Capítulo 9: De Repente... As Ilusões

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Um mês depois. Novembro de 2007.

O vento açoitava meus cabelos gentilmente, e um cheiro de lavanda tomava conta do ar. Uma vontade imensa de deitar na grama me inundou, e assim eu o fiz.

Uma risada veio de algum lugar mostrando que alguém me observava.

Levantei meus olhos encontrando Bella trazendo uma grande cesta de piquenique.

"Você adora isso aqui, não é?"

"Adoro." Disse me levantando e observando suas roupas.

"Porque você se vestiu de freira novamente?" Ela sorriu.

"Eu não estou, eu sou uma freira."

"Impossível." Abanei minha cabeça me aproximando dela. "Não depois de tudo o que a gente passou."

Ela encolheu os ombros e pegou uma maçã da cesta e riu a observando.

"O que foi?" Passei a mão pelos seus cabelos. Enquanto observava as mechas caindo por entre meus dedos.

"Maçã. Fruto proibido." Ela continuou a rir como se aquela fosse à maior piada do mundo. "Você é proibido." Ela completou.

Eu sorri com sua observação. "É fruto proibido," Disse pegando a maçã das mãos dela também. "Mas a gente pode muito bem fazer isso aqui." E dei uma grande mordida na maçã e enquanto olhava para ela.

Ela sorriu e deu uma mordida na maçã também. "Delicioso." Ela disse passando línguas pelos lábios...

"Assim como você." Eu acrescentei me aproximando, e ansiando colocar sua boca na minha e provar o quanto o proibido poderia ser duplamente delicioso.

"NÃO!" Eu abri meus olhos de repente, observando que eu não estava mais na grama e sim na minha própria cama que estava encharcada de suor.

Eu estava respirando com dificuldade e levantei rapidamente passando a mão pelos meus cabelos. Senti algo entre minhas pernas e abaixei meus olhos gradativamente.

Oh. Meu. Deus. Não... Não! Uma tenda se formava na minha bermuda, e eu não conseguia acreditar naquilo.

Passei minhas mãos na tentativa de fazer aquilo abaixar. "Desce, desce..."

Mas o resultado foi exatamente o contrário. Bufei e corri como se a própria coisa ruim estivesse em minha cama, e abri a porta do banheiro. Colocando o chuveiro com a água fria que ardeu no meu corpo.

Banho frio, no inverno. Perfeito. Não me importava se meu corpo estava dando sinais de oposição, eu merecia ficar ali, morrer congelado e ir direto para o inferno.

Espalmei minhas mãos na parede fria do banheiro e bati minha cabeça, repetidas vezes na parede, tentando tirar aquelas imagens de minha mente.

Eu não poderia pensar... Sonhar, qualquer daquelas coisas com Bella. Céus, nem com ela e nem com ninguém. Eu era padre! Não, eu sou padre! Sou fiel á Deus. Sem mulheres... A não se que...

Sim... Só podia ser isso.

Tentação.

Era essa a explicação. Alguém estava tentando que eu caísse em tentação por Bella. Talvez até a própria coisa ruim entrara no meu sonho e projetara tudo aquilo.

Mas não com Bella... Não com minha amiga... Uma pessoa boa, uma pessoa respeitável, que no último mês se tornara voluntária no orfanato, me ajudara, me apoiara... O que ela pensaria se soubesse do meu sonho com ela?

Com certeza, ela viraria as costas e nunca mais me veria. Sairia da igreja, sem olhar para trás. Como eu merecia, mesmo.

Saí do banho sem nem me dar o trabalho de enxugar e coloquei as roupas por cima do corpo molhado. Peguei o terço me ajoelhei de frente á imagem de Jesus que tinha no meu corpo.

De Repente... ReligiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora