Desequilibrados

194 17 0
                                    

Pov. Theo

Falta menos de uma semana para o fim das férias e, consequentemente, o início da rotina caótica na qual nós já estamos tão acostumados. Então para me despedir desse mês, pensei em algo divertido tanto para mim quanto para a Shai, e também acabar com a saudade das pessoas que já não vimos há tanto tempo.

Pensei em convidar todos para a Espanha e fazer uma surpresa pra ela, já que toda essa distância e essa cultura que não somos acostumados, já está deixando Shai à beira e um ataque de nervos.

Isso mesmo, Shailene Diann Woodley à beira de um ataque de nervos.

(...)

- Agora só falta acrescentar um pouco de aipo no suco... – olho ela beber aquela coisa verde e em seguida cuspir tudo na minha frente – MAS ISSO TÁ HORRÍVEL!

Ela joga o copo na pia, que se parte em mil pedaços e sai reclamando com as mãos balançando sobre a cabeça.

(...)

Caminhamos na calçada em meio a uma multidão de pessoas apressadas.

- Nós estamos atrasados dez minutos. Provavelmente a peça já começou. – digo observando ela tentar passar por entre as pessoas impacientemente.

- Nesse ritmo nós só chegaremos na próxima rua amanhã. – sigo a Shai que se mete entre as pessoas que passam a reclamar xingamentos em espanhol, até que finalmente ela para na frente de um casal de velhinhos que andam devagar. Os lábios dela formam uma linha dura e impaciente, até que ela desiste e corre no meio da rua.

- Não se preocupe, eu vou garantir os nossos ingressos!

Tento alcançá-la, mas de longe eu só consigo ver os seus cabelos loiros e curtos dobrando a esquina. Insana.

(...)

- Não adianta, Shai. Você vai ter que comprar outra mala pra guardar todas essas bugigangas esquisitas que você comprou.

- Não são bugigangas esquisitas – Ela senta sobre a mala pequena e tenta empurrar as coisas que nem com mágica conseguiriam caber ali.

Pego uma escultura de uma coruja de ferro horrorosa que ela comprou. A coisa me encara como se fosse sugar a minha alma.

- isso é para a minha mãe. – Shai sorri.

- O que a sua mãe te  fez de tão terrível para merecer isso? – Os olhos vermelhos da coruja me dão calafrios.

Ela continua pulando em cima da mala até que escutamos um barulho de objeto sendo quebrado lá dentro.

- AAAAAAAAAH. EU DESISTO! E isso tudo é culpa das suas palavras negativas, Theodore! – Ela sai do quarto zangada como se o fato de as quinquilharias dela não caberem na mala fosse culpa minha.

(...)

Com as pernas sobre as minhas, beijo o pescoço de Shai sem conter a risada quando sinto os seus dedos ágeis no zíper da minha calça, indo direto ao ponto.

- Você está com pressa, meu amor? – acaricio e aperto o seu seio ainda por cima do tecido fino de sua blusa e sinto a risada dela no meu pescoço. Se me dissessem há um mês atrás que só o fato de ela olhar para mim dessa forma iria me deixar tão... "enrijecido",  eu com certeza não acreditaria.

Deixando qualquer pensamento de lado, agarro as suas pernas e faço ela sentar no meu colo. Shai me encara ao ponto de parecer raiva e se fricciona onde eu mais me sinto necessitado. Seguro a nuca dela pelos cabelos curtos e em resposta  Shai solta um gemido, mordendo o meu lábio com força em seguida.

- Isso se chama sexo com roupas. – ela me encara enquanto ainda vestida, passa o seu sexo sobre o meu.

- Eu nem imagino do que você é capaz de fazer quando tirar todas essas roupas. – digo percorrendo as mãos pelo seu corpo maravilhoso, tomando-o para mim na sala escura.

DALE A TU CUERPO ALEGRIA MACARENA

QUE A TU CUERPO ES PA' DARLE ALEGRIA Y COSAS BUENAS

DALE A TU CUERPO ALEGRIA, MACARENA

HEY MACARENA.

Levamos um susto com o barulho alto da música no quarto ao lado ao ponto de fazer tremer as paredes. Depois de um tempo parados olhando um para o outro sem entender absolutamente nada, Shai dá de ombros e me beija. Puxo o seu corpo para mais perto do meu e levanto a sua blusa.

- Aquela senhora vai colocar esse prédio a baixo – Shai fala com os lábios colados aos meus, se referindo ao barulho do quarto lado que só parece aumentar.

- Eu não faço ideia do porquê de ninguém ainda não ter interrompido.

- UHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHU! É ISSO AÍ VALOMIRO! STRIKE! – Uma pancada forte atinge a parede do meu quarto, como se fosse uma bola de boliche. E aquela linha rígida na boca da Shai reaparece.

- Shai você não...

Ela levanta, sai marchando furiosa até o quarto ao lado e bate com força na porta da nossa vizinha. Usando orelhas de coelhinha, a senhora tarada que deu em cima de mim há alguns dias, abre a porta e encara Shai com desprezo.

- Olha só... a magrela maluca e o garotão burro que escolheu ela a mim. - Ela olha a Shai dos pés à cabeça e vira o rosto.

- Minha senhora, por favor já são duas horas da manhã. Será que a senhora poderia diminuir esse som e parar de jogar bolas de boliche na nossa parede? Eu sei que a senhora só quer se divertir e eu também! EU SÓ QUERO FAZER SEXO A NOITE TODA, MAS A SENHORA ESTÁ ATRAPALHANDO! SERÁ QUE NINGUÉM PODE SER FELIZ NESSE HOTEL?

- Shai... Vamos voltar.

A senhora abre a porta e cerca de 50 pessoas nos encaram boquiabertas. Por um segundo a Shai congela, mas como eu bem sei, ela não tem vergonha de nada.

- MAS QUE MALUQUICE É ESSA? COMO ALGUÉM DÁ UMA FESTA COM ESSE MONTE DE GENTE? A SENHORA É MALUCA? ISSO NÃO É UMA BOATE.

- EU NÃO TENHO CULPA SE VOCÊ NÃO SABE SE DIVERTIR. SUA MAGRELA CAFONA!

O lábio da Shai treme em pura raiva e antes que ela fale alguma bobagem, eu agarro a suas pernas e carrego ela nas costas contra a sua própria vontade.

- Me solta, Theo! - Ela tenta resistir balançando as pernas, até que cansa e começa a choramingar – Eu preciso da minha casa. Eu sinto que eu já estou enlouquecendo.

- Queridinho, não esqueça que eu ainda vou estar aqui te esperando! – A velhinha maluca diz antes que eu feche a porta e entre em meu quarto com a Shai.


Eu não posso dizer que também estou no meu estado normal. Nós precisamos voltar para a nossas casas, ou a nossas casas precisarão vir até nós.

Escutando o celular chamar, espero até pessoa do outro lado da linha atende.

- Oi, eu preciso que você faça algo, mas a Shai não pode saber.

Férias com o filósofoOnde histórias criam vida. Descubra agora