Capítulo 32

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Enquanto Caitlin voava para longe do Monte das Oliveiras, com Scarlet de costas, segurando

Ruth, seu coração estava quebrando em mil pedaços. Ela estava tão sobrecarregada, mal sabia o que

pensar. Lá em baixo, ela estava deixando Caleb, seu marido, morto. Blake, morto. Aiden, morto. E

seu irmão, Sam, sozinho para lutar contra aquele exército. Ele tinha finalmente voltado para ela, se

tornado o irmão que ela conhecia. Como seu coração tinha disparado ao vê-lo voltar a si mesmo. E

abandoná-lo agora, daquele jeito – depois que ela havia jurado nunca mais abandonar ninguém de

novo, foi o mais doloroso de todos.

Mas, ao mesmo tempo, a permanência dele lá, lutando contra o exército, lhe permitiu fugir, para

procurar seu pai, quem, Aiden tinha dito o tempo todo, era a sua última esperança de salvação. Ainda

assim, apesar de tudo, ela queria que Sam, o último rosto familiar no mundo, pudesse se juntar a ela,

pudesse ir com ela para encontrar seu pai juntos.

Caitlin recordou as palavras de Aiden, séculos atrás: ela era a escolhida. Encontrar seu pai era o

seu destino e apenas seu destino. Sam tinha um destino diferente. Ele era mais forte, mas ele não era

a pessoa especial. Seu destino era protegê-la.

Foi difícil para Caitlin aceitar. Ele era seu irmão e ela o amava, apesar de tudo o que tinha

acontecido entre eles. Foi difícil para ela aceitar que ela era mais especial do que ele. Mas ela sabia

que não era para ser assim. Pela milionésima vez, perguntou-se como o destino trabalhava, se

perguntou por que o destino tinha de tomar as voltas e reviravoltas que ele tomou.

Ela também perguntou por que ele tinha que tomar seu marido. Seu coração ainda estava

quebrado e uma parte dela queria voar para lá, para verificar mais uma vez o pulso de Caleb, para

ver se, talvez, por algum acaso, ele ainda estava vivo.

Mas ela sabia que não. Ela o tinha segurado, tinha olhado nos seus olhos. Ela chorou enquanto

voava, sabendo que ele estava morto mesmo e que ele nunca voltaria para ela. Atrás dela, segurando

em suas costas, ela podia sentir Scarlet chorando também.

Desde que elas haviam deixado o Monte das Oliveiras, Caitlin sabia que havia apenas um lugar

para onde ir. Com Aiden morto, seu clã morto, Caleb morto, Blake, morto – até mesmo sem Sam – só

havia uma coisa que podia fazer: encontrar seu pai. Talvez, apenas talvez, se ela o encontrasse, se

ela encontrasse o escudo, ela poderia, de alguma forma ajudar os outros. Talvez salvar Sam. Talvez,

até mesmo trazer de volta Caleb.

E a única pessoa que sabia que poderia levar a seu pai, a pista que tinha, era Jesus.

Seu guia irá aparecer no portão Oriental.

Ela voou para longe do Monte das Oliveiras, determinada a encontrar Jesus, onde quer que ele

estivesse. Para libertá-lo dos romanos. Para perguntar-lhe onde seu pai estava. Onde o escudo

estava. E talvez, até mesmo, pedir-lhe para trazer todos de volta.

De repente, o céu acima dela escureceu, ficou cheio de nuvens negras, de tempestade, como se

para combinar com seu estado de espírito. Foi surreal: apenas momentos antes, estava um dia claro,

não havia uma nuvem sequer no céu e agora, no horizonte, apareceram as mais grossas, mais negras

nuvens que Caitlin já tinha visto. Pareciam divinas. Parecia que o fim do mundo havia chegado.

Um único raio de luz irrompeu através de um buraco nas nuvens e ele brilhou para baixo, para um

lugar singular. O raio de luz pousou sobre uma pequena colina, com vista para Jerusalém, não muito

longe da cidade. E iluminou uma pessoa – e apenas uma pessoa.

Caitlin não precisava olhar. Ela sabia quem era. Um choque elétrico percorreu seu sistema,

levando-a até lá como um ímã.

Lá, sozinho, no topo da colina, estava Jesus.

Era como se uma lanterna do céu estivesse brilhando sobre ele. E, para o horror de Caitlin, ela

viu que ele estava crucificado. Ele estava sozinho no topo da colina, crucificado em uma cruz

enorme. Cavilhas atravessavam suas mãos e tornozelos e ele estava pendurado na cruz, torto, sob o

raio de luz.

Caitlin sentiu seu coração apertar. Ela tinha estava atrasada demais. Ele já estava morto?

Ela desceu, voando até o topo da colina. Ele era o único ali, as multidões se dissiparam há muito

tempo. Ela caiu bem diante dele, descendo Scarlet e Ruth, bem na frente de sua enorme cruz, e olhou

para ele.

Havia uma energia tão intensa que emanava dele, quando ela olhava para ele, era como olhar

para a luz do sol. Momentaneamente, a cegava e ela precisou protegeu os olhos. Mas, depois, seus

olhos se adaptaram e ela olhava para ele de perto, pensando, torcendo, para que ele estivesse vivo.

Ela viu um pequeno lampejo de seus olhos, então o viu levantar a cabeça. Ele olhou para ela, e,

apesar da agonia horrível que ele devia estar sentindo, ela viu um olhar sereno em seu rosto.

Caitlin, de repente, sentiu se encher com um calor e uma paz diferente de qualquer outra que ela

já havia conhecido. Ela preenchia todo seu corpo e ela sentiu um formigamento. Não entendia o que

estava acontecendo com ela; era como se um interruptor tivesse sido ligado, um que nunca poderia

ser desligado. Sentia um sentimento de pertencer a algo. De estar em casa.

E foi então que aconteceu.

Quando ela olhou para ele, para os quatro cantos da cruz, de repente, ela ficou surpresos com a

revelação: quando olhou de perto, percebeu quatro grandes cadeados. Um em cada canto. Cada um

segurando as cavilhas de Jesus no lugar. Ela examinou cada fechadura, e viu que cada uma continha

um buraco de fechadura.

No mesmo momento, as quatro chaves em seu bolso vibraram, praticamente queimando um

buraco nele. Uma emoção elétrica a percorreu e, de repente, tudo ficou claro. Todos os enigmas,

todas as pistas, todos os sonhos, todas as chaves. Todas as igrejas, todas as abadias, todos os

mosteiros.

As quatro chaves. Os quatro cadeados.

Ela ficou sem palavras. Ela mal tinha forças para respirar.

E, antes que Jesus dissesse as próximas palavras, ela já sabia o que ele ia dizer:

"Minha filha."

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