Tudo começou quando, vencido pelas fofocas e os murmúrios da família, surgiu a notícia oficial de que uma garota de mais ou menos vinte e sete anos que fora assassinada com marcas de garras em toda a sua pele. Os ferimentos eram graves, e partes do seu corpo foram arrancadas e mastigadas. Não dava para saber muito bem o que havia acontecido, pois os pedaços e membros estavam frios e limpos de vestígios; resultado da água gelada e mórbida do rio Posseidon - o rio em que foram encontradas. Juntos, foi relatado que nada do corpo humano faltava e que não precisava de pânico, pois estava tudo sobre controle.
Isso chocou toda a população e a aldeia foi alertada: havia um animal selvagem naquela floresta. Depois investigaram mais e "descobriram" manchas de sangue nas trilhas que apenas os mais experientes conheciam, como se o corpo fosse arrastado até chegar ao seu destino. O sangue estava seco e podre.
Acredito que cegos por tamanho horror, ignoraram o fato que um animal não perderia seu tempo sem se alimentar da carne e ainda mais não gastaria forças arrastando um corpo até qualquer lugar. No entanto, essas marcas tão evidentes fortaleciam a teoria de algo inumano, numa opinião egocêntrica evolutiva de que um homem não cometeria tal erro de deixar claro o local do crime e o caminho traçado. As patinhas presentes no trajeto só aumentaram as chances.
Sugeriram lobos. Eu não conhecia muito sobre lobos, mas isso não me parecia do feitio deles. Eu nem sabia se eles comiam humanos também, já que vivem em bando e em lugares afastados, mas isso realmente era estranho. A incerteza me dava uma calma de não saber a verdade que, por mais que fosse tão especulada, acusaria que o terror era real. E não há nada mais aterrorizante do que viver um filme de suspense.
Diante dos meus dados, parece que eu não era a única a reparar sobre isso. O detetive local, Stephen Bartle, quem havia confirmado todo aquele boato sobre a garota desaparecida, tinha suas teorias. Detetive Bartle era conhecido nas redondezas como um sujeito esquisito demais, já que passava dias sem falar com ninguém durante seus casos e entregava relatórios e acusava sempre a escrito. Como se cada palavra fosse ser usada contra ele, mas é claro que suas ações gritavam mais ainda. Sua declaração sobre as teorias do suposto caso surpreenderam de tamanha a importância para o mesmo falar em público.
Ao todo, eram três e nenhuma delas incluía um animal feroz das florestas. Isso surpreendeu – e ofendeu – a população em geral, sem mencionar os comentaristas de plantão e os que cuidavam do caso.
A primeira delas era o simples caso psicológico de ciúmes doentio, no qual o homem matou a namorada a sangue frio, já fora de sua mente. Depois, uma apoiada firmemente - humanos adoram a sensação de superioridade quanto ao diferente, ressaltando - de que um dos problemáticos da Instituição Psiquiatra de Limpeza Mental, localizada poucos quilômetros da cena do crime, havia fugido e feito uma vítima ali mesmo, saciando seu aparente desejo.
A mais temida por todos foi a de que um possível assassino estaria entre eles. Seria o filho de alguém, o vizinho de alguém, o pai/mãe de alguém, que se fingia de surpreso e horrorizado, mas havia matado aquela pobre garota.
Meus nervos tremiam e meu coração disparava a qualquer barulho estranho de madrugada, então o único jeito de saciar meu nervosismo foi aprendendo mais sobre o que poderia algum dia estar diante dos meus olhos - e Deus queira que não.
Nas crises de ciúmes obsessivos ou ciúme patológico é quando a pessoa tem pensamentos tão obsessivos sobre a outra para quem entregou seu coração, que começa a ser paranoico. Atos impulsivos e doentios. E a adrenalina começa a correr com força em suas veias, o deixando temporariamente insano, sem capacidade de responder por seus atos.
Quando as traiçoeiras desconfianças começam a ocorrer, elas se repetem incansavelmente pela cabeça, dando eterna desconfiança. A pessoa sabe que pode ser apenas bobagem, mas algo em sua cabeça diz que não. E então, fica uma dúvida intensa que nunca acaba.
O acontecido se repetiu semanas depois, seguindo o mesmo padrão com outra garota. Ou tudo havia sido uma grande coincidência, ou a polícia e todo o país estariam lidando com um assassino sedento.
Como se não bastasse, eu era a repórter encarregada do caso.
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Rasgue-me
Misterio / SuspensoQuando os sinais estão evidentes, um padrão se segue, pistas são deixadas e nenhum culpado é encontrado pela trilha de sangue, pode se preparar para o provável: um serial killer está a solta, e você provavelmente poderá ser a próxima vítima. Positiv...