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Mais de um ano depois...

Ed's P.O.V.

Faz precisamente um ano.

Há um ano foi o dia mais feliz da minha vida.

E também há um ano foi o dia mais horrendo da minha existência.

Assim que soube do Christopher, nome escolhido pela Victoria, não houve nada que eu mais desejasse, mas ver a pessoa que amava a escolher entre a vida e a morte era como arrancar-me o coração do peito...

E ela escolheu. Escolheu a morte para dar vida aquele que representa hoje metade de cada um de nós!

Depois do diagnóstico não houve qualquer tratamento por vontade da Victoria. Se eu escolhi? Se eu a aconselhei? Ainda hoje, se pudesse escolher tê-la aqui comigo sabendo que podia não ter o meu filho, não saberia o que fazer... Mas senti-me sempre um fraco por não tomar um ponto de vista ou por não conseguir ter uma opinião própria! Mas como posso eu opinar sobre o destino alheio, por muito que os ame ou amasse? A única coisa a que podia dar rumo naquele momento era àquilo que sentia por ela independentemente de tudo, e foi o que fiz. "Queres casar comigo?" Perguntei eu cheio de medo que ela pensasse que o fazia por pena. Mas a resposta foi "Sim" e casamos no mês seguinte. Ela dizia que se era para casar pelo menos que casasse enquanto coubesse num vestido e pudesse estar de pé no altar, e em muito tempo essa foi a primeira coisa que a fez sorrir!

Nas semanas seguintes ela disfarçou a dor como pode, mas eu sentia tudo em dobro na minha própria mente. A dada altura a única coisa que crescia era mesmo a barriga, todo o seu corpo emagrecia e definhava a olhos vistos. Aos sete meses de gravidez... isso foi o pior... eu insisti tanto que ela acabou por fazer novos exames e descobrimos metástases nos pulmões, na mamã, no fígado, nos ossos... Estava em todo o lado! A partir daí já não havia esperança num único centímetro da face da minha outra metade. A dor consumia-a e eu era como se não existisse, como se nem vivesse na mesma casa com ela. Não chegou a fazer 40 semanas quando lhe rebentaram as águas, que primeiro parecia ser só uma enorme poça de sangue nos lençóis, e fomos de emergência para o hospital. Foi feita uma cesariana e de imediato encaminharam a Vic para a ala de cuidados intensivos. Senti um alívio breve quando me disseram que o bebé nasceu saudável! Estive horas a olhar para o pequeno Chris através do vidro que me punha à parte daquele berçário. Estavam lá pelo menos uns 10, mas era como se só ele existisse... Mas poucas horas depois, enquanto fechava os olhos nas cadeiras desconfortáveis da sala de espera, acordei com a notícia "Lamento, senhor Sheeran, mas a sua mulher não resistiu..." e fiquei simplesmente paralisado, apenas os meus olhos brutavam lágrimas.

A pequena Emma não descobriu nada sobre o cancro até ao dia em que a Victoria morreu. Sabia que a mãe estava doente e que um dos manos afinal não existia, mas como se explica a uma criança de 6 anos, hoje com 7, o que é o cancro? Nós não explicamos e isso confunde a sua inocência, mas era assim que a minha Caramelo queria que fosse e um dia, quando a Emma souber o que são células, eu explico o que foi que lhe tirou a mãe.

"Pai?" Ouço a voz da minha princesa Emma "os tios já chegaram!"

"Diz-lhes que já vou!" Ela fecha a porta.

Acabo de fazer o nó da gravata e olho fixamente no espelho. Antes da Victoria entrar pela loja de música adentro eu não tinha nada! Tinha uma namorada louca, um emprego com fim à vista e os meus objetivos não se manifestavam nem no mais profundo do meu subconsciente. Ela chegou e revolucionou toda a minha vida. Casei, tenho 2 filhos lindos, Emma e Christopher, o irmão dela fez de mim um dos donos do melhor bar de Londres - Victoria's foi o nome que demos ao antigo Lucky Voice, e o mais importante, fez-me viver e crescer! Foi como se aparecesse no momento de crise e cumprida a sua missão desaparecesse... Como se de um anjo da guarda se tratasse. Sinceramente, preferia que ela ainda aqui estivesse mesmo que tivesse que passar o resto da vida a tocar no metro para ter dinheiro e conseguir comer!

Abandono o quarto e deparo-me com a Wendy a segurar no Chris ao colo. A Victoria nunca o pôde fazer...

"Estás pronto?.." pergunta o Wilson.

"Acho que sim..." receio.

"Não se preocupem, nós tomamos conta dos meninos, boa sorte!" A Wendy encoraja-nos, a mim e ao Steve, e o Wilson praticamente expulsa-nos de casa.

Chegamos ao cemitério e eu sinto um calafrio tão grande...


Victoria Sheeran
1989 - 2015

FIM

Growing Up - Ed Sheeran Fanfiction (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora