Do Outro Lado

A Separação

Linda se vira calmamente para seu marido. Fica exatamente onde está e se preocupa por nunca ter visto seu companheiro daquela maneira, estava irreconhecível, estranho. O cheiro de bebida barata estava em todos os cantos da casa.

- Oi amor. Cheguei um pouco tarde porque entrei no carro e, você acredita, apaguei. - Ela explana as palavras com cuidado.

Linda se conduz até John para lhe dar um beijo breve, e ele se levanta recusando. Com o ato, ela o encara com perplexidade, sem pestanejar.
O homem fedia a cigarro e bebida cachaça. Esse estranhamento ela não estava suportando.

- Tudo bem com você, John?

- Comigo não, mas acho que você está ótima. - Ele afirma com um tom sarcástico, largando o copo vazio no chão.

- Não entendi o que você quis dizer... - Diz confusa. - O que você quer falar comigo é algo importante? Hoje o dia foi exaustivo, estou cansada. Podemos falar amanhã?

- Suponho que tenha sido mesmo... Muito cansativo. - John comenta ainda irônico.

- John, se você vai ficar assim, então é melhor conversarmos amanhã... - Linda vai se encaminhando até a escada, e o homem vai atrás dela, a puxando pelo braço esquerdo. Com a força do puxão Linda é obrigada a ficar de frente para ele.

- O que há de errado com você John? Me solte! - Ela exclama, transparecendo medo. - Está diferente, e esse odor está me dando ânsia.

John ainda com as mãos sobre o braço da esposa, aperta deixando a marca de seus dedos. Ela dá um grito e ele à solta.

- Por que você está fazendo isso comigo? - Linda sente seu braço latejar.

- Você não ouviu minha mensagem? - O homem demonstrava estar fora de si.

- Que mensagem? Que horas você me mandou?

- Na mesma hora em que você estava transando com seu amante. - John grita, petulante. - Ou você acha que sou tão idiota a ponto de não saber o que ouvi? - Completa.

Linda sente uma eletricidade estranha lhe percorrer. O que seu marido disse, lhe acertou a cara em cheio.
Seu interior está sufocado, seu inconsciente manifesta-se. Os pensamentos invadem sua mente e Kathryn queria sair e ter o controle da situação de uma vez por todas, mas consegue apenas orientar:

* Não diga nada, negue tudo. *

Linda se assusta ao ver até que ponto seus pensamentos vão, assim sacode a cabeça tentando afastar as vozes.

- John o que você ouviu? Não estou entendendo nada.

O homem dá uma gargalhada assustadora, fazendo a mulher dar um passo para trás. O homem a segura.

- Você sabe, não se faça de santa. De santa você passa longe. Você achou que duraria até quando esse caso, hein?!

Kathryn não gostava do jeito que John estava tratando Linda. Ela queria fazer algo, porém não conseguia, sabia muito bem que uma tentativa de assumir o controle, nesse momento, poderia fazer mal à Linda. Foi ela quem provocou aquilo e era ela quem devia assumir uma posição, mas não assumiria sozinha.

*Você não está conseguindo convencer. Eu tenho que dar um jeito nesse John.*

- Cala a boca! - Linda grita para seu inconsciente.

John move-se com ímpeto e pega Linda pelo pescoço. Ele a olha com incredulidade, achando que o grito foi para ele.

- Você é uma... - John não consegue completar a frase. Apertando sua mão com mais força em volta do pescoço da mulher, vendo-a choramingar. Então ele a larga. - Você está livre para ficar com quem você quiser. Amanhã eu volto para pegar minhas coisas. - Ele se afasta e dá as costas, andando com vigor.