6| Capítulo

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Inimigo ou aliado?

Henrique

_Vamos imbecil. _Disse a Pietro que ainda estava olhando na direção em que a mulher e o garoto foram, com um sorriso torto nos lábios.

_Por que o mal humor Rick? Vai me dizer que ela não é bonita? Só se você fosse cego pra não reparar. _Diz Pietro. Claro que eu reparei, tanto que me incomodou e o pior é que não consigo tirar aqueles olhos de cores tão distintas da mente.

_Mal educada. _Resmungo.

_Eu diria que ela tem uma língua afiada. _Pietro sorri.
_Mas você também não aliviou. O que aconteceu? Você não é assim.
_Não respondo, pois não sei como. Eu realmente não sou assim, mas não consegui me segurar, aquela garota simplesmente mexeu com o meu autocontrole.

Decidimos nos hospedar em uma pousada de estrada, com o dinheiro do colar não teríamos problemas em uma noite. E pelo caminho que aquela mulher tomou, com certeza estaria em Côrcova, não queria acabar cruzando com ela novamente.

_Finalmente vou dormir em uma cama! _Comentou Pietro quando entramos na pousada.

_Sem escândalos Pietro, não queremos confusão lembra. _Eu disse olhando o lugar.

_A claro senhor eu-sou-reservado-mas-brigo-com-uma-estranha-na-Estrada. _Diz Pietro com deboche.

_Espero que não seja muito apegado a suas pressas, pois irei arrancá-las do modo mais doloroso que conseguir imaginar. _O ameaço.

_Calma, calma. Quer saber, acho que não vou dormir hoje, preciso me alimentar. _Ouço-o dizer, as vezes esqueço que Pietro é um vampiro.

Escolho um quarto pagando a diária para o rapaz que estava na recepção. Ele me entregauma chave com uma etiqueta enumerda.

_Como quiser, mas esteja aqui de manhã. _Digo.

_Ah não se preocupe, só me prometa que não morrerá de saudades minhas. _Brinca enquanto caminhamos pelo corredor.

_Tenho coisas mais importantes para me preocupar. _Digo, mas sorrio com o jeito debochado dele. Só o Pietro mesmo pra dizer uma coisa dessas.

Nos despedimos e o vejo pular a janela em direção a floresta, enquanto entro no meu quarto.

♦♦🔱♦♦

O imperador estava sentado em seu trono com entalhes macabros e distorcidos de pessoas em agonia. Girava o grosso anel em formato de serpente em seu dedo anelar, enquanto pensava em algo. No lugar dos olhos dois rubis tão vermelhos quanto a íris do vampiro estavam incrustadas no réptil.

Um servo entrou e fez uma reverência.

_Senhor. Ele chegou. _Anunciou.

_Mande-o entrar. _Disse observando o servo sair.

Avistou a figura entrar em seu recinto. Já faziam meses que o tinha visto pela última vez, e ele não mudara nada.

_Mandou me chamar, senhor? _O visitante fez uma pequena reverência com a cabeça. Claro que não se curvaria. Nunca se curvou.

_Sim. _Disse com sua voz imponente.
_Como andam as buscas? _Continuou após uma pausa.

_Nada ainda. Mas estou próximo posso sentir. _Disse o visitante.

Bateu o punho no trono. A tanto tempo que a procurava sem sucesso. A tanto ansiava tê-la em suas mãos.

_Estou tentando...

_Eu não quero tentativas, e sim resultados. _Cortou-o. Sua voz ecoou pelo salão, firme e autoritária provocando um calafrio no jovem a sua frente.
Levantou-se, suas vestes e postura estavam impecáveis, dignas de um imperador.

_Tenho algo para você. _Disse chamando a atenção do outro.
Apontou para um pequeno centro que continha uma caixa negra.
O jovem a abriu revelando um cordão negro que prendia uma pedra azul.

_Isso me ajudará a encontra-lo quando precisar. _Falou o imperador.
O jovem assentiu.

_Obrigado... pai. _Disse antes de sair.

♦♦🔱♦♦

Henrique

Acordei cedo, talvez Pietro já estivesse voltado. E qual foi minha surpresa ao tropeçar num corpo e dar de cara com o chão.
Olhei para trás com a mão no nariz que agora doía pela pancada, encontrando um Pietro esparramado no chão com um travesseiro na cabeça.

_Qual é Pietro, se quer me matar me joga da janela! _Grito com ele de mal humor o despertando.

_Isso é jeito de acordar um amigo. _Ele resmunga.
_Como se você fosse morrer por cair da janela, e aliás se você tivesse reservado um quarto pra mim, eu não teria que dormir no chão. _Levantou-se espreguiçando-se lentamente, pude ouvir suas articulações estalando.

_Ok, ok, pensei que só voltaria de manhã. E como foi a caçada?

_Intensa. _Ele responde enquanto calça os sapatos.
_Quer saber os detalhes? _Pergunta com um sorriso travesso nos lábios.

_Você sabe que não. _Respondo fazendo careta ao imaginar a cena.

_Bem, se apronte logo. _Disse saindo.
_Estarei no salão, não quero que pensem que dormimos juntos, isso seria humilhação demais. _Sorriu fechando a porta.

Balancei a cabeça não acreditando no que acabei de ouvir, enquanto pegava uma toalha indo em direção ao banheiro.

Após sairmos da pousada, montamos em nossos cavalos e seguimos viagem. Estávamos ambos com as calças e camisas sociais que vestíamos antes, exceto que Pietro usava um colete por sobre a camisa. O restante das peças de roupa estavam guardadas junto a outros bens.

_Pra onde vamos agora? _Perguntei.

_Que tal para Garland, ouvi dizer que muitas damas ricas vivem por lá. _Pietro disse com seu costumeiro humor.
Devolvo o sorriso.

_Que seja então, rumo a Garland.

_Que tal uma corrida? _Pietro propôs. Lembrei-me automaticamente da senhoria de gênio forte.

_Acho que acabei com a minha cota de acidentes por essa semana. _Falo, o que acaba dando brecha para mais uma das piadas inconvenientes de Pietro.

_Com medo de encontrar outra donzela com garras, meu caro amigo? _Gargalha incitando seu cavalo à correr, me obrigando a segui-lo

Mal sabíamos nós que em breve encontraríamos a dona dos olhos de cor tão incomuns.

Criada para matarOnde histórias criam vida. Descubra agora