CAPÍTULO 7

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Quando escuto a palavra sangue, minha garganta fica seca e coloco minha mão no pescoço como se estivesse perdendo o ar. Scott se abaixa e me olha profundamente, era um olhar totalmente preocupado.

- Eu já volto, não sai daqui, e não fala com absolutamente ninguém - diz muito serio e se levanta saindo pela porta dos fundos da cozinha. Fico um tempo tentando me controlar. Minha gengiva começa a doer e começo a ter uma dor de dente insuportável.

Escuto passos vindo em minha direção, e ainda sinto meus olhos vermelhos.

- Nossa, olha quem veio pra festa - disse uma voz enjoada atrás de mim - Seu namoradinho já a abandonou? - solta um risinho sínico. Eu estou de costas para ela, o que era uma coisa boa, pois assim ela não veria meu estado deplorável. Mas agora que eu ouvi a voz dela, acho que não faz diferença eu estar de costas. Senti ela se aproximar mais. Eu não estou conseguindo mais me controlar. Então meu controle foi por água a baixo quando ela resolveu tentar me encostar. Levantei com tudo, derrubando até a cadeira em que eu estava sentada. Olhei para ela. Anastácia me olhou assustada, e deu um passo para trás.

- O que...o que você é? - gaguejou. Eu não consegui responder, foi ai que eu senti um cheiro maravilhoso junto com uma pulsação. Meus olhos desviaram do rosto de Anastácia, parando em seu pescoço, onde percebi uma pequena veia pulsando nele. Por um momento já podia sentir o gosto do liquido morno passando pela minha garganta. Ela estava com muito medo e seu coração estava disparado. Passei a língua nos lábios e percebi algo diferente. Agora eu tinha presas. Notei também que estava indo na direção de Anastácia, ela não tinha saída, mas algo impediu minha aproximação. Scott segurou ela pelos braços e olhou profundamente em seus olhos.

- Saia daqui, e esqueça tudo o que viu - disse Scott usando sua compulsão, assim como fez com a secretária da escola para que pudesse estudar lá. Ela saiu e Scott se virou pra mim me olhando seriamente. Ele estava com um copo na mão e me entregou.

- Toma tudo - disse.

Peguei o copo de sua mão e observei um liquido escuro e grosso dentro. O cheiro era incrível. Virei um pouco o copo, molhando meus lábios. Assim que uma gota entrou, virei o copo inteiro sentindo o gosto indescritível. Tomei tudo que até amassei o copo e o joguei no chão. Percebo minhas presas diminuindo e voltando ao normal. E a tontura passa e a dor também. Scott me olha.

- Está melhor? - pergunta.

- Estou ótima - falo sorrindo - O que era aquilo? - aponto para o copo amassado.

- Sangue

Meu sorriso some completamente.

- O que?...mas...mas tinha um gosto tão...tão - tenho dificuldade de falar.

- Maravilhoso? - pergunta com uma sobrancelha levantada.

- Sim - confirmo em um sussurro.

- É assim para todos nós

Ele fala tão normalmente que me assusta.

- Onde você...

- Compulsão, - me interrompe - Um pouco de sangue não mata uma pessoa.

- Meu Deus! Você pegou o sangue de uma pessoa inocente - exclamo com a mão sobre a boca.

- Não é diferente do que você iria fazer antes de eu chegar aqui - fala - A única diferença seria que você iria matar.

Eu fico chocada com suas palavras. Então eu iria mesmo matar um inocente? Mesmo que seja Anastácia?

- Eu não sabia o que estava fazendo, eu nunca faria uma coisa dessas em sã consciência - falo com os olhos lacrimejando. Scott me abraçou.

SanguináriosOnde histórias criam vida. Descubra agora