03.

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Alguns dias depois.

- Eu já disse que não vou nessa festa - resmunguei.

Arthur entrou no quarto sem ao menos bater na porta, e se jogou na cama.

- Você vai - falou baixo

- Não enche - resmunguei - Não, Aurora. Estou falando com o Arthur.

Arthur tirou o celular da minha mão.

- Oi, tudo bem? Então, ela vai sim.

- Eu já disse que não vou - resmunguei - e me devolve meu celular.

- Até mais tarde.

Eu fiquei observando. Ele desligou o celular e me entregou.

- Isso é pela empresa - explicou - E pela fuga.

- Qual é. Não seja dramático.

Ele riu - Só estou dando o troco.

Eu revirei os olhos, e puxei o ar com força.

- Me esquece - pedi - e saia - apontei para a porta.

Ele olhou para seu celular - Quando for as cinco eu volto - pisco.

- Eu já disse que não vou - bati o pé no chão.

Ele me encarou, e me lançou um olhar desafiador.

- Pode ter certeza, você vai.

Fiquei em silêncio, e fui pegar um dos meus livros para ler. Deitei-me na cama, e olhei para a porta onde Arthur estava parado igual a uma estatua.

- O que foi? - perguntei.

Ele se aproximou e se sentou ao meu lado na cama - Você gosta daqui?

Eu o encarei, e analisei sua pergunta - Gosto, eu to aprendendo a gostar.

- E de ir para a empresa?

- Não muito - fiz uma careta - mas por quê?

Ele deu um sorriso travesso - Tenho uma proposta para você.

- Que proposta? - o medo reinou sobre mim.

- Você já deve ter percebido que eu não gosto nenhum um pouco de ir para a empresa.

- Diferente do Breno - eu o interrompi - vocês são diferentes.

Ele sorriu - E então como você também não gosta, eu vim te propor que a gente escape, os dias que a gente tem que ir lá.

- Como? E é difícil despistar o Breno - avisei.

- Meu pai avisa quando a gente tem que ir a empresa - eu assenti - então nos vamos para outro lugar, menos para casa.

- E o Breno.

- Ele é fácil, é só deixar comigo.

Fiquei em silêncio, pensando. Meu pai me obrigava a ir à empresa, eu não gostava. Era cansativo de mais, e me deixa meio maluca observar aqueles gráficos, ou entender aqueles números cabeludos.

- Eu aceito.

Ele me olhou surpreso - Serio?

- Seriíssimo - afirmei.

- Vamos ser ótimos parceiros - ele disse com um sorriso malicioso nos lábios.

Eu podia estar me metendo em uma enrascada, e das grandes mais foi tentador de mais. Sabe quando a coisa é errada e você insiste em fazer mesmo que você se ferre. Pois é, eu atraio essas coisas.

Culpe a noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora