Capítulo 18

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Scarlet ficou ali parada, sem acreditar, observando como o velho homem segurava o Escudo de

vampiros bem acima da cabeça, o chão debaixo dela tremia. Ela viu quando ele se transformou, ficou

mais jovem, mais forte. Raios de luz continuaram a sair do Escudo, preenchendo completamente o

local, os outros vampiros continuavam a se curvar para baixo, no solo, protegendo seus olhos da luz

intensa. Ela também teve que se virar, de tanta luz que encheu a sala. Ao lado dela, Ruth gemia.

Ela conseguiu espreitar um olhar e, ao fazê-lo, ficou confusa com o que via: sombras, depois

formas, pareciam sair Escudo. No início, ela pensou que talvez seus olhos estivessem pregando uma

peça nela, mas, quando ela olhou de perto, percebeu que não estavam. Parecia que os espíritos

estavam voando para fora do Escudo, formando-se na luz. No início, eles tomaram a forma nebulosa

de sombras; mas, em seguida, eles solidificaram, se transformaram em formas. E, dentro de

momentos, estas formas viraram em pessoas.

Vampiros.

Scarlet ficou ainda mais surpresa ao ver que se tratava de vampiros que ela reconhecia de outras

épocas. Um deles tinha um rosto que ela jamais esqueceria: era enorme e careca, com um olho e uma

grande cicatriz em seu rosto. Kyle. Ela pensou que ele estava morto de verdade e ficou apavorada ao

vê-lo sair da luz.

Dentro de instantes, ele estava ali, de volta, vivo. Parecia mais feroz que nunca, mais cheio de

raiva do que Scarlet já o tinha visto, como se ele tivesse acabado de ser solto de uma gaiola.

Atrás dele, mais sombras surgiram. Havia outro vampiro que ela reconheceu, formando-se das

sombras: era o homem que ela tinha visto na Escócia, o que eles tinham chamado Rynd. Aquele que

tinha matado Polly.

Dezenas e dezenas vampiros malignos e de criaturas iam surgindo, cada um mais hediondo que o

outro. Parecia que o Escudo era um portal, desencadeando um exército de demônios.

Logo, os túneis estreitos do aqueduto foram se enchendo de criaturas, gritando, berrando. A cena

tornou-se caótica, Scarlet temia por sua vida. Ela sabia que, agora que ela havia guiado todos eles

para lá, eles não teriam mais utilidade para ela, e iriam matá-la. Ela sabia que tinha que fazer algo

rapidamente ou, em alguns momentos, ela estaria morta. Agora era sua chance.

Scarlet procurou pelos túneis, frenética por qualquer meio de escape. Ela percebeu que, com

todo o caos, os vampiros estavam distraídos. Ela ainda estava algemada, mas, pelo menos, os

guardas tinham parado de prestar atenção a ela – por enquanto.

Scarlet viu sua chance. Ela virou-se e cutucou Ruth com o pé; Ruth, ainda sentada lealmente ao

seu lado, parecia entender, pegou seu sinal.

Scarlet balançou a cabeça e, ao mesmo tempo, as duas se viraram e saíram correndo, fugindo da

multidão, de volta a subir os degraus, de volta até a rua estreita. Elas correram de volta lance após

lance de escadas, Scarlet disparava desajeitadamente com seus pulsos acorrentados em frente a ela.

Ela olhou por cima do ombro, mas não viu ninguém vindo em sua direção. Eles estavam todos ainda

olhando para o Escudo, ainda hipnotizados.

Não foi até que ela tivesse se aproximado da primeira divisão de etapas, até ela ver a porta a sua

frente, que Scarlet ouviu gritos. Ela se virou e viu os vampiros apontando em sua direção, em

seguida, viu todos eles, de repente, decolarem, prontos para ataca-la.

Scarlet duplicou sua velocidade, assim como Ruth e elas dispararam para fora do aqueduto. Ela

estava tão grata por estar ao ar fresco, fora do subsolo e ela correia o mais rápido que ela conseguia,

esperando que poder despista-los. Ela sabia que não estava muito na frente, mas, mesmo assim, ela

correu, virando cada viela que lhe aparecia, rezando para que ela não encontrasse beco sem saída.

Ruth corria ao seu lado, seguindo-a de perto.

Scarlet dobrou uma rua e, ao fazê-lo, seu coração parou.

Um beco sem saída.

Scarlet já podia ouvir os estrondos e sabia que, não muito atrás, os vampiros a perseguiam. Ela

sabia que, em alguns momentos, ela estaria morta. Ela não se importava mais com ela mesma, mas se

importava loucamente com sua mãe. Ela só queria vê-la uma última vez. Avisá-la. Explicar que não

era culpa dela. E pedir perdão.

Quando Scarlet viu uma figura voar baixo do céu, à direita, em direção a ela, ela sabia que o fim

havia chegado. Ela se preparou, e apenas desejava que ela não tivesse que morrer dessa maneira

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