Scarlet percorria as estreitas ruas de Jerusalém junto com Ruth, sentindo-se diferente de tudo que
ela já havia sentido. Tinha a sensação de que algo dentro dela havia sido desencadeado, algo que ela
não conhecia e que não conseguia conter. Sentia-se mais animal do que humana. Estava andando sem
rumo, à procura de sua próxima vítima, ela nem mesmo confiar em si mesma.
O gosto e o cheiro de sangue estavam em todos os poros de Scarlet. Sua primeira morte havia
sido indescritível, algo além do que ela poderia ter imaginado. A sensação do sangue do homem
enchendo suas veias fez alguma coisa com ela, algo que ela não conseguia explicar: ela se sentiu
sendo preenchida com poder e força ao mesmo tempo. Era como renascer.
Mas aquilo também havia aguçado seu apetite. Um interruptor havia sido ativado em seu interior,
a fez perceber o quão bom ela poderia se sentir – e ela exigia mais. Agora, ela percorria as ruas
descontroladamente, observando as gargantas das pessoas mais de perto, vendo o pulsar do seu
batimento cardíaco. Ela sentia um incômodo dentro de suas veias, uma sede de mais vítimas.
Sentia também um novo sentimento de raiva, de direito, que ela nunca tinha sentido antes. E de
destemor. Ela virou em outra travessa, lotada de gente e, desta vez, ela deixou de se disfarçar, de se
esconder. Ao invés disso, ela caminhou orgulhosamente diretamente para o centro. E, quando as
pessoas ficavam perto demais dela, ela simplesmente usava seus ombros para empurrá-los e tirá-los
do seu caminho.
"Ei menina, cuidado!" um homem gritou.
Scarlet se virou e sorriu para ele, sentindo suas presas crescendo, os olhos vermelhos e
brilhantes e ouviu o som gutural que ela mesma fez. Viu horror e medo no rosto do homem e o
assistiu quando ele, rapidamente, se virou e saiu correndo. Ela sabia que, agora, ela era uma coisa a
temer.
Scarlet ouviu Ruth rosnar ao lado dela, ela sentia um parentesco com Ruth mais do que nunca.
Podia sentir Ruth pegando sua raiva, compartilhando-a. As duas eram como uma bomba-relógio,
prestes a explodir.
Scarlet avistou o vendedor, que ela tinha visto antes, aquele com uma enorme prateleira de carne.
Desta vez, ela estava determinada a arranjar comida para Ruth.
O vendedor a viu chegando e foi para frente de seu estande. Ele estendeu as mãos e começou a
assobiar como um louco. Era um assobio agudo e alto, cortando o som da multidão.
"Guardas! GUARDAS! ", Ele gritou.
Mas Scarlet não se de teu. Ela caminhou até ele.
"Você vai para a prisão desta vez, senhorita", ele repreendeu. "Você acha que pode roubar
comida de outra pessoa? Agora você vai pagar por isso. Pare bem aí! "
O homem, grande e corpulento, se abaixou para pegar Scarlet, ela sentiu suas mãos em seu braço.
Ele era forte, mais forte do que ela tinha imaginado, a antiga Scarlet teria fugido de medo.
Mas, agora, ela não sentia medo. Pelo contrário, ela queria isso mesmo, estava se divertindo.
Com uma incrível facilidade que ele jamais poderia ter imaginado, ela torceu o seu grande braço,
dobrou seu cotovelo e o levou até suas costas, quebrando seu braço pela metade. O homem urrou de
dor.
Ela então o segurou pela parte de trás de sua camisa e o arremessou no meio da multidão. O
homem era enorme, pesava bem mais de 300 quilos, mas saiu voando pelo ar como se fosse um
brinquedo de criança e foi quicando nas barracas, derrubando dezenas de carroças. As pessoas
gritavam de medo e confusão e a multidão recuou, bem longe de Scarlet. Eles mantiveram um
perímetro seguro e a observavam perplexos.
Scarlet, de repente, ouviu um assobio agudo e, ao se virar, viu dezenas de soldados romanos
marchando em direção a ela vindo de um lado. Ela ouviu outro assobio e, do outro lado, mais
dezenas de outros soldados também vinham marchando em sua direção.
Mas, novamente, Scarlet não estava medo. Pelo contrário, ela estava ansiosa para uma batalha,
de ter uma válvula de escape para desaguar todo o seu desejo insaciável por violência. Ela não quis
esperar pela abordagem dele, ao invés disso, ela foi atacá-los. Eles trotavam em direção a ela,
empunhando suas espadas e segurando seus Escudos, mas ela corria até eles na velocidade da luz.
Scarlet saltou no ar e plantaram seus dois pés no peito do líder dos soldados, chutando-o com
tanta força que ele saiu voando para trás, derrubando uma dúzia de outros soldados como se fosse
dominó.
Os outros soldados saltaram sobre Scarlet por trás, derrubando-a no chão. Mas, sem qualquer
esforço, ela apenas deu um pulo e jogou seus braços para trás, mandando-os todos pelos ares. Eles se
chocaram contra as paredes e desabaram no chão.
Os soldados restantes a olharam, imóveis, e ela podia ver o terror em seus olhos. Três deles
sacaram suas espadas e foram atacá-la.
Mas, do ponto de vista de Scarlet, era como se eles estivessem se movendo em câmera lenta. Ela
se abaixou e se esquivou, suas espadas balançavam inofensivamente. Ela pegou um de seus escudos
e, em seguida, virou-se para bateu na cabeça de um e, depois, pegou impulso e o jogou como se ele
fosse um Frisbee, batendo outro no peito e mandando o para o chão.
Ruth veio, pronta para atacar junto com ela, ela saltou no ar e se lançou sobre o peito do terceiro
soldado, derrubando-o antes que ele pudesse manejar a espada.
Scarlet olhou para baixo e viu as dezenas de soldados esparramados a sua volta, ela se sentiu
mais invencível do que nunca.
Foi ai que ela sentiu. De repente, por trás dela, ela sentiu uma rede ser arremessada, envolvendo
ela e Ruth. Ela tentou arrancá-la, mas, quando encostou na rede, sentiu-se inexplicavelmente fraca. O
material era tão frio, tinha uma sensação estranha ao toque. E era tão pesado.
Foi quando ela percebeu: a rede era de prata. E, quando ela tocou seu corpo, sugou sua força e
seu poder. Isso a deixou fraca, impotente, como qualquer outro ser humano.
Ela sentiu os corpos dos soldados restantes atacando-a, prendendo-a no chão.
E, a última coisa que viu, quando ela virou seu pescoço, era rosto furioso de um soldado
romano, pronto para lhe dar um soco, bem na sua bochecha.
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Encontrada
VampiriCaitlin e Caleb despertam na Israel antiga, no ano 33 D.C., e ficam surpresos ao ver que estão na época de Cristo. A Israel antiga é um local de lugares sagrados, sinagogas antigas e relíquias perdidas. É o lugar mais espiritualmente carregado do un...