51- Blues.

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Brighton está sempre me surpreendendo quando o assunto é frio e escuridão. As ruas parecem estar mais silenciosas que o normal, não há ninguém, absolutamente ninguém nas ruas, que são iluminadas pelos postes antigos de luzes amareladas, e distante, bem distante, posso ouvir os músicos tocando Blues na praça principal.

Apresso meus passos me abraçando por conta do vendo frio que bate contra meu rosto. Decido colocar o capuz do meu casaco vermelho e escondo as mãos nos bolsos do mesmo.

Minha respiração ofegante se condensa no ar enquanto viro a esquina, avistando de longe o casarão, por ser uma construção alta que se destaca sobre as outras.

Eu paro por um instante ouvindo uma lata de lixo sendo derrubada em um beco, mas suspiro aliviada ao ver que se trata de dois gatos brigando.

Por Deus, estou assustada.

Aperto mais o passo mas sinto meu coração gelar quando ouço o som de botas ecoarem pela rua escura, denunciando a presença de mais alguém ali, bem atras de mim. E no mesmo instante me lembro dos noticiários, jornais, Megan, Marcelly e talvez Violette.

Por Deus, não é possível que não haja nenhuma ligação, não é possível que em uma cidade tão pequena e com tão poucos habitantes, a polícia não consiga resolver logo esses crimes e pegar o assassino antes que mais alguém se machuque.

Eu me viro, e paro tentando enxergar, mas não consigo reconhecer quem é que vem pela calçada e sem querer pagar para ver, saio dali em disparada.

Fugindo seja lá de quem esteja vindo atras de mim. Só agora tomo ciência da atitude precipitada que tomei saindo de casa. Ninguém foi tão burro o bastante para isso.

Tropeço em meus próprios pés e vou parar no chão. Viro-me para trás e arqueio a sobrancelha ao ver a figura que só consigo ver o rosto, depois que passa de baixo de uma poste de iluminação.

-Liam, que susto.

-Está tudo bem? - ele diz se aproximando de mim, me estendendo a mão para que eu me levante - estava fugindo de quem?

-D-De... ninguém - respondo limpando meu casaco agora sujo de folhas secas - o que tá... fazendo na rua essa hora? - pergunto.

-o que eu estou fazendo na rua essa hora? Eu quem devo te perguntar isso, seus pais sabem que você..

-Não e você também não vai falar - interrompo ele que levanta os braços como sinal de rendição.

-Não mesmo. Mas vou te levar para casa - ele diz tirando uma folha presa em meus cabelos.

-Não posso voltar agora, eu... tenho que ir ao casarão - Liam arqueia a sobrancelha com a minha fala.

-A essa hora?

-Liam... - resmungo enquanto ele me questiona incrédulo - aliás, e o que você, está fazendo na rua essa hora?

-Tem uma capela ali na rua de trás, sempre venho essa hora, você sabe... é bom - ele da os ombros - vai ir fazer o que no casarão a essa hora?

-Preciso, concertar algumas coisas - digo chutando algumas pedras enquanto caminho ao lado dele.

-Concertar... você não tem cara de que quebra as coisas, você sabe que a casa já é velha né - ele brinca e eu bato em seu ombro.

𝕺𝖓𝖔𝖒𝖆𝖙𝖔𝖋𝖔𝖇𝖎𝖆  ➼ʜᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora