O Natal - Por Clara

8.5K 623 13
                                    

O mês se passou depressa e a véspera de natal chegou. Como eu estava de férias da faculdade, eu aproveitava cada segundo da presença da minha filha. O Rafael ainda morava com os pais, mas estava com planos de comprar um apartamento o mais rápido possível, estava apenas se organizando financeiramente e organizando a sua vida profissional, pois a empresa que ele estagiava ia expandir negócios no Brasil e ele ia tomar de conta, ser o "chefão" do lugar. Larissa e Bernardo foram para Nova York e pretendiam voltar apenas no começo de janeiro.

No Natal, o Rafael e seus pais foram ceiar conosco no apartamento dos meus pais, era tradição, mas esse ano o Rafael estava com a gente novamente. Isabelle ganhou inúmeros presentes e ela não poderia estar mais feliz.

– Posso brincar com minhas bonecas novas?

– Pode amor – concordei – Mas não precisa abrir todas agora.

– Tá, mamãe. Abre duas pra mim.

– Pra que duas, amor?

– É pra Duda brincar comigo – ela falou na maior animação.

– E quem é Duda, filha? – perguntei, pois realmente não sabia que amiguinha da Isabelle se chamava Duda.

– É minha amiga, mãe! Não tá vendo ela aqui comigo? – ela apontou para o seu lado, que estava vazio. Rapidamente lembrei que a pediatra havia me alertado sobre possíveis amigos imaginários, já que a Isabelle era filha única e não tinha muitos amiguinhos da idade dela.

– Ah, desculpa. Oi Duda – acenei para o vazio – Vou pegar uma boneca para você também.

– Ela tá aqui agora, mamãe! – ela apontou para o outro lado.

– Ela é rápida – brinquei. Peguei duas bonecas novas e estendi para a Belle – Pronto, vão brincar na sala, mas daqui a pouco é hora de dormir, senão o Papai Noel não traz mais presentes.

– Tá. Só um pouquinho.

Isabelle sentou no chão e foi brincar de boneca com a sua amiga imaginária e eu voltei a sentar ao lado do Rafael.

– Amiguinha imaginária? – ele perguntou.

– Isso – sorri – A pediatra disse que era normal, já que ela não tem priminhos, não está na escola ainda, mas essa fase passa logo.

– Quando te conheci você tinha uma amiguinha imaginária – ele riu – Parecia uma louquinha quando eu te chamava para brincar. "Só vou se a Tita for" – ele fez uma voz infantil, tentando imitar o jeito que eu falava quando era criança.

– Idiota – revirei os olhos.

– Mudando o assunto, quero dar o seu presente. Você sabe que eu fico ansioso e nunca consigo esperar – ele colocou a mão no bolso da calça e puxou uma caixinha preta – Bom, esse eu venho guardando há um bom tempo.

– Não precisava Rafa – falei meio sem jeito, já que não tinha comprado presentes para ninguém.

– Precisava sim. Eu queria te entregar como forma de pedir desculpas, mas por causa do estágio eu não pude passar o natal com vocês – ele deu um sorriso de desculpas e estendeu a caixinha para mim – Me perdoa, de coração.

– Eu já perdoei – peguei a caixinha e abri, lá dentro havia duas correntes, cada um com um pingente. Um "R" e um "C" – Poxa, que lindos! Obrigada Rafa!

– O presente é meio que nosso, eu fico com o "C" e você com o "R", é uma forma de mostrar que vamos sempre estar juntos – ele pegou a correntinha e passou em volta do meu pescoço, segurei meus cabelos enquanto ele fechava a correntinha – Trouxe da Itália, achei que você ia gostar, espero não ter errado.

Mudança de PlanosOnde histórias criam vida. Descubra agora