Caput III - Carpe diem

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- Ah, Hannah... – a voz de Harriet soou irritantemente pela terceira vez. - Eu definitivamente não quero ir à balada. É muito... - gesticulou dramaticamente com as mãos – muito... desconfortável! Quero algo mais calmo, romântico... Mais leve.

- Nada disso. - Hannah, já com a chapinha em mãos, começou a deslizar pelas mechas volumosas da amiga, a fim de alisar e dar, segundo ela, o valor que o rosto merecia.

- Por favor... - choramingou e lhe mandou um olhar pidão. A resposta não veio, mas ela sabia que a batalha estava perdida.

Assim que saiu do café com Johnny, foi direto para casa ligar para seus pais e contar-lhes como a situação ia e o que ia acontecer. Eles até tentaram argumentar sobre a maneira que queriam que ela vivesse, seus ideais e os tipos de amizade, mas a clara briga aconteceu e Harrie pôde lembrar o motivo de ter saído de casa para a assustadora vida adulta.

No final das contas, ela não iria para lá no próximo final de semana e eles já estavam em uma possível briga semanal, onde a culpa era toda e completa da garota por ser abandonada mais uma vez. Seu psicológico machucado pela infância a obrigou a desligar o telefone o mais rápido possível e retomar a consciência perdida ao fazer a chamada.

Agora, Harriet definitivamente tinha que dar um jeito na vida. Focar na faculdade e na publicação de seu romance, mudar o visual e quem sabe fazer umas aulas de artes marciais e autodefesa? O final do semestre estava chegando e ela teria que encontrar um bom estágio antes de se formar, se realmente quisesse ter um futuro decente.

Assim que contou para sua amiga adorável e loira Hannah como as coisas estavam mudando, a dito cujo resolveu magicamente que deveriam comemorar o fato que estava entrando em uma "vida nova!" - que não era para tanto, mas ela fazia questão de ser escandalosa e chamativa em tudo que fazia. Então, uma festa na casa na casa da ruiva foi a primeira ideia da noite.

- Não quero nada disso, essas pessoas estranhas na minha casa fazendo o que bem entendem da vida no meu sofá - resmungava Harriet, quase tendo um ataque ao imaginar a sujeira e o trabalho que aqueles desconhecidos fariam no seu lar.

Mas Hannah era incrivelmente insistente e convincente, fazendo-a quase desistir. Porém, uma negociação foi feita, agradando parcialmente ambas e poupando de mais confusão.

Uma festa seria a escolha perfeita, tudo bem. Mas uma festa em outro lugar, para caso de Hannah deixá-la sozinha por algum rapaz e ela poder fugir o mais rápido possível. De qualquer modo, não iria estragar seus tapetes e o teto da sua casa que de algum modo conseguiam sujar. Ela ainda não tinha chegado naquele nível criativo para sequer imaginar como. Havia tido experiências estranhas demais.

Acordou dos pensamentos superficiais quando sentiu algo extremamente quente na ponta da sua orelha, dando uma rápida dor aguda, fazendo-a se afastar rapidamente das mãos da loira e olha-la com reprovação através do espelho.

Hannah riu sapeca e murmurou um pedido de desculpas, mas quando foi voltar com a mão para os cabelos de Harriet, foi afastada.

- Você disse que sabia o que estava fazendo! - reclamou, incrédula. Ela não sabia que a chapa estava tão quente assim. Hannah pretendia fritar seus cabelos ou o quê?

- E eu sei, só que tive um pequeno deslize, foi mal. - Agora sim trouxe a mecha cacheada para de volta da chapa, puxando da raiz e alisando aos poucos. Com uma pequena risada descontraída, continuou: - Pelo menos seu cabelo vermelho distrai a cor escarlate da orelha. Vai até combinar!

Harriet pareceu não gostar da brincadeira, já que ignorou a amiga completamente. Às vezes ela desejava ser mais forte, ter mais personalidade firme. Ser daquele tipo que tinha todas as respostas do mundo para qualquer coisa.

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