Epílogo: De Repente... Presente De Aniversário

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"A faxineira não vem hoje, amor." Edward disse deixando só sua cabeça aparecer no batente da porta.

Abri somente um olho, e formei um bico horrendo em minha boca. "O quão certo você está disso?"

Ele riu. "Muito."

Jogou um beijo e fechou a porta novamente, o que me fez logo bufar e enterrar meu rosto entre as mãos.

Faxineira! Onde está você? Eu quero você!

"TONY!" Gritei, mas me lembrei que ele nunca me ouviria já que estava na escola. Céus! Por que eu não fora trabalhar hoje? Por que meus filhos foram na escola? Por que Edward estava trancado em seu escritório estudando para as provas finais da faculdade? Por que a faxineira não viera?

"Ok... Ok... É nós." Levantei-me tentando dissipar qualquer preguiça ainda existente em mim. Desabei na cama novamente no segundo seguinte que pisei no chão, e só depois de alguns longos minutos eu levantei novamente, dessa vez repetindo qualquer mantra idiota de prosseguimento em minha mente.

A varanda estava cheia de folhas e poeira levadas pelo ar do outono. Eu poderia passar o dia varrendo-a, que elas voltariam de novo... E de novo...

Deixei para lá. UGH! Desaforo! Não vou varrer algo que logo vai se sujar de novo!

Comecei então pela gaveta da minha cômoda. Estava uma bagunça!

Nem sequer abri a de Edward, afinal iria provavelmente ficar com vergonha da organização onde doce e mais doce eram organizados por ordem alfabética e por cor.

Tirei vários papéis, etiquetas de roupas, plásticos, embalagens vazias, papéis de balas, grampos de cabelo, arminhas de brinquedo, uma 34, uma garrafa vazia de amarula, e mais algumas coisas básicas. Algumas canetas sem tinta foram para o saco de lixo também.

Até que quase quebrei meu dedo ao bater em algo duro no fundo da gaveta.

"Eu hein..." Então peguei e quase levo um susto com que eu vejo.

Em letras garrafais na capa, trazia:

"Entre o amor e o pecado."

Eu senti uma vontade imensa de rir... E foi o que eu fiz.

Há anos que eu não tocava naquele manuscrito, nem sabia que estava na gaveta.

Só lembro depois do jogo dos YANKEES há tantos anos eu tê-lo visto, e frustrada por não conseguir um bom final, jogá-lo em qualquer canto.

Provavelmente Edward ou a faxineira, Mary, teria guardado.

Tomada por uma sensação de nostalgia e por ter algo a que fazer agora além de poluir minhas narinas com poeira e ácaros, peguei um suporte de leitura de colocar na cama e encostei-me a ele.

Em horas eu ria, outras eu chorava. Eu realmente havia escrito tudo aquilo?

Abanei a cabeça ao me lembrar da primeira vez que percebi que tinha um cérebro avantajado, da visita aos mestres dos magos celestiais, e até da primeira vez em que vi Edward naquelas bodas de prata há oito anos.

Credo! Oito anos... Pareço uma velha!

Continuei lendo e me surpreendi quando havia uma letra diferente da minha - elegante e fina - cruzando a última folha.

A letra de Edward!

Um dia, em meio á mil devaneios sobre sua história e suas percepções, a mulher chegou á uma conclusão muito importante:

Não existia a escolha 'entre o amor e o pecado', pois se ela escolhesse o amor, ela não estaria escolhendo o pecado. Pois não está escrito em nenhum lugar, nem mesmo na bíblia, que amar, é pecar.

De Repente... ReligiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora