Entre festas e encontros
Henrique
Chegamos em Garland no fim da tarde, tínhamos passado dois dias na estrada. Garland era uma pequena aldeia conhecida por suas belas paisagens, o que rendia muito financeiramente no quesito de turismo. Ou seja, muitas oportunidades para vigaristas como eu.
Escolhemos uma pousada dessa vez com um quarto para Pietro, pois passaríamos uns dias na aldeia até conseguirmos enganar uma dama rica ou um turista desatento.
_Ouvi dizer que haverá uma festa hoje à noite. _Disse Pietro entrando de supetão dentro do quarto em que eu estava.
_É uma pena, se tivéssemos chegado antes poderíamos tentar arranjar convites. _Comentei.
Pietro deu um sorriso e balançou algo na minha frente._Talvez tenhamos sorte.
_Como você conseguiu isso? _Falei surpreso ao constatar que ele tinha dois convites, sendo que só faziam três horas que estávamos ali.
_É incrível o que se pode fazer quando se tem presas. _Disse ele passando a língua nas presas pontiagudas.
_As vezes você me assusta. _Digo.
Ele da um sorriso intimidador ainda com as presas amostra. Sua expressão era a de um sanguinário sem escrúpulos, confesso que senti um frio na espinha. Os vampiros não são muito bem-vindos em alcatéias por não serem confiáveis. Aprendi com meu pai a odiá-los e agora sei o por que, parecia que ele ia pular no meu pescoço a qualquer momento, e do nada sua expressão muda e ele solta uma gargalhada alta._Você devia ver a sua cara! _Tomba na cama segurando a barriga enquanto gargalha até sair lágrimas de seus olhos.
Fecho a cara e jogo um travesseiro nele.
_Seu sanguessuga imbecil!
_Ele finalmente para de rir e levanta da cama._Bem, já perdeu a graça. Vamos nos arrumar para a festa. _Vai em direção ao guarda-roupa e retira duas peças de roupa chique.
_Você conseguiu isso junto com os convites? E como os colocou aí sem que eu percebesse? _Pergunto realmente encucado.
_Claro. Bem eu tenho meus métodos, tome. _Me joga um terno.
♦♦🔱♦♦
Depois de estarmos bem arrumados saímos da pousada para a tal festa de gala.
Eu com um terno e colete de cor cinza com uma camisa em um tom de bege claro, e Pietro com um terno e colete preto com uma camisa branca.
Chegamos ao casarão em que acontecia a festa, um cara mal encarado estava na porta, pelo seu tamanho e a quantidade de músculos provavelmente era um elemental da terra. Seus olhos amendoados da cor castanho-escuro mostravam que ele dominava a parte mais bruta da matéria -Terra, Areia, cascalho, pedras-. Esse tipo de elemental eram ótimos como seguranças._Convites, por favor. _Falou o elemental nos observando com seus olhos amendoados.
Entregamos os convites a ele que analisou-os, mas por algum motivo não tirava os olhos de Pietro._Tudo em ordem. _Disse acenando para o outro segurança que abriu o portão. Antes de passarmos pelo grandão Pietro foi barrado, o olhei sem entender o por que daquilo, Pietro estava com a mesma expressão despreocupada.
O cara encarava Pietro como se estivesse procurando algo de familiar, como se estivesse tentando se lembrar dele._Algum problema? Perguntou Pietro calmamente encarando o homem com uma sobrancelha arqueada.
_Não, desculpe. O confundi com alguém. _Disse o homem finalmente abrindo caminho para que Pietro passasse. Entramos esquecendo o ocorrido.
A festa estava um tédio como todas as festas que envolvem granfinos. Pietro estava a vontade como se já pertencesse a esse grupo, e ele estava certo vimos várias damas ostentando joias diversas. Decidi aproveitar a festa e procurar um alvo fácil assim como Pietro já estava fazendo.
A orquestra tocava produzindo uma melodia entediante ao modo que os casais deslizavam pelo salão, todos pomposos em suas roupas de grife, preocupados demais em demonstrar superioridade, mergulhados em sua arrogância para notar o único lobo presente em uma festa exclusiva da alta, que resume-se em grupos de vampiros, bruxas e elementares todos demasiadamente ricos. Os lobos não pertencem a esse círculo mesmo que tenham influência e dinheiro suficiente, pois nos acham "selvagens" demais para estar em sociedade.
Uma desculpa esfarrapada para não dizer que nossa natureza impulsiva estragaria seus inúmeros planos estratégicos e manipuladores.Estava vasculhando o local quando meus olhos depararam-se com uma figura diferente.
Uma jovem de pele branca e cabelos loiro claríssimos caindo em cachos ornamentados em jóias, seu vestido de um branco gelo simples, mas elegante a deixava com um ar inocente. Pude perceber suas várias joias com safiras incrustadas.
Peguei duas taças de champanhe com um garçom que passava por ali e me dirigi a meu alvo com o meu melhor sorriso no rosto._Senhorita. _Digo assim que chego perto dela estendendo uma taça. Ela me olha com seus olhos cinza e percebo estar diante de uma elemental do ar.
_Obrigada. _Ela diz pegando a taça com um sorriso, para logo depois tomar um gole da bebida borbulhante sem tirar os olhos de mim.
Percebo então que de inocente ela só tinha a aparência que é típica de elementares do ar._Qual o seu nome cavalheiro ? _Ela pergunta com um sorriso lascivo. Talvez, só talvez eu tenha a subestimado e ela possa não ser tão fácil de enganar.
_Henrique. Seu criado. _Beijo lhe a mão.
_E o seu jovem dama? _Ela da um risinho._Melanie. _Diz em uma voz aveludada.
_Um belo nome, para uma bela dama. _Sorrio com a frase mais clichê que encontrei.
_Ora, Henrique, sabe dançar? _Me pergunta enquanto me observa dos pés a cabeça.
_Se me der a honra. _Estendo o braço para ela que o agarra prontamente com um sorriso.
Dirigo-a até o salão e começamos a dançar aquela melodia irritante. Depois de um tempo me canso desse jogo de olhares e danças, procuro Pietro entre os outros casais mas não o acho, possívelmente teve mais sorte que eu._O que está olhando? _Ela pergunta virando meu rosto em sua direção.
_Nada interessante. _Dou um sorriso. Preciso agilizar as coisas, por isso a surpreendo com um beijo, que apesar de ter sido inesperado foi retribuído prontamente.
Nos separamos quando ouvimos uma mulher gritar.
_Eu fui roubada! Limparam o cofre! A mulher claramente uma vampira gritava. E adivinha só pra quem foi a culpa? Isso mesmo, eu.
As pessoas ficaram alertas e perceberam minha presenta, nesse momento odiava ser o único lobo presente._Foi ele, aquele cão sarnento! Um homem apontou pra mim. Claro que não fui eu, não tive tempo nem de furtar alguma jóia dessa garota, quem dirá limpar um cofre!
Agora todos olham para mim, inclusive Melanie que eu nem percebi ter se distanciado.
Sabe aquela expressão: quem não deve não teme? Pois bem, ela não se aplica aqui.
Olho para cada rosto e droga! Onde está o Pietro!?
_Guardas! _Grita a vampira que foi roubada. Tenho que sair daqui o mais depressa possível, que se dane o Pietro preciso salvar o meu pelo agora.
Sem pensar pulo a janela mais próxima antes que os guardas, provavelmente do tamanho de armários, cheguem. Corro pela estrada e em pouco tempo ouço passos atrás de mim. Como eu desejo me transformar nesse momento, mas meu lobo está preso pela maldita marca do exílio, então só o que me resta é correr como um humano normal.Percebo que logo, logo serei pego, então quando viro a esquina encontro a janela de um quarto aberta e a pulo fechando-a, coloco a cabeça na mesma e escuto os guardas passarem correndo só então permito-me respirar. Viro-me para ver onde estou e dou de cara com uma espada empunhada em direção ao meu pescoço.
_Você? _É a única coisa que consigo dizer.
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Criada para matar
FantasyUma garota marcada pela tragédia. Katherine perdeu sua família muito cedo vítimas de um assassinato. cresceu sozinha, sem ajuda e sem carinho. A luta pela sobrevivência a tornou em um ser sem emoções. Mas a chegada de um jovem em sua vida mudará tud...