Como destruir as próprias férias

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POV. Natureba:

O que eu li:

"Prezada Shailene Diann Woodley, a nossa equipe deseja a você e a todos os seus colegas de trabalho um bom mês de descanso. Antes que possa usufruir desse privilégio, você foi cotada para uma entrevista e uma sessão de fotos para uma revista européia. Peço que embarque neste sábado para a Espanha. Todas as despesas serão pagas pela revista.

Bom trabalho e boas férias.

Obs: seu colega de trbalho Theo James também embarcará com você e participará dos já citados compromissos.

Att, Equipe de Produção"

O que eu entendi:

"Prezada escrava das humilhações públicas, depois de ver você sofrer em todos os níveis possíveis, resolvemos te dar um mês para se recuperar e voltar a sofrer novamente. Mas antes que você possa se ver livre de tudo isso, resolvemos estender a tortura e lhe obrigar a fazer uma coisa que você odeia: ser fútil em uma revista com muito Photoshop. Mas nem tudo é tão ruim assim, pelo menos você irá pra a Espanha e graça!

Obs: mas antes que você fique feliz, eu lhe informo que o objeto do se total desprezo, Theo James, irá também nessa viagem com você, para tornar tudo ainda mais insuportável.

Atenciosamente rindo da sua cara nesse momento, Equipe de Produção."

Olho para o teto pensando o que eu fiz em toda a minha vida que possa ter causado todo esse castigo.

Desde pequena eu gostava de atuar, e sempre consegui conciliar isso com a minha vida e os meus costumes nada convencionais. E como eu estava bem com os meus filmes independentes, recusava qualquer proposta que me levasse a assinar contratos que envolvesse papéis de grande sucesso, mas chegou o dia que eu levantei a caneta e assinei um. Achava que estava tudo bem, até conhecer Theo James, e depois descobrir que terei de conviver com ele por quatro anos seguidos. Isso é quase um casamento. Por quê? Por que casamentos se resumem em duas pessoas que se odeiam convivendo juntas por muito tempo.

Inclusive nas férias.

Ele é como um vaso de decoração, a única utilidade é ser bonito, fora isso é completamente vazio. Eu já tentei ajudá-lo, tentei me aproximar dele, tentei aproximar as pessoas dele e tentei até ajudá-lo a ser menos anti-social. Pensei até que se tratava de depressão, mas a verdade é que Theo sofre do grande distúrbio de grosseria. Nem é preciso se esforçar muito para ver a grande nuvem negra pairando sobre a sua cabeça desnecessariamente grande. 

Não é por ele ser excessivamente mal humorado e infeliz, que me faz ser excessivamente feliz 24hrs por dia. Eu sou uma pessoa completamente normal, e ao contrário do que ele pensa, eu não preciso de nenhuma erva para ser feliz. É claro que eu não esqueci de todas aquelas coisas que ele disse na frente de todo mundo, só estou esperando a hora certa pra executar a minha vingança maligna.

Mas sobre essas férias, vou tentar pensar pelo lado bom, vai ser só um pequeno final de semana com ele. Nós cumpriremos a nossa obrigação e não precisaremos mais olhar um para a cara do outro pelo resto do mês.

Arrumo as minhas malas com nada mais que o necessário e me preparo psicologicamente para o final de semana mais longo da minha vida.

(...)

- Com licença – empurro Theo enquanto tento colocar a minha mala no pequeno compartimento do avião acima de nossas poltronas.

- Não seja idiota Shailene, procure outro lugar – Theo me empurra novamente e tenta debilmente empurrar a sua bagagem no mesmo lugar que a minha, enquanto tentamos disputar o mesmo espaço.

- Por que você não põe a sua trouxa na outra gaveta? – ele ri debochado e eu sinto o meu rosto esquentar em pura fúria. Ele não me deixa outra escolha: coloco a mão em sua cara e tento empurrá-lo pra longe, enquanto guardo a minha bolsa, o que faz a sua mala cair acidentalmente na cabeça de uma senhora logo trás de nós.

 Opa

- Quantos anos vocês têm? – a senhora, muito chique por sinal, nos olha furiosa.

- É verdade, quantos anos você tem, Shailene? – antes que eu possa jogar a bolsa em sua cara, a comissária de vôo aparece.

- Com licença senhores, peço que vocês sentem. Estamos prestes a decolar – e é nessa hora que a fisionomia de Theo muda completamente.

- Oh, me desculpe. Não é fácil lidar com pessoas sem o mínimo de educação como a moça ao lado. O idiota aponta pra mim e se põe na minha frente, para ficar cara a cara com a aeromoça - Mas apesar desses contratempos, verificando melhor o ambiente, eu acho que vou pegar esse vôo mais vezes – Theo olha a mulher dos pés a cabeça e em seguida beija a sua mão, e ela ainda dá uma risadinha – reviro os olhos e sento em minha poltrona, tentando ignorar ao máximo as cantadas sem criatividade de Theo e ver ele exibir seus músculos do braço para a mulher. Procuro sem nenhum sucesso algum remédio que me faça dormir até esse pesadelo acabar, de preferência um remédio que me faça dormir o final de semana inteiro.



Finalmente Madrid! Essa cidade é espetacular no verão e eu não vejo a hora de conhecer tudo isso – sozinha, claro- . Ao chegar ao hotel, desfaço as minhas malas e tomo um banho. Finalmente posso descansar em meu quarto. Me jogo na cama enorme e confortável sinto o sono me invadir lentamente.

(...)

- Shai? Shai acorda. Não me faça lhe obrigar a sair dessa cama – escuto uma voz grave e bem familiar, mas ignoro. Dormir é muito melhor.

- Vamos Shai, você não me deixa outra escolha – sinto a cama se mexer e logo depois, dois braços rígidos e grandes envolvem a minha cintura. Humm acho que é o Theo, penso sonolenta.

- Agora eu entendo o porquê de você não querer levantar. Essa cama é realmente gostosa – Theo afasta o meu cabelo e pressiona os seus lábios na pele completamente arrepiada do meu pescoço. Ele ri baixinho e me abraça mais forte por trás, encostando seu peitoral nas minhas costas – Posso dormir um pouco aqui com você? – a sua voz baixa e rouca em meu ouvido me faz perder o controle. E ele não para a provocação, com a ponta dos dedos, percorre uma linha invisível por minhas coxas, e em seguida, levanta sem nenhuma pressa a camisa que eu estou usando para dormir.

E é nessa hora que o celular toca, me fazendo praticamente pular da cama com o barulho do despertador.

Acordo completamente suada e confusa. Mas que tipo de sonho idiota foi esse?

Férias com o filósofoOnde histórias criam vida. Descubra agora