Acordei com o meu celular apitando, levei alguns segundos até encontrar ele, estava um pouco tonta de sono. Ver filmes de madrugada para me distrair, não foi uma boa escolha já que hoje é segunda. O nome do Lucas piscava na tela, por cerca de 5 segundos pensei em ignorar, como já estava fazendo a semanas. Mas o fato de me ligar em uma segunda às sete da manhã , me deixou curiosa. Então engoli o orgulho pequeno que me restava e a imensa saudade que estava dele tomou conta e atendi.
- Oi - disse primeiro, tentando me acostumar com a claridade que entrava pelas persianas.
- Oi Anna. Aparece aqui em casa que a gente tem que conversar, mas tem que ser hoje e tem que ser antes das 19 hrs. - disse com uma voz seria, como se o assunto a ser tratado é extremamente importante.
- Certo, depois que saí da loja passo por aí. - respondi, com o coração um pouco apertado. A sensação de que algo estava para acontecer me despertou totalmente. E juntar pelo fato de me chamar pelo nome, me dizia que algo estava errado, Lucas raramente me chama pelo meu nome, depois que começamos a namorar e quando brigávamos ele optava por '' meu anjo, baby ou amor.
Com vários pensamentos conturbados, me forcei a tomar banho e me arrumei para o trabalho, estava adiantava devido a ligação, então consegui fazer minhas coisas mais lentamente, com a mente trabalhando a mil por hora.
Antes de sair orei, suplicando para que Deus me acalmasse ao longo do dia, tomei um café. Não que eu precisasse despertar, estava ligada a 220w após a ligação.
O dia parecia não ter fim, parece que minha carga de trabalho foi de dois dias e não de oito horas. Minha curiosidade não me deixava me concentrar em nada, estava me irritando comigo mesma, pois acabava fazendo o trabalho duas vezes.
Quando as abençoadas dezoito horas chegaram, deixei as coisas me despedi do meu tio e sai o mais rápido que podia para casa dele, ele pediu para eu chegar antes das dezenove horas. Gastei cerca de quinze minutos para chegar, apertei a campainha e meu sogro André abriu a porta, não estava com cara muito boa, o que me deixa mais alerta, ele é um senhor sorridente e amoroso, sempre de bem com a vida.
Mas ele me lançou um sorriso que nem chegou aos olhos. e mais uma vez, como durante todo o dia, minha mente grita ''Péssimo sinal''.
- Oi Anna entra - disse me dando passagem - ele está na sala com as coisas.
Coisas, que coisas?
Assim que adentrei a sala, a primeira coisa que me chamou atenção foram malas, três para serem exatas. O que estava acontecendo, meu sogro iria viajar ?
- Seu pai vai viajar? - perguntei com meu coração tão apertado, a sensação de algo estava bem errado aumentou ainda mais, quando o Lucas parou de digitar no celular e olhou para mim e nesse exato que eu soube que na verdade era ele que estava de partida.
Ele iria me deixar, eu não sabia se estava respirando ou hiperventilando. Meu peito doía e a tranquilidade que estava estampado em seus olhos, me mostrava que só eu sofreria com a partida.
- Não, eu vou - diz, como se dissesse bom dia - não me olhe com essa cara, deixa eu explicar, sabe aquele intercâmbio que queria então eu consegui - há o intercâmbio - só fiquei sabendo disso hoje por isso não te avisei, te chamei aqui pra dizer que é melhor terminar.
Eu sorri, as palavras saíram tão facilmente da sua boca, que questionei todos os anos que passamos juntos, todos os " eu te amo" que o ouvi dizer. O nervosismo era tanto é minha falta de respiração que fui caindo lentamente pelo sofá da sua sala.
E pela primeira vez me odiei por ser tão fraca, qual é Deus, eu estou sendo fraca e detestei esse sentimento, porque mesmo com as brigas eu amava ele.
- Você vai simplesmente embora ? para qual cidade ? Vai com alguém ?- as perguntas saíram sem eu nem raciocinar ela direito, eu não queria saber onde ele ia e se iria com alguém. Não era bom pro coração essas informações.
Meu Deus!
Meu Deus!- Tenta olhar pelo meu lado - disse, e eu o odiei um pouquinho mais nesse momento - vou ficar no apartamento na França e vou sozinho - um barulho de buzina - meu táxi, fica bem querida tchau - pegou as três malas e sai, simples assim.
Não sei ao certo o quanto tempo fiquei olhando para o nada, eu nem sabia o que fazer o meu choque era tanto que só consegui olhar para parede na minha frente. Foram anos namorando e perdoando para simplesmente um " fique bem querida"
Eu me recuperei um tempo depois e fui para minha casa, subi para quarto e me tranquei lá e quando me dei por mim já estava em posição fetal e chorando.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Garota de fé
SpiritualTodos nós temos propósitos, Deus criou cada um com um e ao logo de nossas vidas Ele nós prepara para chegar ao destino. Com Anna foi assim, Deus tinha planos para ela, mas no decorrer de seu caminho ela acabou aceitando coisas que não fazia parte d...