Capitulo Treze

66 4 0
                                    

Ando a passos silênciosos até a porto, pressiono minha orelha contra a porta e escuto vozes.
Transformo minha orelha para escutar melhor e ouço alguém dizer
-Onde voce estava ontem a noite?
-Vô eu sai, eu precisava de um tempo pra mim
-Voce é louco? Você saiu, desarmado, a noite e se um lobo aparecesse, o que você iria fazer? Seu inútil
Então escuto um estalo e o barulho de alguém caindo no chão.
-Vô, por favor, não
Sem pensar duas vezes, abro a porta e corro em direção as vozes
Quando chego até eles, vejo o avô de Gabriel o segurando pela gola dá camisa e prepara um soco para acerta-lo
Gabriel me vê, ele me olha em pânico, seu avô vê se olhar e se vira, ele me encara e diz largando Gabriel que vai no chão, vejo em seu rosto deformado, a marca de três garras, o que deixa seu rosto mais sombrio
-Ora, ora, ora, o que temos aqui, quem é você minha jovem?
Ele diz me olhando de cima a baixo, nessa hora me lembro que estou apenas com a blusa do Gabriel
-Err...Eu...Eu
Ele ri, uma risada baixa e abafada
-Ora minha cara, não precisa ter medo, meu nome é Vladmir Bitencourt, sou avô desse jovem rapaz e você, qual seu nome querida?
Ele diz dando um passo em minha direção, Gabriel levanta e corre em minha direção, ficando entre mim e seu avô
-Vô deixa ela fora disso
O avô de Gabriel abre um sorriso largo e diz, colocando as mãos nos ombros de Gabriel
-O meu neto-O olhar dele fica agressivo e ele diz, jogando Gabriel para o lado-Saia dá minha frente seu inútil
M

eu corpo treme ao ver o corpo de Gabriel se chocar contra a parede, o avô dele então se vira pra mim e diz
-Quem é você?
Meu olhar está em Gabriel caído no chão, olhando pra mim, com um olhar de quem pede perdão
O avô de Gabriel então segura meu rosto com força e me força a olhar pra ele
-Quem é você sua vagabunda?
Com raiva digo
-Meu nome é Ester e não sou sua mãe pra você me chamar de vagabunda
Ao fim dessas palavras bati meu antebraço no cotovelo de Vladmir e depois o acerto no estômago com meu cotovelo, ele dá alguns passos para trás.
Eu vou até Gabriel é o ajudo a levantar, quando consigo colocar ele de pé, seu avô para de frente para nós e diz
-Goste dessa garota, pelo menos dessa vez você me orgulha filho.
Então sem dizer mais nada, ele abre a porta e sai
Gabriel se levanta e corre até a porta, ele grita
-CHEGA, ACABOU, EU VOU EMBORA
Escuto seu avô dizer
-Tanto faz, você já tem 18 anos, não é mais problema meu.
Após essas palavras Gabriel se vira e fecha a porta, ele vem andando em minha direção e então ele cai de joelhos no chão emprantos, vou até ele
-Ei, calma, tá tudo bem, já acabou
Ele esconde seu rosto entre seus braços e sussurra
-Obrigado
-De nada
O silêncio nos domina, se apodera de nós e nada mais dizemos, não sei quanto tempo ficamos assim, pode ter sido horas ou minutos, até que Gabriel se levanta e diz
-Vou preparar algo para a gente comer
-Ta bom
Eu não o sigo, não levanto, fico no chão e penso em tudo, no que houve e no que pode acontecer, penso no meu sonho, no que minha avó diz nele, quando levanto, alguns minutos depois, levanto decidida
Vou até a cozinha e sento na cadeira próxima a bancada, Gabriel se mexe de um lado a outro, sem me olhar, então eu pergunto
-Por que ele te trata assim?
Ainda de costas para mim, Gabriel para de cortar o queijo, ele solta a faca e passa as mãos pelo cabelo e diz, sem se virar
-Ele me culpa, todos me culpam
-Pelo que?
-A morte de meu pai, eles acham que é culpa minha, por isso sou uma vergonha pra família, pró clã
Fico em choque, sem saber o que dizer, Gabriel vai até a geladeira, a abre e pega um tomate, o coloca sobre a bancada de frente pra mim, pega um tauba e uma faca e começa a corta-lo bem devagar, então ele começa a dizer
-Meu pai me chamou pra caçar com ele no dia que ele morreu, eu não quis, fiz pirraça, não fui....... Eu tinha 10 anos Ester, 10 anos, eu era uma criança, não tinha noção de nada, era madrugada e estava frio, eu lembro de ouvir um uivo e depois um grito, então vozes e tiros e gritaria, era tudo uma confusão, então eu sai dá cama e corri até a porta, minha mãe estava lá, meu avô de frente pra ela, ele não chorava, mas minha mãe..... Minha mãe era só lágrimas, meu avô estava com alguma coisa na mão, eu não conseguia ver o que era, quando ele me viu, ele veio até mim gritando pra cima de mim "Olha o que vc fez, veja seu inútil, isso tudo é sua culpa, eu disse que você não merecia nem nascer"
Ele parou de falar, lágrimas escorriam por sua face, depois de alguns minutos ele voltou a dizer
-Ele jogou encima de mim..... O que ele trazia nas mãos, nos braços, ele jogou encima de mim......... Era a cabeça do meu pai, estava destroçada, sua expressão de pânico, um arranham cortava seu olho esquerdo ao meio........ Desde então, sou a desgraça dá família, do clã
Ele diz passando as costas das mãos pelo rosto para secar as lágrimas.
-Merda
Ele disse ao se cortar com a faca, vou até ele e pego a faca
-Vai lá lavar, eu faço isso
Ele me olha por alguns minutos, então vai até a pia, ele também​ lava o rosto, então eu pergunto
-O que você disse, sobre ir embora, você vai mesmo?
Ele se apoio na pia, respira fundo e diz
-Vou, tenho que ir, aqui não é o meu lugar
-E pra onde você irá?
-Nao sei
Ele se vira e me pergunta
-E você, o que irá fazer?
-Bom, tenho que ir até a minha família, eles precisam saber que estou bem..... Mas não posso ficar lá
-Por que?
-É perigoso, não posso feri-los, não iria me perdoar
-Entendo,então somos dois nômades
Ele ri sem jeito, eu também dou um sorriso
-Acho que sim
Ficamos em silêncio por um instante, até que ele pergunta
-Posso viajar com você?
Eu paro de cortar o alface e o encaro
-Por que? Sou uma loba, uma lobisomem, você sabe, por que quer vir comigo?
-Por que não tenho mais nada, a muito tempo atrás perdi tudo e o pouco tempo que passei com você, você já me mostrou que a vida, vale a pena lutar por ela
Desvio meu olhar dele, volto a cortar e respondo
-Se você conseguir me acompanhar
Ele ri
-Bom, vamos ver isso
Terminamos de fazer nossos sanduíches e vamos até a sala, Gabriel liga a TV
Sentamos lado a lado e comemos nossos sanduíches em silêncio, até que eu pergunto
-E sua mãe Gabriel? Onde ela está?
Ele para de comer e abaixa a cabeça
-Morta, ela se matou, alguns anos depois dá morte de meu pai, ela não suportou e se entregou
Quando vou dizer que nada disso é culpa dele, escuto o jornalista dizer algo sobre a minha escola

-La escuela brasileña es atacada por hombres armados, no se tiene noticias de quien lo coordinó, tenemos informaciones de que 15 jóvenes están heridos y tenemos 2 muertes confirmadas Ana Missner, de 17 años y Bianca Martins de 19 años, ambas fueron toturadas, volveremos pronto más con más noticias **¹
Na tela ele mostra a foto de Ana, minha amiga, dá escola e outra garota que também estudava lá, acho que era uma das amigas de Sônia, eu não a conhecia, mas ao ver a foto de Ana entro em pânico e começo a chorar, Gabriel me pergunta o que foi, mais eu não respondo
"Mataram ela, mataram a Ana"
Volto meu olhar pra TV, onde outro jornalista aparece no local, ele diz algumas coisas que não entendo direito e então ele mostra na parede dá escola escrito
EU VOU TE ACHAR
Não precisa pensar muito pra saber que aquele recado é pra mim
O jornalista prossegue dizendo que o ataque ocorreu a três dias e que não se tem mais muitas informações, ele também informar que a polícia está investigando e coletando o depoimento de todos que estavam na escola na hora do acidente.
Ao fim das palavras do repórter, eles mostram mais uma vez a imagem de Ana e de outra jovem e escrevem luto embaixo.
Mais lágrimas escorrem pelo meu rosto, Gabriel percebe e pergunta
-Voce as conheci?
-Ela..... A Ana... Era minha amiga, na escola, ela me ajudou, desdo primeiro dia, quando me zuaram, ela me ajudou
Gabriel se aproxima de mim e me abraça, eu fico ali por alguns instantes e depois me afasto, levanto secando minhas lágrimas e digo a ele
-Eu preciso descansar..... E preciso de roupas
Digo esticando a blusa dele que ainda está em mim
Ele ri
-Ta bom, vou comprar algumas roupas pra você, já volto
Com isso ele sai e eu fico sozinha na casa, aproveito para conhecer melhor a casa, caso precise me esconder ou algo do tipo, estou andando por um corredor no primeiro andar e vejo várias fotos, de um família, deduso que só pode ser a família do Gabriel, estou andando quando vejo, em uma moldura de ouro, um diploma de veterinaria, neste momento Gabriel entra na casa, volta com três sacolas de roupas e quando me vê pergunta
-Ei, o que você está fazendo aí? Tá olhando o que?
Rindo digo
-Voce se formou em veterinaria?
-É... Quê que tem?
-Um leão se formando em veterinaria, realmente fora do comum, isso é profissão de lobo
Ele ri sem jeito
-Gosto de cuidar deles, dos animais, são tão indefesos
Vejo os olhos dele meio que brilhar ao dizer aquilo
-Legal
Olho para o fim do corredor e vejo uma porta, trancada com dois cadeados
-O que a ali?
Digo indo em direção a porta, Gabriel é mais rápido e passa por mim, bloqueando a passagem.
-Err vamos, vou te mostrar o quarto onde você pode dormir e também você tem que trocar de roupa
Ele diz sem jeito
-Tudo bem
Ele me guia até o quarto, onde me deixa a sós para me arrumar e ficar mais a vontade, tomo meu banho, me visto e então deito um pouco na cama, para relaxar um pouco os músculos, por fim acabo caindo no sono e o sonho, não é nada dos bons

**¹(escola brasileira é atacada por homens armados, nao se tem noticias de quem coordenou o ate, temos informações de que 15 jovens estão feridos e temos 2 mortes confirmadas
Ana Missner, de 17 anos e Bianca Martins de 19 anos, ambas foram toturadas, voltaremos logo mais com mais noticias)**

Loba AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora