Os dias passaram e tudo continuava como antes. Derick tinha largado um pouco do meu pé, eu estava achando estranho, talvez sentisse a falta de ter sua atenção.
Lorenzo passava mais dias na faculdade e dizia que queria arrumar um estagio. E eu fiquei boa parte do tempo em casa e indo em entrevistas de emprego. Uma delas me sair bem, uma vaga de atendente em umas das lojas luxuosas do shopping. Era pouco, mas um recomeço digno. Pretendia transferir a faculdade de fisioterapia para Toronto, já que existia um campus igual ao de Harbourfront por aqui.
Harbourfront, aquela cidade guardava tantas coisas do meu passado. Quem diria que eu pisaria aqui novamente? Esses não eram meus planos, mas quando Derick anunciou, eu fiquei paralisada. Estava fugindo da cidade que guardava os meus demônios, mas por ironia do destino, eu tinha voltado com pessoas que conseguiram me livrar deles.
Olhando pela janela do táxi que dividia com Derick, Lorenzo e Judh. Via a cidade que passei minha vida toda. Harbourfront, diferente de Toronto, oferecia uma clima agradável na estação e o calor predominava. Os parques deixava tudo mais bonitos, os lagos e até mesmo as praias que eram frequentadas por diversos turistas.
Observando o transito, o sorriso daquelas pessoas de uma cidade que um dia fiz parte, deixei-me sentir saudade. Saudade de um tempo que não tinha responsabilidade, de uma época que eu tinha uma família, com pais perfeitamente saudáveis, amigos e até mesmo uma faculdade.
A música que tocava na rádio falava mais que aquele silêncio dentro do táxi.
"Hey, Jude, don't be afraid
(Ei, Jude, não tenha medo)
You were made to go out and get her
(Você foi feito para sair e conquistá-la)
The minute you let her under your skin
(No minuto que você deixá-la debaixo da sua pele)
Then you begin to make it better
(Então você começará a ficar melhor)
And anytime you feel the pain
(E sempre que você sentir a angústia)
Hey, Jude, refrain
(Ei, Jude, contenha-se)
Don't carry the world upon your shoulders
(Não carregue o mundo em seus ombros)..."
Respirar aquele mesmo ar era o mesmo de voltar no tempo e deixar a melancolia invadir meu corpo que se encontrava em transe.
- Chegamos- ouvir Derick dizer.
Desci do carro em um condomínio de classe média alta sem falar nada, como fiz durante toda a viajem. Peguei minha mala e o seguir.
Quando a porta foi aberta, não fiquei espanta como da primeira vez com tamanha luxuria. Como eu imaginava, a sala era ampla, com janelas de vidro de cima abaixo, um sofá branco enorme de canto a canto, um carpete rosa com um centro no meio. e assim previa que cada comoda daquele lugar era um mais deslumbrante que o outro.
- Judh vai mostrar o quarto para você Alicia- Derick disse- Lorenzo, venha até o escritório comigo.
Acenei com a cabeça e acompanhei a mulher que tinha se tornado uma amiga.
