Capitulo Sete

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Corro para perto da Clarice:
-Clarice o que você fez?- Eu digo irritada.
-Não fiz nada, ele que desmaiou.
Ela coloca o Carlos no chão, fico ao lado dela, então ela pergunta:
-O que vamos fazer?
-Não sei, acho melhor levarmos ele pra casa
- ta loca, papai vai nos matar e depois matar ele.
Não posso deixar meu pai machuca-lo, que droga, o que vou fazer?
-Já sei, o vovô Ester, ele vai saber o que fazer, vamos levar ele até lá, papai esta no segunda andar com a mamãe, a Bruna também, a gente chama o vovô e explica a situação.
-Ta, mas não vou deixar ninguém machucar ele.
-Ohh, que fofo.
-Cala a boca, vamos logo.
Me abaixo e pego o Carlos nos braços, o bom de ter alto controle e que você consegue transformar apenas algumas partes, tipo os músculos, com ele nos meus braços corro para casa, Clarice vem logo atrás, então eu paro:
-O que foi Ester?
-Esqueci a jaqueta lá na clareira.
Me viro, mas Clarice diz:
-Serio? Depois a gente pega, ela não vai sair voando.
-Ta bom.
Voltamos a correr. Chegamos em casa e Clarice vai procurar nosso avô, eu fico no terraço com o Carlos, que ainda esta inconsciente. Coloco ele no chão e o observo, como ele é lindo, eu sussurro:
-Não me odeie, mas se você acordar e não quiser mais me ver, eu quero que você saiba que eu gosto de você e não te dei uma chance antes por medo de te machucar.
Eu me abaixo e beijo a sua bochecha:
-Eu não te odeio
Olho assutada, Carlos me encara, então sorri e me puxa pra perto dele, ficamos abraçados ate ouvimos um barulho, meu avô limpa a garganta:
-Hm, vocês estão bem?
-Sim
-O que houve?
Eu olho pro Carlos, ele sorri e diz:
-Senhor, amo a sua neta desdo primeiro dia em que a vi e hoje descobri que ela é uma loba, uma lobisomem e pra falar a verdade, meu amor por ela não mudou.
Clarice bate palmas e finge limpar uma lágrima, eu dou uma risada sem graça, meu avô diz:
-Bom mediante a esses fatos, só posso pedir a você rapaz para não contar a ninguém sobre isso, mesmo quando você e minha neta terminarem o namoro, posso confiar em você?
-Claro, não vou contar a ninguém.
-Vô a gente não esta namorando.
Clarice gargalha, meu avô da de ombros e o Carlos olha pra mim e diz:
-Ainda não, mas vamos conversar sobre isso.
Ele se levanta, eu fico ao seu lado, então meu avô fala:
-Vamos lá pra dentro, Ester sua mãe que te ver e rapaz vamos conversar em particular.
Instintivamente me coloco na frente do Carlos, e digo:
-Eu vou ficar perto dele.
-Calma Ester, não vou machucar ele, prometo, só quero explicar algumas coisas.
Carlos põe a mão na minha cintura e diz:
-Relaxa Ester, eu vou ficar bem.
Relaxo um pouco, então entramos, meu avô e o Carlos vão para a cozinha, Clarice e eu vamos para o quarto dos nossos pais.
Quando abro a porta vejo a minha mãe deitada na cama, quando ela me vê, tenta se levantar, mas meu pai a segura e diz:
-Fique deitada Cloe
Ela o ignora e olha pra mim dizendo:
-Ester, filha, você está bem?
-Estou mãe, não se preocupe.
Sento do lado dela na cama, meu pai pergunta:
-Os caçadores?
-Mortos, eles não iriam parar.
Minha mãe passa a mão pelo meu rosto e diz:
-Não era pra você ter que fazer isso, não gosto de te ver matando pessoas.
-Eu sei mãe, mas eles não iriam parar ate matar todos nos.
-Eu sei, eu sei.
Ela acaba dormindo. Meu pai põe a mão no meu ombro e diz:
-Temos que enterrar os corpos
-Eu sei, vamos.
-Vamos.
Eu e meu pai descemos as escadas, Clarice fica com a nossa mãe. Quando chego lá embaixo, o Carlos esta sentando no sofá me esperando, quando me vê ele diz:
-Podemos conversa?
Meu pai passa na minha frente e diz:
-O que esse rapaz esta fazendo aqui?
Eu vou para o lado do Carlos e digo, sem saber como explicar:
-Pai ele... Err....
-Ele viu Emetty- meu avô diz, saindo da cozinha.
-Como assim?
-Ele viu a Ester na mata.
Meu pai vira bruscamente para o Carlos e da um passo a frente, eu e meu avô nos colocamos na frente dele, meu pai diz:
-Saiam, vocês sabem o que tem que ser feito.
-Não pai, eu não vou deixar.
-Nem eu Emetty, ele é um bom garoto.
-Não interessa, ele é humano, temos que mata-lo.
Carlos engole em seco, mas toma coragem suficiente para falar:
-Senhor, eu jamais contaria pra outra pessoa, eu amo a sua filha, não vou deixar nada de mal acontecer a ela.
Meu pai encara ele, então meu avô diz:
-Eu já expliquei a ele, tudo, todos os segredos da família, também falei o que acontece se ele contar pra alguém.
Meu pai se aproxima dele, tira eu e meu avô da frente, tento ficar, mas meu pai me tira.
-Carlos você já viu a minha filha transformada?
-Sim
-Já viu ela matando?
-S...sim
Corro para o lado do Carlos.
-Já viu ela perdendo o controle?
-Não
Nesse momento abaixo a cabeça:
-Já viu a força que ela tem?
-Não
Carlos me abraça:
-Você se acha preparado pra isso?
