O sequestro (cont...)

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A manhã seguinte foi uma tortura, os policiais tentavam melhorar as imagens das câmeras de segurança que eles haviam conseguido, não tinham ligado solicitando resgate, nada. A tarde a mesma coisa, eu não conseguia comer e nem dormir, estava parecendo um zumbi. Com muito esforço Rafael me convenceu a tomar um banho para que eu tentasse me acalmar e ter forças para continuar procurando. Meu pai e o pai do Rafael haviam passado o dia pedindo informações aos vizinhos de onde haviam levado a Isabelle, qualquer pista de criança, qualquer coisa.

– Sequestradores costumam pedir resgate após o crime, já está com 24 horas e nada – o policial olhou no relógio enquanto sussurrava para o Rafael, pensando que eu não estava ouvindo.

– O que o senhor acha então? Por que levaram minha filha?

– A hipótese mais lógica até agora é sequestro de criança para venda no exterior, senhor Rafael.

– E por que estamos aqui parados feito idiotas? – Rafael sussurrou – Minha filha pode estar sendo transportada para sei lá aonde!!!!

– Já enviamos alertas para os aeroportos, rodoviárias, postos rodoviários, vamos acha-la!

Eu não suportava mais ouvir aquilo, mesmo que eu não devesse estar ouvindo, pois a conversa era entre eles dois, então fui até o sofá e me larguei lá, pedindo a Deus que me desse um sinal.

– Senhor, temos informações! – um dos policiais chamou o delegado – Conseguimos melhorar as imagens.

Fiquei de pé ao lado do Rafael, só então pude perceber que já estava anoitecendo, talvez 6 ou 7 da noite. Os policiais tinham instalado um equipamento no notebook deles, parecia ser várias gravações.

– Coletamos as gravações da escola de dança, além de pontos comerciais na rua para tentar descobrir quem a levou e em que direção, temos isso – ele deu play, o vídeo era possível ver uma loira próximo a escola, observando atentamente, segundos depois ela some e volta com a Belle sendo levada pelo braço, um Gol preto para em frente, onde ela obrigada a Isabelle a entrar e eles então dão partida – Até o momento essa é a melhor imagem, vamos tentar aproximar bem a placa para rastrearmos, até o momento temos apenas as letras HGJ.

– Alex! – falei, obtendo a atenção de todos – É o carro do Alex! Mãe, foi ele!!

– Ai meu Deus, é mesmo! – minha mãe se posicionou ao meu lado.

– Não acredito que ele foi capaz disso! – Rafael se afastou um pouco e levou as mãos à cabeça, respirou fundo e então deu um soco na mesa – Não acredito que esse canalha pôs as mãos na minha filha!

– Calma filho! – minha sogra se aproximou e tentou conte-lo.

– Alex Britto? Aquele daquele incidente aqui no seu apartamento? – o policial perguntou e eu assenti – Enviem fotos a todos os postos rodoviários, peguem informação completa do carro, tentei rastrear e peçam reforços, já temos o sequestrador.

Os outros se moveram e fizeram inúmeras ligações, inclusive meu pai, meu sogro, que já haviam voltado, e o Rafa, que se afastaram para a sala de jantar para contatar alguns contatos. Meu celular vibrou e eu logo reconheci o número, era o Alex. Algo no meu coração dizia para atender longe de todos, então fui para a varanda.

– Cadê a minha filha?

– Relaxa que eu não vou machucar ela! – o Alex falou do outro lado da linha – Ou melhor, não se você fizer o que eu mandar.

– O que você quer? Me diz que eu te dou, mas não machuca minha princesa – choraminguei.

– Lembra da casa do lago dos meus pais?

– Lembro.

– Tô te esperando aqui. Vem agora e vem sozinha! Olha Clara, se você bancar a engraçadinha, você vai se arrepender.

– Quero falar com minha filha!

– Traz a pirralha! – ele gritou, provando que não estava só – Dá um oi para a mamãe.

– Mamãe – Belle falou chorosa – Eu quero você!

– Eu vou te buscar, amor – meu corpo inteiro tremia, eu precisava da minha filha e estava disposta a tudo para que ela ficasse ao meu lado novamente.

– Você tem meia hora.

Desliguei o celular e coloquei no bolso, discretamente peguei as chaves do meu carro, um pedacinho de papel e deixei um bilhete sobre a mesinha ao lado da porta.

– Filha, nós vamos acompanhar a polícia até a casa do Alex – meu pai chamou minha atenção da sala.

– Eu vou também – disse, tentando me afastar dele – Pode pegar as chaves do meu carro no quarto da Belle?

– Claro, meu amor!

– Pai – sussurrei e ele olhou novamente para mim – Estou esperando lá embaixo, ok? – ele assentiu – Eu amo você.

– Também te amo! Vamos busca-la!

Desci correndo pelas escadas, esperar pelo elevador me deixava com menos tempo para fugir de todos. Corri para a garagem e destravei meu carro, dando partida e saindo dali o mais rápido possível em direção a minha filha.

Ö}Ss

Mudança de PlanosOnde histórias criam vida. Descubra agora