16- Ótima Caligrafia.

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| Styles |

Talvez eu poderia fazer isso todas as noites, mas isso me resultaria em constantes insônias e eu só vim aqui porque estou preocupado com o que aconteceu.

E por mais fofo que pareça ser para um casal apaixonado, é completamente errado, e por mais que eu saiba disso, não consigo simplesmente deitar a cabeça no travesseiro e dormir sem me preocupar e pensar que talvez ela possa estar novamente dentro daquela banheira.

Por Deus, eu nunca tinha visto aquilo. Foi a primeira vez que vi com meus próprios olhos alguém com coragem o suficiente e cansada o suficiente para dar um fim na própria vida. Eu tive medo depois de anos.

Tive medo por ela. Por Deus, essa garota é totalmente o contrário do que eu pensei. Ela é forte o suficiente para dar um fim na própria vida. É uma dor gritante.

Clhöe me faz querer saber mais sobre ela a cada vez que nos encontramos. Não tem como saber quem ela é, a única coisa que eu sei, é que ela é alguém muito pior do que eu. Totalmente quebrada e temo perdê-la antes de conseguir juntar seus pedaços e montar todas as peças do grande quebra cabeça que ela é.

Quero muito descobrir o que houve com ela antes de vir para Brighton. Os olhos dela dizem tudo e ao mesmo tempo nada.

Alguém fez mal para ela. Algo muito cruel. Clhöe tem os olhos mais tristes que já vi em minha vida. Ela é tímida e arisca com qualquer um que chegue perto. E isso é triste.

É triste ver uma garota tão encantadora se escondendo de algo. Se escondendo dela mesma.

|Clhöe |

Acordo antes do despertador prestes a tocar. Estico o braço sobre o criado mudo desativando o bip e me permito  ficar por mais alguns minutos na cama, pensando sobre a noite de hoje e motivo de Styles ter vindo aqui. O  cheiro de sua colônia em minhas cobertas, me impede de achar que foi um sonho e soltando um grunhido não encontrando resposta para atitude dele nem para a minha, acabo me levantando e indo para o banho.

Após sair do banho visto a calça jeans de lavagem escura, a blusa de moletom cinza e meu par de tênis pretos, deixo meus cabelos soltos para esquentar meu pescoço e arrisco a passar um corretivo para melhorar minhas olheras, depois dessa semana em casa, afastada da faculdade, preciso aparecer com a fisionomia o mais normal possível, porque com certeza, lá todos já devem saber do meu incidente.

-Clhöe? - tio Will entra em meu quarto sonolento.

-Eu fiz muito barulho? Desculpe tio - pego a bolsa pronta para descer as escadas.

-Aonde você vai? Você vai voltar para a faculdade hoje?

-Sim - respondo apressada.

- Quer que eu te leve? Seu pai saiu cedo hoje. Não acho que deva sair sozinha, ainda mais cedo assim.

-Tudo bem tio, obrigada.

- Vamos lá então  - ele anuncia pegando seu casaco vermelho de botões grandes, passa a mão no cabelo e eu gargalho enquanto ele tenta ajeitar os cabelos, mas desiste e coloca seu chapéuzinho preto vindo  correndo até o carro.

-Meu Deus Clhöe, que frio.

-É.

-O campus é muito longe? - nego - a
Ah Meu Deus, estou congelando - ele faz drama - Você também está congelando. Por que não veio enrolada nas cobertas? - gargalho caminhando ao seu lado.

-Acostume-se, Brighton é uma cidadezinha esquecida pelo sol.

- Depois da sua aula podemos fazer alguma coisa? - confirmo animada - Venho te buscar, tudo bem para você?

-Sim.

-Meu carro chega hoje dos E.U.A, nós podemos ir ao cinema, você pode chamar alguma amiga bonita sua para ir junto.

-Pode ser - digo ofegante enquanto damos passos largos e me despeço dele no portão do campus.

Quando entro na sala, só encontro lugares perto da janela por onde entra o frio, sem opção sento-me na frente do lugar de Styles que está vazio na fileira da janela.

A sala permanece em silêncio enquanto a professora caminha de um lado para o outro explicando um novo tema, e os alunos fazem algumas anotações em seus cadernos. Já eu, rabisco a última folha de meu caderno com a caneta preta, esperando as horas passarem ansiosa para ver tio Will novamente.

Styles não veio hoje e não sei se fico feliz ou triste com isso. Quero vê-lo e falar com ele, mas ao mesmo tempo tenho medo de encará-lo. Sei que ele está intrigado comigo e boa parte de mim é algo que não quero que ele conheça.

Sem notar, percebo que meus rabiscos formaram seu sobrenome.

Styles.

Fecho o caderno num subido e respiro fundo vendo que chamei a atenção de alguns alunos próximos que me olham arqueado a sobrancelha.

Por que ele estava no meu quarto?

-Você tem uma ótima caligrafia  - sua voz rouca soa atrás de mim e meus olhos se arregalam, enquanto sinto meu rosto corar.

O caderno escapa da minha mão e vai parar no chão.

Calma, eu não estou tão desesperada assim.

Me abaixo para pegar o caderno e meus dedos se encontram com os dele. Puxo o caderno e o escondo debaixo da carteira, enquanto a professora inicia um pequeno texto no quadro negro.

Como Styles foi parar aí? Como passou por mim e eu nem sequer notei?

Sua colônia masculina toma conta do ambiente me impedindo de pensar direito e um leve cheiro de menta entra pelo meu nariz assim que ele dirige a palavra a mim novamente.

-Não é como se você tivesse cometido um crime - ele diz soltando um leve riso.

Abro o caderno na matéria de Psicologia Comportamental e copio o titulo do texto.

A professora se vira para voltar à explicação, mas é interrompida por três batidas na porta.

Abaixo a cabeça encarando minha caligrafia tremida, esperando a professora.

-Srta Beaumont? - chama ela me fazendo erguer a cabeça - Você está liberada - arqueio as sobrancelhas sem entender, e um sorriso se abre em meu rosto ao ver tio Will com a cabeça enfiada no vão da porta acenando para mim.

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Perdoem minha demora, minha visão está um pouco ruim, e eu preciso fazer outro óculos.

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Bjjs até o próximo Cap

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