Capítulo vinte e dois/Final.

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Os dias foram passando e a casa ficando alegre com o retorno do Lorenzo.

Eu e Derick fomos para o casamento da minha amiga Abbey e do seu noivo Caleb em um final de semana, foi embaçoso por alguns segundos. Uma vez que, na primeira vez que nos vimos ainda namorava Lorenzo. Mas Abbey não ligou muito para informações no seu momento, mas sabia que a mulher era fã da minha felicidade.

A cerimônia foi linda , fiquei emocionada assistindo minha amiga realiza o que tanto desejou na sua adolescência.

Aquele final de semana foi bom também para minha relação com Derick progredir, pois nos conhecemos melhor e conversamos por horas sem termos medo de sermos flagrados como antigamente, além de fazer amor incansavelmente . Passeamos como turistas igual um verdadeiro casal que éramos.

Era tão bom aquela paz, a vida seguindo o curso que devia seguir. Sem emoções fortes ou perdas marcantes que nos machucam.

Aquela fase da nossa vida era pura felicidade.

O bebê fruto do nosso amor sendo gerado em meu ventre, meu querido e amado namorado sendo prestigiado em seu trabalho.

E Lorenzo ainda continuava meu amigo, sendo feliz com a Carol seu verdadeiro amor.

Tudo como deveria ser desde o início.

Às vezes me pegava pensando como a vida poderia escrever certo por linhas tortas. Ou como os ser humanos podiam complicar as coisas.

Eu e Derick tínhamos nascido para nos encontrar em algum ponto de nossas vidas. Era preciso ser vivido aquele nosso romance épico.

Tudo se resumia em destino. Dele ser meu psiquiatra na hora certa, de ter me envolvido com seu filho e ido para o lugar certo... O destino se encarregou para no fim ficássemos juntos, pelo menos adorava pensar e fantasiar assim.

Aquela angustia que existia dentro de mim sumiu. A cinza do meu mundo desapareceu completa e as inseguranças também. Talvez devesse ser o modo como fui acolhida na casa deles, ou como passei a enxergar o mundo de outro ângulo a parti do momento que me permitir amar alguém de verdade.

A morte da minha mãe já não me fazia desacreditar no amor.

Por isso resolvi contar o porquê da minha ida em seu consultório naqueles dois meses no qual nos conhecemos.

Estava deitada em seus braços, ele alisava minha barriga que já estava enorme com seus cinco meses e duas semanas.

- Você promete que vai ser o Derick e não um médico? - perguntei mais uma vez.

Derick se mostrou curioso quando disse que queria conversar sobre minha mãe.

- Prometo - respondeu beijando minha testa.

- Sabe, já foi mais difícil falar sobre isso - comecei - Mas conviver com vocês me ajudou bastante. Principalmente o seu amor, ele me curou... Era uma menina simples e romântica, com uma família feliz ou aparentava ser. Um dia minha mãe descobriu que estava sendo traída por meu pai, mas o amava muito. A parti daí as brigas eram frequentes, então ia para faculdade e ficava o tempo que pudesse por lá, era praticamente um inferno - suspirei entre as lagrimas que já cobriam o meu rosto - Até que em uma noite veio a noticia da morte do papai, ele morreu em um acidente de carro com sua suposta amante. Mesmo sabendo que era traída, a minha mãe permaneceu com ele porque o amava, e eu não poderia dizer nada sobre aquela sua decisão. Mas quando o papai se foi, minha mãe não aguentou e entrou em uma terrível depressão que cada dia piorava. Passou ficar lunática, imaginar coisas que não existiam - funguei mais uma vez - Só éramos nós duas dentro de casa, estava vivendo meu inferno pessoal, pois minha mãe já não era uma pessoa sã, a única pessoa que tinha no mundo não se importava comigo. Por isso não podia mais contar com ela para nada. Mamãe ficou tão ruim que tive que pedi ajuda para interna-la. Ela ficou quinze dias, foram os dias mais sossegados da minha vida desde então . É pecado ficar feliz longe da mãe? - perguntei soluçando.

- Shi, não precisa conta mais - Derick falou emocionado.

- Ela voltou aparentemente melhor, mas isso só foi por alguns meses. Pois ela parou de tomar os remédios, começou toda a loucura de novo. Falando das perseguições, dizendo que era filmada, que o papai estava vivo e era mentira sua morte. Eu tentei ser forte, juro que tentei. Mas ficava cada dia pior, a única pessoa que me visitava era Abby, ela aguentava o que a minha mãe falava, pois nem os nossos vizinhos gostavam da minha mãe mais, ela falava mal deles em todos os momentos possíveis. Quando chorava em sua frente, ela dizia que era teatro, que era tudo fingimento... Chegou até me bater uma vez.

- Antes de a mamãe ter depressão, pensava que a doença só causava angustia e tristeza. Mas a parti do momento que eu convivi com ela, percebia que era mais grave do que eu pensava. E isso se confirmou no momento que eu cheguei da faculdade tarde e encontrei minha mãe estirada no chão da sala e morta. Ela tirou a vida, não pensou na sua filha. Sabe como doeu isso?

Aquela cena que me perseguiu por noites voltou a minha mente, abracei Derick forte e chorei alto. Era a primeira vez que falava e a dor permanecia ali.

- Eu não quero que você continue, por favor.

- Eu só tinha medo de terminar como ela, ter sentimentos fortes e acabar morta no chão da própria casa.

- Isso nunca vai acontecer, Alicia.

- Eu fingir de lá por causa da dor. Por isso que o procurei, mas mesmo passando meses da morte da mamãe, eu não consegui conversar naqueles dias com você.

- Cada pessoa tem o seu momento, esse é o seu.

- Eu só queria saber como a minha mãe se deixou levar. Eu queria ajudar. Mas como iria ajudar uma pessoa que não queria ser ajudada? Como?

- Pense só nos momentos bons que teve com sua mãe, Alicia. Na mulher que você comentou, dizendo que ela era sábia, alegre e muito amorosa. Aquela pessoa que você viu nos últimos meses era uma que não aguentou a própria dor. Usou de escapatória o seu mundo inventado. Sua mãe deve ter sofrido algumas emoções fortes durante a vida, e a descoberta da traição e morte do seu pai foi o clique perfeito para a doença aparecer em sua vida.

- Eu sei disso.

- Depressão pode ser hereditária. Mas pelo o que você contou, sua mãe foi tendo aos poucos e no final não se cuido se tornando esquizofrênica. Por isso não se preocupe, pois não vai acabar como ela ou a nossa filha - falou passando mão em minha barriga e na mesma hora sentir a nossa pequena chutar. Uma emoção varreu toda dor que sentia naquele momento - Não é filha? Conta para mamãe que a amamos muito. Que vamos transformar toda essa dor em felicidade.

Sim, já sabíamos o sexo do nosso bebê, era uma menininha.

- Eu também amo vocês - disse ainda chorosa aninhando em seus braços.

- Eu fico feliz de você ter conseguido se abrir, Alicia. Ainda mais de ter confiado em mim.

- Eu confio em você para tudo.

- Não é mentira isso que eu acabei de falar com a nossa filha. Eu realmente viverei o resto da minha vida tentando ver esse seu sorriso pleno em seu rosto, te amar de todas as formas possíveis, como você merece.

***
Se a internet cooperar, postarei amanhã o epílogo!

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