Scarlett voou durante toda a noite, circulando por cima de sua cidade natal, olhando para todas as
casas que se iluminavam na escuridão. Todas pareciam tão acolhedoras dali de cima, havia um
milhão de centelhas bruxuleantes entre as árvores pelas quais ela atravessava. Scarlett imaginou as
famílias que deviam estar naquelas casas, talvez sentadas à mesa para jantar, rindo e se divertindo,
famílias normais e sem problemas, se reunindo como faziam todas as noites. Talvez eles jantariam, e
depois assistiriam à TV e, em seguida, fariam a lição de casa. Perfeito, famílias felizes, sem nenhuma
preocupação no mundo.
Scarlett ansiava por uma família naquele momento, mais do que nunca.
Ela enxugou as lágrimas enquanto pensava em sua própria casa, sua própria família. Por fora,
eles pareciam ser uma família perfeita, numa cidade perfeita, pareciam perfeitamente normais;
Porém, ela sentia como se sua família estivesse despedaçada, problemática como qualquer outra
família problemática. Scarlett havia se sentido ligada à sua mãe, sua vida inteira, mas, depois de ler
aquilo em seu diário, Scarlett não podia deixar de sentir como se sua mãe quisesse que ela morresse.
Scarlett também se sentia próxima de seu pai, mas ela não conseguia entender: como ele podia ter
deixado sua mãe se sentir daquela maneira em relação a ela? Ele era cúmplice?
Eles a olharam agora como se ela fosse algum tipo de aberração, algum tipo de monstro; ela
sentia que, agora, tudo o que sentiam em relação a ela era desaprovação, não importava o que ela
fizesse. Eles simplesmente não a entendiam. Eles não lhe davam tempo para ouvi-la, para entender
seu ponto de vista; eles estavam sempre julgando-a rápido demais, reprovando-a rápido demais. Por
mais que ela os amasse, ela realmente odiava esta parte deles. Por que não podiam simplesmente
conversar com ela, apenas tentar descobrir o que estava lhe acontecendo, em vez de logo condenála?
Scarlett sobrevoou sua casa no alto e a viu ali, em algum lugar lá embaixo, no meio das luzes
piscantes entre as árvores. Ela sabia que seria tão fácil simplesmente mergulhar e entrar lá. E, no
entanto, o caminho mais fácil também era o mais difícil. Scarlett sentia que não podia ir para casa,
sentia que ela realmente não tinha mais um lar. Algo dentro dela tinha mudado irrevogavelmente. Ela
realmente não confiava mais em seus pais, ela não confiava neles para entender o que ela estava
passando.
Ela não queria estar com eles, pelo menos não naquele momento, naquele tempo difícil. Por
enquanto, ela queria estar com Sage. Sentia, de alguma forma, que ele a entenderia melhor do que sua
família. Ela queria Sage e mais ninguém.
Scarlett enxugou suas lágrimas, sabendo que Sage se fora, onde quer que ele estivesse. Ele havia
pregados tábuas em sua casa e fugido como um ladrão na noite. Era como se ele nunca tivesse
existido.
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Predestinada
VampireEm PREDESTINADA, Scarlet Paine, de 16 anos, se esforça para compreender o que está lhe acontecendo, até despertar e perceber que está se tornando um vampiro. Afastando-se de seus pais e seus amigos, a única pessoa restante a quem ela pode recorrer é...