Capítulo 6

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Me agarrei ao taco com tanta força que já nem sabia se os meus dedos ainda se moviam. A pessoa abriu a porta e eu gritei com tanta força que eu senti que meus pulmões iam estourar. O pânico não te deixa pensar em nada, acredite.

O homem se aproximou de mim e tapou minha boca arrancando o taco da minha mão. Eu lutei, mas foi em vão ele era bem mais forte do que eu.

- Shiu, fica calada se não eles vão nos achar - a voz era calma. Eu continuava tentando gritar ou me soltar, então eu fiz o que pude e mordi a mão dele, o mais forte que pude, já que não tava conseguindo chutar ele. Ele me soltou e esprimiu um "ai" doloroso. Eu corri até a porta mas foi em vão porque ele me pegou de novo. E dessa vez me jogou na cama, colocando a outra mão mais firme na minha boca me impedindo de morder e de gritar. Meus olhos estavam fechados com tanta força que estava me causando dor. Eu estava suando frio.

- Por favor para com isso - ele sussurrou e eu escutei o mesmo barulho que tinha escutado agora a pouco, só que mais intenso.

- Droga, pensei que tava adiantado - sussurrou me levantando e me puxando pra fora do quarto. Ele estava procurando o cômodo mais distante do meu quarto e estava indo em direção ao quarto da minha mãe. Finalmente pude perceber como ele é na luz do corredor. Tem porte atlético mas não era tão forte quanto eu pensei, e era só isso que eu tinha, pois ele estava com um moletom cinza e com o capuz na cabeça. Parecia ter 20 anos. De costas correndo e me puxando não dava pra observar muito. Eu diria isso pra polícia quando tudo acabasse. Se, tudo acabasse.

Ele abriu a porta do quarto da minha mãe e me puxou pra dentro, fechando-a em seguida. O quarto da minha mãe também estava iluminado com a luz da varanda e ele me puxou pra dentro do closet.

A escuridão engolia o local e ficou pior quando ele fechou a porta. Eu não via nada e senti a mão dele na minha, pensei em gritar, mas estava com medo das outras pessoas que estavam subindo, não sei como, a minha varanda. Talvez ele estivesse fugindo da polícia. Me preparei pra gritar quando ele tapou minha boca de novo, dessa vez com a outra mão. Ele foi se afastando para o lado até sentir as roupas da minha mãe nos cabides. Podia apostar que era os vestidos dela. Ele me levou até o meio dos vestidos e nos cobriu com eles. Sim ele ainda estava tapando a minha boca. Sim meu coração ainda está a mil.

- Senta - ele me mandou sussurrando em um tom bem calmo e eu fui me abaixando junto com ele. Estavamos muito próximos e pelo visto ele estava de frente pra mim. Eu escutei som da sua respiração meio acelerada e logo após vários passos se aproximando.

- Escuta - ele sussurrou perto do meu ouvido - esses caras são do mau, e confia em mim, você não vai querer conhecer nenhum deles então, preciso que confie em mim e fique calada entendeu? - eu não sabia o que pensar mas assenti. As lágrimas começaram a cair sem que eu percebesse. Ele envolveu o outro braço ao meu redor em um abraço. Não estava entendendo nada.

- Vai ficar tudo bem, eu prometo. Mas se for preciso, eu quero que corra - ele disse em uma voz suave. A porta do quarto foi escancarada em seguida. E eu senti o garoto tampar mais minha boca. Tinha vários vestidos em cima de nós, a polícia nos encontraria se procurasse bem, mas por algum motivo eu confiei nele e fiquei calada; medo de não ser a polícia talvez. Ele pegou um vestido longo bufante, que minha mãe usou na formatura dela, conheço pelo volume. Nos cobriu com o forro que caia até o chão.

A porta do closet foi aberta e em seguida a luz invadiu o local. Não dava pra ver quem estava lá, por conta dos vestidos a nossa frente e do vestido que estavamos dentro. Alguém estava mexendo nos cabides com brutalidade.

- Não esquece de não causar nenhum dano Albert - uma voz masculina grossa soou vindo de perto do closet. O garoto que tapava minha boca controlava a respiração e eu lutava pra fazer o mesmo - não podem saber que a casa deles foram invadidas. Vai ser bem mais difícil executar nosso plano. Tem certeza que a garota está na casa? - os cabides eram remexidos com mais cuidado e ele já estava se aproximando do local que estavamos quando outra voz masculina falou.

- Chefe, a família chegou - arregalei os olhos; não, isso não pode estar acontecendo.

- Desçam pela varanda, rápido. Albert arrume o local e corra - o chefe falou meio desesperado.

Ouvi o som dos cabides, em seguida a luz sendo desligada e a porta do closet sendo fechada. Ouvi a porta do quarto e alguns passos apressados. O quarto ficou silêncio, e o garoto que estava comigo soltou minha boca.

- Não grita - ele alertou e eu assenti mesmo sem ele poder ver - eles já foram. Não se preocupe tá tudo bem. Preciso que me escute.

- Quem é você ? - falei com a voz fraca. Nem sei como consegui falar.

- Preciso que me escute - ele colocou a mão na minha bochecha e passou o polegar acariciando. Eu senti seu toque, e foi estranho, acolhedor talvez.

- Você não pode chamar a polícia, não pode contar aos seus pais - dessa vez não senti vontade de corrigi-lo sobre Crag - se não você e toda a sua família vai correr perigo - o tom dele não era ameaçador.

- O que tá acontecendo ? - perguntei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

- Preciso que faça isso - ele colou sua testa na minha - por favor - ele sussurrou.

- Por que eu deveria fazer isso? - perguntei.

- Sua família pode morrer por isso, e nem a polícia vai ser capaz de ajudar - ele continuou sussurrando, só que dessa vez mais rápido - preciso que me prometa - ele continuou com a testa colada na minha. Eu assenti e acho que ele estava esperando que eu me desgrudasse e saisse. Continuei onde estava.

- Quem é você ? - perguntei e não obtive resposta - Quem é você ? - perguntei novamente.

- O seu anjo da guarda em outra versão - ele respondeu em um tom sarcártisco. E eu soube que ele não iria me responder tão fácil.

- Quando eu vou te ver ? - perguntei.

- Helena - escutei Augusta me chamar.

- Talvez um dia - ele respondeu e depositou um beijo na minha testa - Você precisa ir - ele sussurrou por fim e eu me levantei. Abri a porta e sai do closet. Em seguida, sai do quarto e encontrei Augusta na frente do meu quarto.

- Menina! Onde você tava? Por que não me respondeu? Graças a Deus, pensei que tivesse fugido ou algo do tipo, não te vi no seu quarto e nem lá em baixo - ela me deu um abraço e sem me controlar eu começei a chorar.

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Capítulo tenso pra nossa Helena não acham?

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