Jay?

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  "Estou em um trem em movimento. As rodas batem com força e fervor nos trilhos. Estão todos conversando: minha mãe, meu pai e Christina. Quando ouço um estrondo. O trem vira. Há sangue para todos os lados. Entro em desespero."

  Quando algo me acerta em cheio. Minha consciência volta. Eu estou sonhando, mas aquele não era o meu sonho.

  Abri meus olhos e vejo Jason inquieto, se debatendo na cama, com o suor escorrendo pela testa enquanto emite gemidos que parecem de dor. Agora eu entro em desespero. Eu estava sonhando o sonho dele! Respiro fundo e começo a balançar seus ombros.

  - Jay! Jay, acorda!

Nada.

Ele continua se mexendo sofregamente.

- JASON! ACORDA! - grito e o balanço com mais fervor.

Nada.

Merda, Jason!

Me curvo sobre ele e dou pequenos beijos em seu rosto enquanto minha mão acaricia as maçãs de seu rosto e sussurro:

- Jay... Jason... Por favor acorda... Por favor...

Ele arregala os olhos, sobe em cima de mim e começa apertar meu pescoço. Ele me olha como se não me reconhecesse.

- J-jay... - Tento falar com o pouco ar que me resta e levo minas mãos as dele tentando, em vão, as movê-las. - Sou e-eu... Ka-tyy...

Então os seus olhos quase saltam para fora da órbita. Em um segundo ele não está mais em cima de mim e sim do outro lado do quarto. Ele corre para lá com sua velocidade de vampiro e bate na parede, caindo com força no chão.

  Eu respiro fundo e passo a mão no pescoço, tentando me acalmar, mas logo a imagem dele esparramado no chão chega aos meus olhos. Eu me levanto e corro até ele, o puxo para mim, o envolvo com meus braços e começo a fazer cafuné em sua cabeça com uma mão enquanto a outra faz carinho em suas costas e sussurro:

  - Está tudo bem... Eu estou aqui... Estou aqui por você... Está tudo bem...

  Ele me abraça como se eu fosse sua tábua de salvação, o ar que ele respira, como se eu fosse me levantar e sair correndo a qualquer momento, aperta minha cintura tão forte que quase não consigo respirar, mas ignoro isso e a dor, porque a dor que sinto em minha alma é muito maior. Ele começa a tremer e sinto suas lágrimas escorrendo pelo meu busto.

Eu não sei o que está acontecendo. Eu estou assustada. Minha mãos suam, meu coração bate acelerado em meu peito e minha respiração esta descompassada. Aquele Jason durão, frio, cruel e invencível não é o mesmo Jason que está em meus braços. Esse aqui parece uma criança com medo dos monstros que o assombram em seus sonhos.

Eu quero tirar toda essa dor e sofrimento dele. Quero poder manda-la embora. Quero passar uma borracha em cima do seu passado. Mas eu não posso. Não é algo possível. E isso me parte o coração.

Nunca achei que o veria assim tão vulnerável. Nunca achei que ele fosse tão quebrado, que sua alma fosse tão quebrada. Nunca achei que precisasse tanto de mim quanto precisa agora. O jeito que ele está em meus braços me faz questionar quanta coisa ele já deve ter passado.

Eu preciso que ele se abra comigo. Eu preciso que me conte seu passado. Eu preciso entender o que se passa com ele.

Eu começo a me levantar e ele me olha com olhos suplicantes, dou a ele um sorriso calmante e ofereço a minha mão. Ele a pega e eu o ajudo a levantar. Levo ele até a cama e o deito, depois deito ao seu lado. O trago para mim, ele envolve minha cintura com seus braços e deita sua cabeça em meus seios.

Bad Blood - A Caçadora de VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora