Ciúmes?

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POV. Shai

- Por que nós não pegamos um taxi e vamos direto para o museu?

- Porque fazer tudo que um turista faz é bem mais emocionante. – avisto o grande ônibus vermelho de dois andares do outro lado da rua e ando saltitante até ele com Theo atrás de mim, que por incrível que pareça ainda não começou a reclamar.

- Um ônibus vermelho com dois andares... cadê a minha camisa florida e a câmera para completar o clichê? – Retiro o que eu disse antes. Sorte dele que apesar de tudo, eu estou com um ótimo humor.

-Tcharam! – tiro a câmera da bolsa e fotografo ele.

- Entrem logo, todos vocês! Nós estamos com pressa – uma mulher bem grande grita, e pelo tom da sua voz, todos os turistas resolvem obedecê-la.

- Eu vou sentar na ponta.

- Não vai, Shailene. Pelo jeito que você é louca, eu nem duvidaria se você caísse daqui de cima.

- Que desculpa ridícula para pegar o meu lugar. Eu vou ficar na ponta e já está decidido – nós ficamos em pé um de frente para o outro. É impossível conviver com alguém tão teimoso!

- Ei vocês dois! A excursão infantil é outra – a mulher nos olha furiosa – SENTEM AGORA! – olho para ele assustada e vou para o meu merecido lugar.

- Olha só Theo, encontramos alguém tão bem humorado quanto você - sussurro para ele apontando para a nossa guia grandalhona. Mas quando olho para ele, vejo que ele está distraído demais encarando uma mulher ao nosso lado – reviro os olhos e volto toda a minha atenção ao folheto turístico que recebemos.

- Oi, eu estava aqui te observando e eu não posso deixar de dizer uma coisa... – Theo puxa assunto com a mulher. Finjo estar lendo o folheto e olho disfarçadamente para o lado.

- Sabia que o corpo humano possui cerca de 65% de água? – Theo se aproxima mais dela – E eu estou com sede.

Que tipo de cantada idiota é essa?

Explodo em uma gargalhada e para o azar dele a mulher também tem a mesma reação.

- Algum problema aqui, amor? – o provável namorado da moça aparece e senta-se entre o Theo e ela. Ele o encara amassando o folheto em sua mão com tanta força que eu até sinto pena do papel.

Mordo o lábio para conter a risada. Tadinho do Theo.

Volto a fingir que estou lendo o folheto para a vergonha dele ser menor.

- O que eu falei de mais?

- Oi? – finjo que não é comigo.



Madrid é uma cidade encantadora, cada lugar no qual passamos não passou despercebido. Tudo em sua volta exala romance. É um lugar ótimo para se apaixonar e péssimo para ficar quanto se estar só. Pelo visto eu não sou a única a perceber isso, já que a maioria dos turistas no ônibus são casais. O clima frio só ajuda a compor toda essa energia.

Mas como nem tudo é tão perfeitamente completo, eu acho que consigo ser deslocada até nesse lugar. Sozinha em uma cidade completamente romântica. Essa foi uma péssima escolha, mas espera, eu não tive escolha.

Olho para o Theo que não parece tão animado como estava assim que saímos do hotel. Ele olha distraído para nenhum lugar específico, como se estivesse entediado, ou triste. Talvez esse romance todo ao nosso redor também tenha engolido a animação dele.

Talvez nós nem sejamos tão diferentes.

Com um pouco de receio, coloco a minha mão sobre a dele, em cima da sua perna, tentando dizer com esse gesto que não é só ele que se sente tão deslocado com toda essa situação, com tudo o que aconteceu durante esses dias. Ele me olha por um momento sem entender, mas em seguida envolve a minha mão com as suas e sorri olhando para elas.

Férias com o filósofoOnde histórias criam vida. Descubra agora