Uma nota: as pessoas que você mais evita pensar serão aquelas que mais invadirão seus pensamentos.
O sol começou a esquentar quando Jack acordou, desesperado levantando o mais rápido do chão, devia ter dito um sonho estranho assim como eu:
- Está tudo bem? perguntei para ver se podia ajudar em algo.
- Guerras, elas consomem meus sonhos. Ele respondeu rindo e passando a mão na testa, estava soando muito.
Precisávamos de um lugar para fazer nossas higienes e comer algo apesar de ser meio impossível achar, não tivemos muita conversa, rapidamente eles saíram da casa me deixando sozinho ali por alguns minutos e eu sabia o que era certo fazer, o esqueiro foi aceso e o fogo tomou conta de minhas mãos como tinha sido no quintal, minhas mãos passaram pelas paredes de todos os cômodos fazendo a casa pegar fogo, esse era o meu adeus, assim como tinha sido nas outras casas, o fim em cinzas, deixando todas lembranças ali. Sabia que a jornada seria longa e a estrada pela frente também, Magda aplaudiu quando me viu saindo do local com o orgulho estampado em seus olhos.
A bolsa parecia estar cada vez mais pesada com o passar do tempo e o calor parecia estar pior, as ruas estavam cada vez mais sujas tornando irreconhecível o lugar e o meu pensamento ia no que a Magda iria gastar com aquele tanto de dinheiro:
- Me enganei sobre vocês, são legais, e não digo isso a ninguém. Ela disse segurando a mão do seu irmão que ainda permanecia calado.
- Não puxe nosso saco. Jack disse tentando disfarçar o riso bobo enquanto procurava seu maço nos bolsos.
- Brincadeira, contínuo odiando os dois por terem me feito perder tempo. continuou ela tentando disfarçar o elogio, mas isso não estava dando muito certo.
Seu irmão riu.
- Bom, alguém conhece algo por aqui? perguntei, estava perdido.
Fui ignorado.
Jack estava ficando desesperado, seu cigarro estava chegando ao fim e não havia nenhum comércio por perto.
- Andem mais depressa. disse ele vendo que só havia um cigarro em seu maço.
Com o tempo Jack começou a andar mais e mais rápido ficando um pouco longe de vista:
- Ele endoidou. Magda disse rindo que nem louca, mas eu estava preocupado com Jack e comecei a apressar o passo, ele virou a rua saindo da reta de Magda que bufou de raiva sabendo que iria demorar mais pra sair da cidade.
A frente estava uma mercearia velha. devia estar fechada a meses, só consegui ouvir o barulho dos vidros se quebrando, Jack estava desesperado, segui o mesmo caminho passando pela porta quebrada, o comércio estava todo empoeirado e velho, cheio de teias de aranha, era difícil ver algo ali dentro:
- Cigarros, eles me consomem envez de eu os consumir. disse ele pegando todos maços que estavam no balcão e colocando na bolsa.
- Os dois vão enrolar até quando? Magda disse se aproximando com seu irmão no colo.
- Preciso alimentar meus vicios, Magda. Jack respondeu olhando a volta do comércio e tirando a poeira que estava em sua camisa.
- E precisamos nos alimentar. me entrometi no meio.
- Olhe a volta. continuou ele mostrando as prateleiras cheias de besteiras, mas muitas pareciam estar vencidas.
Aquilo pareceu o paraíso para o irmão de Magda, não sabia qual comia primeiro, foi enchendo seus bolsos com balas, pirulitos e mais o que visse pela frente, seus olhos roxos brilhavam admirando tudo aquilo, mas Magda estava mais preocupada em sair da cidade do que prestar atenção nele.
- Vamos. disse ela puxando o braço do garoto cada vez mais forte.
Eu e Jack ficamos parados observando.
- Josh Flower, vamos, anda. continuou ela puxando ele.
Era esse o nome do garoto de olhos roxos, Josh, o caçula dos Flowers, que pareceu não ter gostado de ser chamado assim, vi a revolta em seu olhar, e senti sua força quando puxou seu braço na direção contrária fazendo Magda solta-lo:
- Você não é minha mãe. Josh abriu a boca pela primeira vez, sua voz ecoou pelo lugar.
- Mas eu sou sua irmã, você tem que me obedecer. Magda retrucou, parecia outra criança ali.
- Ou você vai fazer o que? Me matar assim como fez com mamãe e papai? continuou ele.
Pareciam ser informações demais para uma manhã só, Magda se calou como se aquilo fosse a última coisa a ser comentada, Josh terminou de enxer seus bolsos e correu pro banheiro que tinha nos fundos.
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Ark Stuart e o Surrupiador De Almas
FantascienzaApós Stanford cair em ruínas, a raça de impuros estar sendo exterminada e perder sua mãe, Ark se vê em uma jornada através do estado a procura de respostas da grande e sabia profecia.