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               O velho Alípio fica em silêncio rapidamente, observando as expressões das crianças. Ele se balança em sua cadeira, fitando o horizonte escuro e as casas iluminadas.

               - Então, eu voltei para cá, e o corpo do finado Adamastor havia sumido. Eu passei o resto do dia sentado naquele terreno carbonizado, do lado da espada, esperando tudo voltar ao normal. Mas espero até hoje. – O velho põe a mão em sua boca e tosse levemente. – Todo mundo achou que Adam morreu em uma queimada no terreno da Maria do Geraldo, enquanto brincava. Ninguém nunca acreditou na minha história.

               - Marréclaro. Ô mentira que o sinhô contou, viu – disse um dos garotos. – Esse véi tá é broco!

               - Vai pra baixa da égua, Abraão Lincoln! – disseram algumas das crianças.

               O velho levanta-se da cadeira devagar, anunciando para as crianças que era a hora de ir embora. Alípio apoia-se em sua bengala, caminhando de volta ao seu quarto. Ele apaga as luzes da varanda e acende a do quarto, fazendo uma espada exposta na parede brilhar. Ele se aproxima dela, passando sua mão em toda a extensão da arma. O punho azul brilhava como a primeira vez que a viu.

               Alípio pisca para a espada.

               Esse era o código de sempre.


A Lenda do Calango VoadorOnde histórias criam vida. Descubra agora