Capítulo 23

304 26 0
                                    

Scarlett estava na beira do rio Hudson quando o sol começou a se pôr, ela estava de pé dentro

das ruínas velhas e abandonadas do gazebo, o local de encontro dos dois, um lugar em que ambos

haviam estado antes. Aquela área solitária, desolada e escondida por árvores, à beira das margens,

era um lugar privado que só Scarlett e Sage conheciam, um lugar que eles jamais poderiam confundir

com outro. Ela estava tão ansiosa para encontrá-lo ali, tão animada, estava mais ansiosa para o

próximo encontro deles do que ela poderia dizer.

No entanto, agora Scarlett chorava ao estar ali, olhando para o rio, assistindo o pôr do sol, mal

sendo capaz de compreender que ela estava ali, sozinha. Sage tinha prometido que iria encontrá-la ali

por volta das quatro horas. E já tinha passado das cinco.

As últimas palavras sinistras de Sage passaram em sua cabeça: Se eu não estiver lá por volta

das quatro, você pode ter certeza que eu estou morto. Eu nunca iria deixá-la. Eu nunca iria

abandoná-la.

Scarlett chorou e chorou. Ela estava parada lá há mais de uma hora. Obviamente Sage não tinha

conseguido voltar de onde ele tinha ido. Para onde ele tinha ido? Ela se perguntou, queimando de

frustração, com o desejo de saber. Por que ele não podia ter apenas contado a ela? Por que ele tinha

que ir? Scarlett queria ter ficado com ele, em seus momentos finais. Ela queria ter feito alguma coisa

para salvá-lo. Por que ele sentira que tinha que ir embora e morrer sozinho?

Scarlett, ainda chorando, saiu do gazebo, olhando para o sol carmesim que começava a se

espalhar sobre o rio. Parecia que era a morte se espalhando ao seu redor, como se fosse o último dia

da Terra, o último dia em que ela gostaria de viver. Sem Sage, ela não quer mais viver. Não lhe

sobrava mais nada.

Scarlett lentamente parou de chorar, respirou fundo e enxugou as lágrimas, sentindo uma sensação

de determinação tomar conta dela. Ela sabia o que tinha que fazer. Era hora de dizer adeus. Ela iria

para casa, veria seus pais uma última vez e depois se juntaria a Sage, onde quer que ele estivesse.

*

Scarlett se apressou para subir os degraus da frente de sua casa, percebendo que não havia carros

na garagem, ela se perguntou para onde seus pais poderiam ter ido. Por um lado, ela tinha que admitir

que era bom estar em casa, em um lugar familiar, um lugar que era dela; mas, por outro lado, ela

sabia que ali não era mais seu lar. Ela tinha mudado muito desde que deixara aquele local, agora ela

se sentia como se estivesse subindo os degraus para um outro mundo. Outro lugar. Outra vida.

Quando Scarlett chegou à porta, ela se surpreendeu ao descobri-la entreaberta. Ela a empurrou

para abrir ainda mais, entrou, e então se surpreendeu com a visão diante dela.

Sua casa inteira estava destruída, as cortinas estavam no chão; as hastes das cortinas, penduradas

tortas na parede; os sofás, dilacerados; os móveis, abertos – parecia que um tornado tinha passado

PredestinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora