Capitulo Quinze

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Gabriel Bitencourt

4 Horas antes de Ester perder o controle

Eu a guio até um dos quartos de hóspedes, após mostrar a ela onde ficava as lençóis e colchas de cama, sai e fechei a porta
Escuto o barulho do chuveiro enquanto desço as escadas, minha mente vagueia, imagino Ester embaixo do chuveiro, seu corpo nu.
-Não
Balanço a cabeça para afastar tais pensamentos.
Devia fazer uma caminhada.
Pego meu casaco e saio de casa, a noite está fria, na rua encontro alguns caçadores de guarda, eles apenas me olham com desdenho, não consigo imaginar porque eles me odeiam tanto.
Vou direito até o final dá rua, para a casa dá única pessoa que ainda gosta de mim, abro seu portãozinho de madeira, atravesso o jardim e sua a varanda, bato a porta, duas batidas simples e leves
Logo escuto um barulho dentro dá casa, ele abre apenas uma fresta, mas quando me vê, arreganha a porta
Com um sorriso de orelha a orelha minha tia me abraça
-Gabriel, meu menino
Sorrindo eu também a abraço, meio sem jeito
-Entre, Entre por favor
Minha tia diz enquando se vira e me chama com leves acenos de mão
Eu entro e fecho a porta
Ela vai até a cozinha e logo volta com xícaras e uma garrafa térmica que sei que tem chocolate quente, ele serve para mim
-Obrigado tia
Bebi um gole e digo
-Entao tia o que tem a me dizer?
Ela bebe o chocolate, olha de um lado a outro, como se alguém pudesse me ouvir
-Ela está bem
Me aproximo dela e digo
-Sim tia, está, mas não entendo por que ninguém pode saber dá..
-Shiiiiiu quieto, não diga o nome dela
-Tudo bem tia, mas por que ninguém pode saber dá....Dita cuja?
-Voce fez o que eu mandei?
-Sim tia, tiro o sangue e testo do jeito que me ensinou, todos dão negativos, quero entender o por que disso tia
Ela ri, bebe seu chocolate e diz
-Calma meu jovem, na hora certa você irá saber, eu e você, não somos igual meu pai, você sabe, nós sabemos que isso é errado, não devíamos caça-los, se eles viessem até nos, tudo bem, mas agora ir até eles, não, eles são igual a nós, tem família, se você mata o pai, os viram as vingar e ai matam alguns pais e outros filhos se juntam e matam e por assim vai, vira uma guerra infinita

Minha tia se levanta, vai até um armário no canto dá sala, abre uma gaveta e dela tira uma coisa, eu a reconheço, era do meu pai, ela volta a se sentar e diz me olhando nos olhos

-No dia que seu pai morreu, ele me trouxe isso, disse que era pra eu guardar, que ele iria te dar quando você fizesse 18 anos, quando virasse homem-Naquele dia eu tentei abrir aquela caixa, como castigo meu pai bateu na minha mão com um pedaço de mangueira de jardim-Gabriel, ele disse que com isso você entenderia tudo, com isso você decidiria o que você iria ser
Ela estende a caixa pra mim, encima dá mesa, a caixa fica lá inerte.
É uma coisa de madeira, na tampa, na parte de cima tem o símbolo dos Leões, passo a mão sobre a tattoo no meu braço, meu avô me obrigou a fazer ela no meu aniversário
Penso em tudo, na minha vida, nos meus pais, no meu avô, estendo minha mão e pego a caixa, a viro de frente pra mim, respiro fundo e a abro
Por dentro ela é acolchoada, forrada em vermelho camurça, na parte de dentro dá tampa, uma medalha com o símbolo do clã está gravado na madeira, por cima do forró.
Dentro dá caixa a apenas dois objetos, uma arma é um livro, a arma trás consigo um pente, o livro, um marca página, pego o livro e leio o título

Descendências dos lobisomens

É um livro pequeno, um pouco maior que minha mão, eu o abro, logo na primeira página vem uma árvore genealógica, no topo, apenas duas fotos com nomes embaixo, leias em voz baixa, num sussurro
-Licaão........... Damarco
Levanto meu olhar pra minha tia, em busca de uma explicação
-Sim meu filho, apesar de tudo que seu avô diz, ninguém escolhe ser lobo, eles nasceram assim, seu pai descobriu isso, mas ao contrário de nós, apenas ignorou esse fato, mas sei que você já sabia disso
Verdade, eu já sabia, mas meu pai sabia e mesmo assim os matava, meu avô dizia para todo mundo, que os lobos, eles escolhiam ser assim, que existia uma ritual feito a meia noite de uma lua cheia, que essas pessoas eram mordidas por lobisomens e passavam a se transformar, eu sempre me perguntei, mas quem mordeu os lobos antes, alguém também teria que morder eles e os antes deles, e bem antes deles, cheguei a conclusão de que tinha que existir um original, um nascido lobo, alguém que não teve escolha
Na página seguinte, eles contam a história de Licaão

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