Capítulo dezoito.

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POV CAROL.

Minha vida até os oito anos era dentro de um orfanato brasileiro cheio de garotas. Que assim como eu, tinham o sonho de ter uma família.

Um dia, a minha vida mudou completamente. Um casal loiro e jovem me adotou. Meu sonho se realizava ali.

Eu pensava que não seria feliz, mas a parti daquele dia. Começou a verdadeira transformação em minha vida. Mudei de país três meses depois. De um país tropical, para um frio.

No começo, tinha medo de ninguém gostar de uma criança tão diferente. Morena e que não sabia a língua deles. Mas meus pais foram amorosos desde o primeiro momento que nos vimos, eles não deixavam me constranger em nenhum momento, e ensinaram o seu idioma.

Também teve Matt, o meu irmão. Ele era um menino loiro da mesma idade, alegre e cheio de sacarmos. Identificamos-nos desde a primeira vez que nossos olhos se encontraram.

Matheus me apresentou seus amigos, já que não conhecia ninguém. Um dos seus amigos era Lorenzo, um garoto da nossa idade.

Alias um garoto muito lindo. Desde a primeira vez que o vi, o meu coração acelerou rapidamente. Achei que era coisa de criança, mas logo fui me encantando por tudo que ele fazia por mim.

Não sei em qual momento me apaixonei por Lorenzo. Pois tinha vários motivos para isso acontecer, não era difícil cair em seu charme.

Mas fomos crescendo, e a nossa relação se tornou mais uma amizade. Já que eu tinha medo de declarar meus sentimentos... Fui vendo Lorenzo com várias garotas, ele era um mulherengo assumido. Mas mesmo assim eu ainda o amava.

Não era culpa sua o meu amor.

Cansada de ver ele com outras meninas, eu comecei a sair mais com as minhas amigas. Assim tive meu primeiro namorado. O nome dele era Júnior, um brasileiro que fazia intercambio por aqui. Tive uma paixão por ele sim, entreguei minha virgindade. Nunca fui tola ao ponto de pensar que minha primeira vez seria com Lorenzo, mesmo sonhando com isso muitas noites.

Mas a nossa relação não deu certo, Júnior teve que voltar para o Brasil seis meses depois. Fiquei triste, mas sabia que ele não era o cara certo para mim.

Quando completamos dezoito anos, ingressamos na mesma faculdade e no mesmo curso. Onde se tornou tudo mais difícil, as meninas que o Lorenzo saia não era mais as mesmas de antes. Elas eram mais maduras e muitas vezes mais velhas. E eu Guardava todos os meus ciúmes, pois ele não era nada meu.

Até que dois anos depois eu o vi com Alicia, uma jovem que assim como ele, tinha o poder de deixar todos encantados. Não sentir raiva dela como sentia das outras mulheres. Viramos colegas, mesmo sendo triste eu saber que eles agora eram namorados.

Os meses foram passando, comecei a pensar em seguir enfrente, pois o Lorenzo nunca iria olhar para mim como uma mulher.

Mas um acidente nos aproximou. Eu e meu irmão sofremos um acidente terrível, mas por obra do destino. Eu sair ilesa, mas o meu pobre irmão ficou basicamente um mês em coma.

Nesse mês, eu me aproximei mais do Lorenzo. Ele cuidava da minha saúde de forma diferente, estava feliz por minha recuperação.

Em uma tarde, deitada em sua cama, decidi revelar meus sentimentos, pois depois do acidente eu pensei em viver um dia de cada vez. Mas não saiu nada como planejado, Lorenzo não teve nenhuma atitude, frustrada e com vergonha, sair do seu quarto.

Dias depois meu irmão acordou, foi uma felicidade só. A triste que eu sentia por causa do meu amor nada recíproco, foi esquecida. Assim também soube do relacionamento do pai do Lorenzo com Alicia, sua namorada.

Fiquei em choque por umas horas, mas depois pensei: Quem sou eu para julgar alguém?

Eu que muitas vezes desejei um homem que nem me pertencia.

Recebi suas mensagens, ligações, mas nunca o respondia. Estava ferida. Sabia que ele ia pedir desculpas e dizer que não sentia nada, que éramos amigos. Eu não queria escutar aquilo.

Até o dia da festa surpresa para o meu irmão. Convidei amigos nosso da faculdade, lotaram a casa do pai do Lorenzo.

Entre ele estava Will, um "inimigo" do Lorenzo. Pois um queria pegar mulher mais que o outro.

Para sair por cima, beijei Wil na frente de todos. Mas assim que fiz isso, vi Lorenzo sair como um furacão.

Fui imatura, mas eu precisava saber se ele sentia algo por mim.

Fiquei o resto da festa a sua procura, mas infelizmente não o vi. Na manhã seguinte recebi a pior notícia. Lorenzo estava em coma induzido.

Meu mundo caiu. Como poderia ter acontecido isso? Ele estava bem.

Os dois dias foram uma tristeza só, eu contava os minutos para que chegasse essa hora. Tinha vindo um dia antes e praticamente implorado para o seu pai que eu pudesse visita-lo. E felizmente conseguir.

Hoje estou aqui, o olhando imóvel em cima de uma cama. Parece tão errado, um menino agitado ficar quieto assim.

Beijo sua mão e sussurro:

- Volta logo, quero dizer mais uma vez que te amo. Mesmo você não sentindo o mesmo - disse chorando.

- Eu aceito conviver com você mesmo sem me amar, aceito você ficar com outras. Mas nunca aceitaria viver em um mundo sem você Lorenzo, não faz isso comigo. Volta, por favor.

Afundei na cadeira confortável e chorei por minutos. Limpei as lagrimas e peguei o diário que seu pai tinha me mandado ler.

- Vou ler pra você agora, shii - anunciei.

09 de Janeiro de 1995

"Filho, você já está chutando. Creio que será um jogador de futebol (risos). Seu pai anda muito bobo com a sua inteiração com a gente.

Derick é muito feliz ao meu lado, ele cuida da gente feito adulto. Saiba que eu amei seu pai mais que tudo neste mundo, e o amo mais ainda por não ficar chateado com a minha decisão de ter você, mesmo sabendo que pode me perder.

Quando amamos, deixamos o outro livre, se ele realmente for seu, ele voltará.

Filho, quando você encontrar sua garota, não corte suas asas. Seja como o seu pai, voe junto com ela. Assim vocês serão mais felizes.

Paixão você poderá ter várias, mas o amor só um. A gente ama só uma vez, e você saberá quando isso acontecer. Não tenha medo. Sua mãe ficará muito orgulhosa de saber que você foi cavalheiro com uma mulher especial.

Lembre-se: "Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama. 

Mas que seja infinito enquanto dure."

O soneto de fidelidade é o texto que mais me faz pensar em seu pai. Por favor, quando estiver tempo, leia.

Viva o seu próprio romance, aqueles dos livros. Ame, não tenha medo.

Você me fará feliz, sempre."

- Com eterno amor, Sophia, sua mãe.

Com os olhos lacrimejados, deixei o diário em seu lugar. Beijei sua testa.

- Você é o meu soneto. Por favor, não demora muito. Estou com saudade de ouvir seu riso.

O olhei mais uma vez com determinação e pensei: O esperarei leve o tempo que custar.







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