Carlos me olha e diz:
-Não, mas estou aqui para aprender.
Meu pai o encara, então eu digo:
-Pai vamos, temos que enterra os corpos
Ele não responde, fica ali parado olhando pro Carlos, então ele diz:
-Vamos e você vai para casa, mas fique sabendo que estou de olho em você.
-Pode deixar senhor.
Eu e meu pai vamos para a porta quando Carlos me chama:
-Ester podemos conversar?
Quando vou disser sim, meu pai fala:
-Não, hoje não, segunda vocês pode-ram conversar.
Olho de cara feia para o meu pai, mas ele já esta indo lá pra fora, me viro para o Carlos, ele assenti com a cabeça, vou ate ele, o abraço e corro pro lado de fora.
Subo no telhado pela escada lateral, meu pai não esta lá, tiro as minhas roupas e me transformo, uivo:
"Pai"
Não a resposta, tento de novo:
"Pai cadê você?"
Então uma resposta:
"Na clareira"
Corro pra lá, assim que entro na mata sinto o cheiro de sangue, corro ate meu pai, ele já deve estar no corpo do homem, Diego, lembro o que eu fiz, mas não tenho remorso.
Encontro meu pai ao lado do corpo, ele analisa, então se abaixa, tem algo em suas mãos, chego mais perto, vejo fumaça saindo das mãos do meu pai e pergunto:
"O que foi?"
Meu pai se vira e lança algo em mim, uma faca cai aos meu pés, então ele diz:
"Pega"
Olho pra ele sem entender, então me abaixo e pego e a faca de prata, a que o homem jogou em mim:
"Essa faca é de prata ate no punho, tudo de prata, eles estão ficando com armas melhores e mesmo assim você a segura."
"Mas você também segurou pai"
"Sim, mas veja as minhas mãos"
Ele chega mais perto e mostra, as feridas, feridas em carne viva, que estão cicatrizando bem de vagar, meu pai quebra o silêncio:
"Ester você é especial, mas tenho medo de que tudo isso seja por você, se for assim como posso proteger a nossa família?"
"Se for por mim pai, eu vou embora, jamais deixarei nada de mal acontecer à vocês por minha causa."
"Eu sei, mas sua mãe nunca vai deixar"
"Mas você vai"
Eu o encaro, ele desvia o olhar e volta pro corpo, sei a resposta dele, ele diria "sim", não sinto raiva do meu pai por isso, mas queria saber porque ele não gosta de mim como gosta da Clarice, o motivo dele não ter me perdoado.
Meu pai pega o corpo do homem, e diz pra mim:
"Cadê o outro?"
"A outra, está mais pra lá, na mata"
"Vá pega-la, nos vemos perto do morro"
Ele diz apontando pro local, confirmo e vou. O corpo da mulher esta lá, e só agora reparo na raiva que eu tinha, não vejo a cabeça, só o corpo destruído, cortes, a perna quebrada, o sangue escorrendo do pescoço.
Fico ali olhando, então lembro que o Carlos saio da mata, mas o que ele estava fazendo ali, vou com cautela ate o local de onde ele saiu, quando afasto os galhos vejo uma casinha simples, modesta, farejo o ar e sinto o cheiro dele, e tão bom que eu fico ali alguns minutos, depois me obrigo a ir embora, quando me viro chuto alguma coisa, tiro o mato da frente e vejo a cabeça da mulher, vejo o panico em seus olhos e isso me lembra do que eu sou capaz.
Me obrigo a pegar a cabeça e vou ate o corpo, coloco ela nos meus ombros e vou ate meu pai, mas lembro de uma coisa e volto, vou ate a clareira, vejo, seguro a cabeça com a mesma mão que segura o corpo, vou ate o centro e me abaixo, pego a jaqueta com a minha mão livre, então vou ate meu pai.
Ele já cavou dois buracos bem fundos, não vejo o corpo do homem, ele já deve estar dentro do buraco, chego perto de um e olho, não vejo nada, então jogo o corpo da mulher e a cabeça e digo:
"Pronto"
"Esqueceu do casaco"
Ele diz apontando pra jaqueta:
"E minha e é uma jaqueta"
"Joga fora"
"Não"
"Isso tem o cheiro dela"
"Eu vou lavar, três vezes se necessário"
Ele balança a cabeça e diz:
"Tudo bem, só lembre de lavar"
"Ta"
Ele começa a enterrar, fico ali olhando, então ele diz:
"Vá para casa, eu já vou"
"Vou ficar, não é bom ficar sozinho"
"Ester, eu sei me cuidar, vai"
"Não, vou ficar"
"Ta, mas não fica com essa cara"
Não respondo, apenas fico ali, então olho pra lua, vejo o meu objeto de admiração e de medo, mas é uma lua minguante, prefiro lua cheia, então meu pai me chama:
"Ester pare"
Não entendo, então olho envolta, meu pai esta perto de mim, mas parece cauteloso, então ele repete:
"Ester pare"
Então olho pras minhas mãos, a sangue, e um cachorro, penso que ele está morto, então ele chora, solto ele, mas ele não foge, vem pra perto de mim, e fica me olhando.
Eu me jogo no chão e choro, perdi o controle de novo, não sei a onde estou.
Sinto um toque no meu ombro, meu pai diz:
"Vamos Ester, vamos pra casa"
Eu olho pro cachorro, depois pro sangue e pergunto:
"Eu matei um deles?"
"Não filha, você comeu uma galinha, quando o cachorro apareceu, ele latiu, você atacou, mas exitou"
Olho pro cachorro e procuro feridas, machucados, mas felizmente não a nada, então me levando e quando dou um passo, minha visão se turva e eu desmaio.

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