Chuvosa

Parque

As aulas começaram em uma quinta-feira, então passou rápido os dois dias de aula até chegar o fim de semana. Perguntei aos meus pais das aulas de violão, que na verdade eu já sabia tocar, eu só queria saber músicas novas e eles deixaram. Enfim, é sábado e o sol lindo lá fora, acho que vou sair hoje. É uma hora da tarde só.
- Mãe!
Chamo enquanto desço as escadas.
- Sim?
Diz ela deitada no sofá.
- Vou sair.
- Aonde vai?
Sorrio.
- Ao parque!
- Ok, pode ir... Mas antes pegue o dinheiro em cima da mesa, compre o que quiser, pois recebi hoje e estou de bom humor.
Começo a rir por causa do tom de sono que ela usou na voz.
- Até depois e obrigada.
Pego o dinheiro, meu celular, meu livro e meu caderno de desenho com um lápis. Saio e pego o metrô pra chegar até lá mais rápido.
O parque está tão bonito, o vento está fresco e há tantas pessoas sorrindo ao meu redor. Coloco os fones e fico andando distraída. De repente vejo Bia lá do outro lado com um garoto. Espera, um garoto? Como assim? Me aproximo devagar.
- Clair!
Fala ela calmamente ao me ver.
- Oi, o que faz aqui?
O garoto abaixa os olhos depois que eu pergunto. Já o vi antes.
- Estou aqui com..... Ahh quase esqueci de apresentar! Gabe está é Clair, Clair este é Gabe.
- Prazer.
Fala ele meio tímido.
- O prazer é todo meu!
Respondo alegre. Ficamos em silêncio.
- Eu e Gabe Temos que ir... Nós vamos ao teat....
- Tudo bem... Se cuidem.
- Pode deixar.
Fala ela o puxando para o outro lado do parque.
- Tchau!
- Tchau...
Estranho, bem estranho eu diria. Meu celular está tocando.
- Alô?
- Clair, onde você está?
É a Sam falando, quase gritando.
- No parque por que?
- Ficou sabendo que Bia tem namorado?
Sorriu ao lembrar de vê-los.
- Na verdade a vi com um garoto agora e ela ficou tímida e saio antes de falar isso.
Sam caí na gargalhada.
- Não acredito!
- No que?
- Você está no parque?
- Sim.
- Deixa pra lá... Tenho que ir... Te amo.
- Te amo... Tchau.
Desligo e sorriu ao relembrar a conversa estranha que acabei de ter. Fico meio distraída pensando em Sam... De repente Esbarro com um garoto de olhos castanho bem claro.
- Desculpa... Eu não.... O vi!
Falo, nunca vi olhos tão bonitos penso comigo mesma.
- Tudo bem, pelo menos não derrubei você no chão.
Ai eu percebo que ele está segurando minha mão porquê eu quase caí feio. Ele é tão bonito, alto, cabelo loiro escuro, pele morena e sorriso cativante.
- Pois é... Obrigado aliás, por me segurar.
Falo soltando sua mão suavemente.
Não sei mais o que dizer. Espera eu o conheço, ele estuda na minha escola. Droga, ele é popular! Não gosto de encostar em pessoas populares, muito menos falar com elas. Mas ele tinha pegado minha mão e estava falando comigo!
- Clarice não é?
Fala ele franzindo a testa, pensativo.
- Sim e você é o Noah?
- Eu mesmo.
Sim, claro! Ele é da minha sala. Noah faz parte dos populares maiorais da escola. Por quê ele estava falando comigo?
- Ah sim, conheço você.
Tento sorrir de forma mais amigável possível.
Ele me encara, sorri também e finalmente fala:
- Foi bom te ver Clair. Espero a ver de novo.
Concordo com a cabeça e coro. Ele saí correndo, mas no meio da corrida olha pra trás e acena e então me viro.
Por quê eu corei? Por quê ele falou comigo? Por quê? Afasto esses meus porquês e me sento em um banco ali perto. Pego meu lápis e começo a desenhar uma menina deitada, no celular e com o seu gato. Até parece eu no desenho! Aumento o volume da música, quero esquecer o que acabou de acontecer.

Estou andando no centro, entro em algumas lojas. Comprei um colar, um livro e um sorvete de balnilha com maracujá. Estou exausta então pego o metrô e tento não dormir no banco.
Chego em casa, me jogo em minha cama e durmo como nunca. Antes de pegar no sono peço que eu tenha um sonho bom. Meus olhos se fecham e tudo some.