Prólogo

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A garotinha de cabelos negros e olhos enormes cinzentos e curiosos, estava no quarto com sua mãe, a mesma contava-lhe uma história antes de dormir. O ambiente todo decorado com inúmeros bichinhos de pelúcia, desenhos em traços coloridos e infantis junto a paredes e móveis em tons rosa e branco, contribuíam com o ar mágico e inocente da história cheia de aventuras, romance, e amizade que a mulher contava para sua filha. Após dar uma rápida olhada na pequena garotinha de cabelos negros percebeu que a mesma dormia tranquilamente, fechando o livro com a história inacabada o pousou com cuidado sobre a cômoda ao lado da cama, levantou-se e cobriu a garotinha que se mexeu mudando de posição, beijou a testa da pequena com carinho se dirigindo a porta, não antes de ligar o abajur e desligar a luz do quarto. Deu uma última olhada na garotinha com cara de anjo e saiu a deixando no mundo dos sonhos.

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Acordou assustada e ofegante, teve um pesadelo e sua cabeça doía, ultimamente sentia várias dores de cabeça preocupando sua mãe, olhou ao redor ainda alarmada sentindo seu coração pulsar rapidamente. Aos poucos foi controlando a respiração quando seus olhos avistaram o retrato do seu pai na cômoda, não tinha lembranças do mesmo pois quando ele morreu tinha apenas cinco anos, agora possuía dez, sentiu-se mais segura apenas em observar aqueles olhos no mesmo tom acinzentado que o seu congelados naquela imagem.

Levantou-se saindo do seu quarto indo em direção ao da sua mãe trazendo consigo seu cobertor arrastando no chão. Abriu a porta com um pouco de dificuldade tendo que ficar na ponta dos dedos dos pés para alcançar a maçaneta e gira-la, após abrir procurou com os olhos a sua mãe não a encontrando, fechou a porta e andou pelo corredor em direção às escadas descendo cada degrau devagar e com cuidado segurando no corrimão para não cair foi a cozinha e não tinha ninguém, neste momento que ouviu um barulho vindo da sala saiu em direção da mesma.

Ao entrar na sala seu coração falhou uma batida, não acreditou no que seus olhos a mostravam.

Sua mãe estava caída no chão ensanguentada e imóvel.

_Mamãe! _Gritou correndo em sua direção, a abraçou forte chorando, sua mãe estava ali, mas não a sentiu respirar continuava imóvel contra os protestos desesperados da garotinha em faze-la acordar e quando percebeu que seria inútil, pois sua mãe não mais partilhava o mundo dos vivos, chorou em seu colo como nunca antes agarrada a suas roupas sujas do sangue que manchava agora, também, as vestes e mãos da criança e escorria pelo chão em uma poça escarlate.

Nesse instante percebeu que não estava sozinha, um homem de aparência cruel com uma faca em mãos estava agora em sua frente, não o tinha notado, pois o mesmo permanecera em silêncio e estava distraída demais em seu próprio sofrimento.

_ Ora, Ora, o que temos aqui. _Disse o homem com um sorriso macabro ao ver que tinha sido notado.

Katherine levantou-se assustada.

_Q-quem é você? _ Gaguejou ao perguntar sentindo o medo crescer em seu peito.

_Isso não interessa no momento. _Falou devagar o homem aproximando-se dela.

Katherine deu um passo para trás. _ Por que fez isso? _Perguntou em um tom de voz trêmulo e assustado a única coisa que passou por sua cabeça.

_Eu não queria, juro que não queria, mas sua mãe não facilitou. Receio que terei de matá-la também. Não leve para o lado pessoal, mas não posso deixar testemunhas. _O homem fez uma expressão de pesar fingido como se realmente não quisesse fazer mal a Katherine, mas fosse obrigado devido a sua intromissão. Trocou a faca de mão enquanto avançava em sua direção.

_Mas sabe. _Continuou o homem. _Nós podemos nos divertir primeiro. _A olhou com cobiça. _Garanto que irá gostar. _ Dito isso sorriu de modo assutador para Katherine que estava extremamente assustada.

Cada passo que ele dava Katherine recuava dois, até que bateu as costas na parede. Estava perdida, aquele homem matou sua mãe e iria matá-la também não antes de machuca-la, entrou em pânico começando a chorar sabendo que estava perdida.

Sua cabeça começou a doer, uma dor aguda que começava na nuca e subia a testa.

"Não, agora não"

Pensou cosigo. Aquela dor de cabeça não poderia ter escolhido hora pior para aparecer, mas dessa vez estava pior, insuportável.

Pôs as duas mãos na cabeça fechando os olhos com força, por um momento esqueceu que seu agressor estava na sua frente tamanha era a dor que sentia, era como se algo esmagasse seu crânio adormecendo todos os seus sentidos, rasgando tudo dentro de sí com uma dor lancinante.

Não aguentando mais comessou a sussurrar para que parasse de doer, como se isso a ajudasse.

O homem aproximava-se de Katherine que estava encolhida no quanto da parede com as mãos sobre a cabeça como se estivesse em agonia mal parecia que lhe via.

Parou de súbito quando começou a ouvir vozes de criança na sua cabeça.

"Para por favor... para...eu não aguento...para, para... por favor... para..."

Ouvia repetidamente sem saber de onde vinha aquela voz, não parecia que a garota a sua frente estava falando e isso o atormentou.

Os móveis e bjetos da sala começaram a tremer como se fossem chacoalhados por uma força invisível.

O homem soltou a faca andando em círculos assombrado.

_Sai da minha cabeça! _Gritou atormentado tentando em vão calar a voz em sua mente. Virou-se para Katherine talvez se matasse aquela garota a voz sumisse não sabia o que estava acontecendo, mas a culpa era dela.

Ao começar aproximar-se da garota, as vozes ficavam mais altas e os objetos balançaram mais. Parou novamente desistindo, pois o seu cérebro parecia que iria explodir a qualquer momento e dessa vez colocou as mãos na mesma tampando os ouvidos em uma vã tentativa de amenizar a voz, que agora praticamente gritava.

Katherine não aguentou mais a dor caindo de joelhos com as mãos na cabeça, soltou um grito agudo que se misturou com o urro de dor do assassino ao sentir seu cérebro sofrer uma pressão sobrenatural o esmagando, ao mesmo tempo que todos os vidros da sala se espatifaram formando uma melodia aterrorizante.

O homem caiu no chão com os olhos esbugalhados, os vidros espalhados pelo local alguns cravados nos corpos no chão.

Katherine sentiu um alívio instantâneo da dor insuportável em sua cabeça após passado o caos. Levantou a cabeça olhando a destruição e os corpos de sua mãe e do estranho, mortos, caídos no chão contribuindo para aquele cenários surreal e macabro aos olhos da criança, fechou os olhos e abraçou deixando as lágrimas caírem.

O único som a se ouvir foram dos soluços de Katherine em meio aquele silêncio angustiante.

Criada para matarOnde histórias criam vida. Descubra agora