisa e eu vou.

Ela foi até a cozinha fazer a lista e eu fui pegar um casaco quente porque se estava frio dentro de casa, do lado de fora estaria congelando. Como estava em outubro o clima estava adequado e dali a algumas semanas começaria a nevar, eu amava aquilo porque me lembrava que o final do ano estava chegando e consequentemente o natal e o meu aniversário. 21 anos, não acreditava que finalmente faria 21, mas o medo também estava tomando conta de mim porque ouvindo a conversa de meus generais eles disseram que eu tinha chances de ser mandado para o campo de batalha quando completasse essa idade. Eu tinha muito medo de deixar minha família, se algo acontecesse comigo não teria ninguém ali pra ajudar elas.

Sacudi a cabeça, me livrando daquele pensamento e fui até a cozinha pegar a lista que minha mãe estava preparando.

Love War | Larry Stylinson AUOnde histórias criam vida. Descubra agora