- Sei que muito estão aqui para comemorar o aniversario da minha filha – meu pai diz – mas antes temos um anuncio a se fazer.
Meu pai olha para Theo, e eu faço uma cara confusa.
- Sei que você não está entendo nada – Theo diz, e se aproxima devagar.
Sim, eu estou entendo tudo.
- Mas nós já namoramos a tanto tempo, que eu acho que está na hora de dar o próximo passo – ele sorri e pega minha mão – Maria, você quer se casar comigo?
Eu faço a melhor cara de surpresa que eu podia imaginar. Mas, eu não estou surpresa e sim com raiva, muita raiva. Mordo meu lábio de leve, e fico o encerrando. Eu não sabia o que responder, de verdade. Se eu falar sim, aposto que meu casamento vai ser maçado hoje mesmo. Se eu falar não, eu to morta. E se eu falar que eu preciso pensar?
Eu fico em silêncio, fingindo estar pensando. E noto os olhares sobre mim. E eu ainda nãoa credito que meu pai teve coragem de fazer isso comigo. Tudo por causa de um contrato que vale dinheiro e a expansão da empresa. Babacas!
Eu abro um sorriso, e passo a minha mão em seu rosto devagar, mas na verdade eu queria era lhe dar um tapa.
- Eu preciso pensar – eu digo – foi tão de repente, que eu preciso pensar.
Theo me encara sem entender.
- Amor, se você me ama – ele olha nos meus olhos – não precisa de tempo.
Eu respirei fundo. Será que ele não entendia que eu precisava de tempo? E que principalmente eu não o amava?
- Eu preciso de um tempo – eu repito com a maior calma, que eu consegui – Você entende não é? Ou você quer me dizer mais alguma coisa?
Ele me encara, e fica em silêncio.
- Eu te entendo meu amor – ele beija minha bochecha – e não queremos brigar na frente de todos.
Eu sorrio, e solto um suspiro.
- Vamos continuar a festa – Aurora diz, e me abraça de lado – você fez o certo.
Ela sussurra baixinho no meu ouvido, e Theo se afasta. Obrigada, por eu ter uma amiga meio louca. Breno, se junta com a gente. E dançamos os três juntos.
- Seu pai quer te matar – Breno diz.
- Ele tem que me entender – eu digo – gostou?
Eu me referia a minha atuação, ele abriu um largo sorriso.
- Eu quase acreditei em você.
A festa foi "tranquila" até o final. Cortamos o bolo, cantamos os típicos parabéns e eu dancei muito o resto da festa. E sem mais o assunto casamento, ou coisa do tipo.
Depois que todos foram dormir, ficamos sós eu e o Arthur sozinhos na sala.
- Vamos dar um volta – ele pede, e olha minha roupa – é melhor trocar.
- Vamos aonde? – eu pergunto.
Ele sorri – Logo, você vai saber.
Eu faço um careta, e ele continua.
- Te espero aqui em baixo, em cinco minutos.
Faço que sim, e subimos a escada juntos mais cada um vai para o seu respectivo quarto. Eu me troco rapidinho, e já que a noite costuma esfriar mais que o normal coloca uma jaqueta.
Desço as escadas devagar, e ele já esta lá me esperando. Ele me abraça de lado, e vamos caminhando para fora de casa.
- Nós vamos ir andando? – perguntei.
- Não vamos conseguir chegar lá de carro.
Eu faço uma careta.
- É bem pertinho.
Nós caminhamos até chegar a uma espécie de um clube, ele falou alguma coisa e entrou. Nós caminhávamos para cada vez mais longe, e confesso que estava me dando medo.
- O que acha? – ele perguntou.
Eu olhei em volta, dava para ver as estrelas.
- Aqui é lindo – eu digo – nós vamos acampar?
- Bingo! – ele diz divertido – Eu não queria a cabana, mas me falaram que era necessário.
Eu o abracei, era tudo o que eu precisava de sossego.
- Porque me trouxe aqui? – perguntei.
- Porque precisamos conversar e vou te dar um presente.
Eu suspiro, e assim como ele eu entro na cabana. Ele arruma algumas coisas e nos dois se deitamos.
- Não dá para ver as estrelas – eu resmungo sorrindo.
Ele joga uma coberta sobre mim, e logo entra de baixo. Eu me aconchego em seu corpo.
- Ainda está frio.
- Vou fazer ficar quente – ele diz, e um sorriso malicioso em seus lábios.
Ele deita por cima de mim, e fica me olhando nos olhos. Nós nos beijamos, e intercala os beijos com o meu pescoço me causando arrepios.
- Mas primeiro vamos conversar.
Eu solto um gemido de frustração, ele sorri.
- Eu vou falar de uma vez tudo – ele me analisa – mas, a decisão é sua.
Eu faço que sim.
- Há três anos, quando eu e você fugimos porque não queríamos ir á empresa, e quando voltamos recebemos um belo castigo – ele suspira – eu lembro que contei para você que eu tinha um plano ou algo preciso com isso não foi? – eu faço que sim – então, eu montei um plano. E quando, nos fomos aquela festa eu me lembro de você me falar "quando eu quiser fugir, você vem junto comigo" – como ele se lembrava de tanta coisa? – e hoje quando eu recebi essa noticia que você ia se casar eu não aceitei e bom junto com o Breno, eu terminei o plano.
Eu suspiro.
- O plano é o seguinte - ele me analisa – nós se mudamos de cidade, e quando a poeira se abaixar nós voltamos.
- E se a poeira não abaixar? – eu pergunto – E nossas mães, Arthur? Isso é como fugir, não é? Como a gente vai sobreviver? Nós não temos dinheiro, ou um emprego? E a faculdade?
Ele abaixa o olhar, e apoia a cabeça em meus ombros.
- Fora que eu tinha quinze anos, e não pensava direito – eu suspiro – isso não vai dar certo.
- Podemos fazer dar – ele diz.
- É arriscado, Arthur.
Minha cabeça esta uma confusão, e ele ficam em silêncio. O que me deixa inquieta, eu preciso de respostas. De saber que tudo vai dar certo, ou errado? Se ele sempre ia fiar ao meu lado. O medo me atinge. E o silêncio é insuportável.
- A decisão é sua – ele diz – e independente da escolha eu vou estar aqui.
Ele diz olhando nos meus olhos. Mas, eu sabia que ele não estaria ao meu lado, sabe por quê? Porque se eu me casasse com o Theo era adeus, Arthur. E com isso nós dois íamos sair machucados por um capricho dos nossos pais. Mas, eu sabia que se fugirmos ele estaria lá do meu lado, me apoiando.
E realmente a decisão era minha.
Ou eu me casava com o Theo. Que seria um casamento falso, sem amor.
Ou eu fugia com Arthur.
E eu não sabia o que escolher. Ou sabia? E só não quero admitir.
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Culpe a noite.
Romance"É que a gente parece duas crianças. Um mais birrento do que o outro. Somos mimados, cheios de vontade. A gente briga, muito. A gente discuti, se bate, se xinga e até dizemos que nos odiamos. Ah, se todo ódio fosse assim. Mas você acaba voltando pra...