54- Persianas.

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|Styles|

Dias antes deles se encontrarem na floricultura ↔

Subo as escadinhas que dão ao consultório da doutora Nora e como se fosse sempre a primeira vez, sinto um frio na barriga e tudo o que mais quero é correr de volta para o casarão, mas permaneço subindo, sem uma sequer dessa vez, expectativa em encontrar Clhöe por aqui.

Depois do dia que eu a encontrei aqui, corri em terminar meus trabalhos para poder trocar os horários das minhas seções, porém se aquela velha me mandar desenhar mais alguma coisa, vou embora na mesma hora.

Não sou um caralho de um arquiteto para ficar desenhando janelas.

Bato na porta e ouço sua voz rouca por trás da porta.

-oh, entre - ele diz e eu abro a porta sem jeito.

-Harry! Que bom revê-lo - ela anuncia e eu dou um aceno com a cabeça.

-Olá doutora.

-Como você tem passado?

-Sem dormir - respondo e ela suspira.

-Fora isso - ela tenta ser otimista.

-O que vamos fazer hoje? - questiono já querendo ir embora.

-Hoje vou deixar você aonde você gosta de estar - ela responde se levantando de sua poltrona - no controle - e me entrega seu bloco de notas - vamos lá, sente aí - ela se anima retirando os óculos trocando de lugar comigo que sem entender sigo as instruções dela - eu tenho acompanhado seu desenvolvimento nas seções e quero te contar um pouco sobre o caminho que já trilhamos. Eu vou falar e você vai anotar as palavras que você achar que são chaves, assim como sempre faço, quando eu terminar, vamos focar nas palavras que você destacar aí, então anote, mesmo que seja besteira pra você.

-Tá.

E aí ela se deita.

-Já tivemos três seções, essa é a quarta. A primeira você me procurou e eu te perguntei o que havia te trago aqui, você disse que queria proteger alguém mas talvez estivesse fazendo o contrário.

Anoto a palavra proteger.

Ela prossegue.

-Questionei o porquê queria proteger essa pessoa, e você disse que não queria perder ela.

Perder.

- Eu reparei no quão você estava arrasado Harry, naquele dia. Você não só queria perder ela. Você estava com medo.

Medo.

-Você vai jogar na minha cara agora? - afronto e ela dá os ombros.

-Nós conversamos sobre perdas aquele dia. Você me contou do seu carrinho de controle remoto que você ganhou de natal, na semana seguinte o controle caiu de uma altura e parou de funcionar. E você amarrou um barbante nele, para poder guiar, o que para mim foi uma idéia genial - solto um leve riso com o comentário irônico dela.

𝕺𝖓𝖔𝖒𝖆𝖙𝖔𝖋𝖔𝖇𝖎𝖆  ➼ʜᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora