The Righteousness

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Um desabafo: Há dias em que eu apenas queria ter ficado dentro do meu quarto escuro escrevendo coisas aleatórias, quem sabe me livraria de todo mal em que o mundo me apresenta.

Eu não desejaria a ninguém o que eu havia passado, pude ver a morte passando ao meu lado como se fosse uma velha amiga, a minha frente aquele cujo mal assombra até sua alma, o famoso espírito de justiça.
Ele era grande, vestia uma enorme roupa branca e uma máscara de gás que impedia de ver seu rosto, mas que dava pra imaginar o seu nojo pela nossa raça, um nojo que já estava sendo carregado por anos. Junto a ele uma escopeta apontada para mim, carregada a ponto de eu ser morto pelo tiro, mas o destino estava ao meu favor.
Não demorou muito para eu virar a arma carregada na direção oposta, o skate amarrado ainda na bolsa escapou, senti ele deslizando no momento exato, fiz o que era de costume, o segurei com uma não e fiz a outra de base acertando a cabeça do indivíduo, no mesmo instante a porta de um apartamento abriu, um homem aparentemente um pouco mais velho do que eu saiu dela desesperado assustado com a situação, começou a pedir ajuda, sabia que estava no momento certo de fugir, mas apenas conseguia presenciar aquela cena.
O espírito de justiça se levantou, virou rapidamente mas foi atacado pelo senhor por uma faca pelo visto muito afiada:
- Facas e desespero, use-as a seu favor e irá longe meu amigo -disse ele limpando o sangue da lâmina - Devia tomar cuidado com eles, são mais perigosos do que pensam, creio eu que não são mutantes que devemos temer.
- E não é. respondi.
Ele jogou uma enorme faca na minha direção, ela brilhava de tão polida que estava, com uma grande marca desconhecida gravada, peguei e a guardei na cintura.
Não podia continuar conversando com ele, tinha que encontrar a garota, o prédio tremia e pó se espalhava por ele todo, acima se ouvia gritos, os apartamentos encontravam-se vazios e revirados, ela estava em um ao meio do corredor, escondida debaixo de uma cama de casal velha, estava de pijama, creio que tinha acordado meio a cena do desastre:
- Você é um deles? perguntou ela tentando se espremer mais debaixo da cama.
- Não, vim ajuda-la. respondi
- Como posso confiar em você? Já tentaram nos separar uma vez. continuou.
Pude imaginar a mesma história se repetindo, uma mãe fugindo com a criança pelo estado a procura de uma forma de esconde-la do mundo para não perde-la, famílias separadas, presa em um quarto fechado longe de todos.
- Pode confiar em mim. disse estendendo a mão a ela.
- Suas mãos, estão manchadas. se espantou como se já tivesse visto o mesmo em algum outro lugar.
No mesmo instante ela saiu debaixo da cama, pude ver uma pequena garota morena de olhos verdes, ela me deu um enorme abraço que se não fosse pequena poderia jurar que também estava atrás da minha carteira, segurou minha mão e seguiu ao meu lado o tempo todo.
O caminho estava pior, o teto parecia cair em nossas cabeças a qualquer momento, mas a garota estava ali firme e forte apesar do medo, pouco a pouco estávamos fora do prédio, ela correu pros braços da mãe dela que agradeceu desesperadamente, consegui ver sua mão também manchada, a prova que nós éramos a paz, apesar de o oposto querer causar a guerra.

Ark Stuart e o Surrupiador De AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora