8- Casa monstro.

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Minha respiração está desregulada e meu peito sobe e desce claramente ofegante. Gotas de suor escorrem pelo meu rosto e eu paro a corrida apoiando as mãos sobre o joelho.

-Marcelly, eu não aguento mais - anuncio cansada e ela para logo a frente soltando um leve riso.

-Vamos terminar de dar a volta no quarteirão e ai voltamos fazendo caminhada - ela me estende a garrafinha de água e eu ataco a mesma como uma verdadeira sedenta - Meu Deus Clhöe, você é uma sedentária de primeira, não fazem nem quinze minutos que estamos correndo - Marcelly se senta ao meu lado na calçada e põe a mão em minhas costas enquanto tento acalmar minha respiração.

-Essa vida não é para mim - confesso soltando um leve riso.

Eu devia mesmo ter ficado em casa ajudando minha mãe a revisar os textos dela. Já passam das 15:00 da tarde e a única coisa que eu queria agora era a xícara de chá e ler um bom livro de baixo das cobertas, mas ao invés disso, aqui estamos, correndo!

Como foi que Marcelly conseguiu me convencer mesmo? 'A gente passa na livraria da sra. Dawil' e até agora, nem se quer passamos perto.

- Vamos passar lá na fraternidade para pegar um livro com Violette e voltamos para casa - Marcelly comenta.

-Qual fraternidade? - arqueio a sobrancelha enquanto ela me ajuda a levantar.

-A única fraternidade que existe em toda Brighton aonde moram os jovens que vem para estudar - ela dá um tapinha em minha testa como se eu soubesse que existisse só uma aqui na cidade - Na verdade, os únicos jovens dessa cidade vieram para cá para estudar, moram naquela espécie de pensão - Marcelly comenta e aponta para uma grande casa no final da rua.

-Quantas pessoas moram lá? - ela dá os ombros com a minha pergunta.

-Talvez umas oito, porém você só chegará perto de uma que se chama Violette.

Nos aproximamos da bela construção antiga e aposto que de noite, iluminada pela luz da lua, daria um belo cenário de filme de lobisomem, eu não me lembrava dela ser tão grande, na semana passada, quando teve a festa aqui.

-Não mecha em nada que não for da sua conta, e nem faça perguntas que não são da sua conta - Marcelly dá as instruções como se estivessemos prestes a entrar em um campo minado - Digamos que pessoas de fora não sejam muito queridas aqui a não ser em festas, mas Violette é minha amiga, então eles tem que me engolir e agora vão ter que engolir você também - ela diz enquanto subimos os pequenos degraus que levam a enorme porta de madeiro envernizada.

Sem muita cerimônia, Marcelly abre a porta e dá passagem para que eu entre.

-Estamos entrando - ela anuncia. fechando a porta.

Deparo-me com a imensa sala de estar, com a mesa de sinuca no centro aonde o rapaz dos cabelos platinados joga sinuca com uma outra dos cabelos pretos.  No sofá, que ontem estava afastado no canto para que todas as pessoas pudessem usar o espaço para dançar, hoje Tabitta, a garota que Marcelly havia me apresentado, que cursa moda e que para Marcelly não é uma boa pessoa, está sentada fumando cigarro como se precisassem daquilo para viver. O local é iluminado apenas por uma luz fraca avermelhada e as cortinas vinho estão todas fechadas deixando a sala abafada e com um cheiro forte de cigarro, que não parece incomodar ninguém ali.

-Aonde está Violette? - Marcelly pergunta chamando a atenção de todos que me olham e eu dou um passo para trás dela.

-Me desculpe, mas não temos GPS de ratos - responde o rapaz na mesa de sinuca fazendo Marcelly revirar os olhos.

-Desde quando você sabe o que é um GPS? - Marcelly retruca me puxando dali

Ele gargalha balançando a cabeça negativamente.

𝕺𝖓𝖔𝖒𝖆𝖙𝖔𝖋𝖔𝖇𝖎𝖆  ➼ʜᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora