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// Listen to Read All About It (Part III) - Emeli Sandé //

Wendy's P.O.V.

Já passou uma hora desde que a Vic desmaiou e as enfermeiras a levaram. Ninguém diz absolutamente nada, o que esgota a paciência de qualquer um! Ainda me lembro do dia em que conheci a Victoria como se fosse hoje... Ainda estava grávida da Emma e trazia o irmão mais novo pela mão... Quando a vi pela primeira vez achei tudo estranhíssimo...

"Bom dia... Precisam de alguma coisa?" é a primeira pergunta que me ocorre quando os vejo. Uma mulher grávida com um rapaz ao lado que não aparenta ter mais do que 15 anos está à porta do meu escritório. Os olhos dela são lindos mas tristes ao mesmo tempo.

"Bom dia... Não se preocupe, não estamos aqui para mendigar nada" foi a resposta seca que recebi dela

"Então estão aqui para quê?..."

"Queremos falar com a doutora Wendy Miller, mas o segurança não nos deixa entrar" pois, o aspeto deles não era o melhor. Diria mesmo que aos olhos de alguns não era digno. Infelizmente a sociedade consegue ser muito preconceituosa, principalmente quando falamos do edifício que possui os melhores escritórios de advogados.

"Sendo assim ainda bem que saí do escritório! Eu sou a doutora Wendy Miller!" ela olha para mim com uma cara surpresa "Querem entrar?"

"Se não se importa-se... Precisamos da sua ajuda!"

Faço-lhe sinal para me seguirem e o segurança olha para mim estupefacto, assim como toda a gente na receção do edifício. O sítio no qual se defende a justiça nem sempre é o local mais justo para aqueles que vagueiam por aí.

"Entrem por favor!" digo abrindo a porta do escritório

"Obrigada!" Agora o seu olhar exprime gratidão

Sento-me à secretária e ambos se sentam em frente da mesma

"Preciso de saber se não vai contar nada a ninguém..." ela diz isto e aí percebo que estou a atender a pessoa certa

"Prometo-lhe sigilo profissional! Não contarei nada seja a quem for, inclusive às autoridades" tento dar-lhe a máxima segurança possível "Desculpe, mas não me chegou a dizer o seu nome..."

"Victoria... Ouça, eu tenciono pagar mas para já não sei se..."

"Não se preocupe, isso é um assunto para tratar quando o mais importante estiver resolvido... E tu querido, como te chamas?" dirijo-me para o rapaz

"Steve..."

"E então o que os traz por aqui?"

"Estamos a fugir duma pessoa..." diz ela passando a mão na barriga

"Desculpe, é familiar de Emma Sarah Williams?" pergunta um médico interrompendo os meus pensamentos

"Não mas estava aqui com a mãe dela... Já sabe alguma coisa?" pergunto hesitante

"Sim..."

"É grave?..."

"Venha até ao meu gabinete, por favor" pede-me


Ed's P.O.V.

Graças à Miranda perdi o emprego, estou preste a falir e quase perdi toda a gente à minha volta. Pensando bem, foi aquilo que ela fez o tempo todo... Até a razão pela qual deixei a casa dos meus pais se desvaneceu com ela por perto; esqueci-me que foi a música que me fez vir até Londres e contentei-me em estar atrás dum balcão durante tardes e manhãs a fio. Tudo para lhe agradar e para que pudéssemos viver juntos e felizes. Moral da história: mudar por alguém não resulta, só se mudarmos por nós mesmos.

O preço a pagar? Estar sozinho nas ruas de Londres numa rara manhã de sol de inverno à procura de emprego, seja ele qual for, graças a uma prostituta que além de vender sexo ainda o faz por um valor demasiado alto... E graças a outra que me tirou 7 meses de vida!

Num súbito momento de lucidez, que já não me ocorria há algum tempo, vejo um papel colado na porta de um infantário: "Precisa-se de instrutor para aulas de música". As oportunidades mais inesperadas nos sítios e momentos mais inadequados... Talvez possa esperar!


// Listen to Keep Holding On - Avril Lavigne //

Victoria's P.O.V.

"Como se sente menina?..." vejo de forma turva uma enfermeira

"O que aconteceu?... Onde é que estou?"

"A menina veio até à enfermaria. Teve uma baixa de tensão e desmaiou, nada de grave! Está uma pessoa aqui à porta para falar consigo e..." ouço a voz da Wendy

"Graças a deus que já acordaste!!" ela abraça-me e abana-me duma forma que me deixa tonta

"Oh! E a Emma?! A minha filha?!" de repente lembro-me de o médico estar a falar comigo sobre os exames "o que disse o médico dela?! Eu quero vê-la!"

"Calma! Tu desmaiaste quando ele estava a dizer que ela tinha que ser internada... os exames tinham sido inconclusivos mas neste momento já se sabe..."

"Diz-me de uma vez, Wendy!!"

"A Emma tem uma pneumonia... Mas..."

"Mas o quê?! Há mais?! Diz-me!" estou desesperada

"Ela só tem 5 anos... Uma pneumonia grave pode ter sequelas no sistema respiratório para toda a vida... Pelo menos foi o que o médico disse..."

É neste momento que sinto o chão debaixo dos meus pés a cair. Eu não merecia uma coisa destas, não posso de forma alguma perdê-la para uma doença... Já fiz tanto para poder tê-la comigo e agora posso ficar sem ela de um momento para o outro!

"Wendy, preciso de ver a minha filha" peço enquanto seguro o choro

"Querida, ela está nos cuidados intensivos e tu estás na enfermaria a recuperar de um susto por isso..."

"Um susto?! A minha bebé está internada com uma pneumonia grave! Eu nem se quer me lembro de a deixar apanhar frio suficiente que provocasse uma constipação quanto mais isto! Onde é que eu errei?!" não aguento mais e escondo a cara no ombro da Wendy para as enfermeiras não perceberem que desatei num choro de criança.

"Hey! Tu não erraste de maneira nenhuma! És das melhores pessoas que alguma vez conheci e como mãe não podias fazer mais do que fizeste! Tem calma, há a possibilidade de ela sair desta situação sem qualquer problema! Já passaste por tanta coisa e continuas aqui!! Tens-me a mim, ao Steve e a Emma está à tua espera! Pensa nisso!"


Wilson's P.O.V.

Estou aqui a olhar para as moscas enquanto o paspalhão do James não aparece para trocar o turno. Se ele não tivesse decidido passar mais tempo na loja isto seria menos entediante. Espera, ali está a passar pela portinhola desta treta o homem que me paga o salário! Graça a Deus!

"Desculpa lá a demora, estava transito" mentira, o James tem casa a 5 minutos da Sister Ray...

"Não tem importância patrão" por acaso até tem mas o que posso eu dizer a um gajo rico que por acaso me pode despedir a qualquer momento?!

"Amanhã ficas tu aqui durante a tarde, tenho assuntos a tratar em Leicester" imagino que sim

"Tudo bem, até amanhã então" digo enquanto me piro pela porta fora. Finalmente, por hoje estou livre. Tenho que arranjar outro emprego, de preferência em que TRABALHE e não em que passe o tempo todo a ver navios...

Entro no elevador do centro comercial para ir até ao parque de estacionamento subterrâneo e quando me deparo com o carro nem quero acreditar.

"Que merda! Mato aquela ordinária!"

Growing Up - Ed Sheeran Fanfiction (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora