Capítulo 9. O Terceiro

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Chorando descontroladamente com as mais de 2 mil leituras, gente! *---* Muito chocada também, nossa,eu nunca imaginei! Y_Y Muito obrigada!

Na mídia hoje, temos o vídeo com a tradução de As-tu déjà aimé do filme Les Chansons d'Amour.

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~Lídia~

Quando desci para o café da manhã, todos já estavam reunidos na mesa da cozinha tomando o café da manhã. O sonho que achei ter tido, de Killian e Adrian ficando amigos, parece ter sido verdade, os dois estavam numa conversa bastante acalorada sobre cavalos e terras. Vovó tirava uma travessa com pães frescos do forno e Duncan e Naelyian conversavam baixinho sobre algo. Noah entrou na casa com leite fresco e Frederick brincava com Simon, de cavalinho talvez. Sorri nostálgica de um passado que não tive. Quem sabe se tivesse ficado eu acordaria para manhãs assim todos os dias. A algazarra e alegria eram reconfortantes.

-Bom dia. -Eu disse e todos responderam animados e Adrian bateu no espaço no banco ao seu lado para que eu sentasse.

-Dormiu bem, querida? -Vovó perguntou pondo a travessa na mesa.

-Sim, vó. -Falei me servindo de um pão e cortando-o enquanto todos faziam o mesmo, exceto Frederick, que provavelmente brincaria com Simon até que seu mingau estivesse pronto.

-Podemos falar com você lá fora? -Adrian perguntou em meu ouvido para que ninguém mais ouvisse e olhei para ele, que sinalizou para Killian e ele e para a porta que levava para a sala.

Acenei afirmativamente. Deixei meu pão no prato e segui os dois rumo a varanda do balanço sob os olhares de todos, que sorriam como se soubessem algo que eu não sabia. Ao chegarmos lá, eles fecharam a porta e a janela para ter certeza que não seríamos ouvidos, aparentemente todos tinham o péssimo hábito de ouvir conversas particulares porque ao fecharem a janela, vislumbrei vovó, Duncan, Naelyian e Noah se aproximando. "Que família de fuxiqueiros" pensei suspirando.

O vestido que eu tinha escolhido para o dia era simples, no mesmo modelo que uma camisola, gola quadrada, mangas simples três quartos coladas ao braço, cintura marcada com um laço verde menta e saia ondulante até o calcanhar, tudo em tecido azul claro. Usava uma sapatilha azul clara também e meu cabelo estava preso num coque improvisado com uma dezena de grampos e uma fivela de libélula prateada.

Eles sinalizaram para que eu me sentasse no balando e estremeci. Não podia ser coisa boa.

-Lídia. -Killian chamou minha atenção e olhei para ele. -Eu contei para ele a verdade.

-Que verdade? -Perguntei erguendo uma sobrancelha e ele engoliu com força, olhando para Adrian, então também olhei para Adrian.

-Ele me contou sobre a religião de vocês e sobre -Eu já estava em pé quando ele falou sobre religião. -seus costumes e como se casaram.

Olhei estarrecida de um para o outro, nem sabia o que dizer, se agradecia a Killian por me poupar o trabalho ou se o matava por revelar algo que poderia nos mandar para a forca para alguém que mal conhece. Ondulei entre raiva e frustração por algum tempo olhando dos dois para o pátio, e então para a casa e então o céu e depois a floresta, fechei os punho e olhei para os dois e gritei. Não gritei algo, só o simples ato de poder gritar, expulsar o que sentia e não podia dizer. O grito saiu rouco e alto, parecia o rugir de algum animal, Killian se encolheu quase imperceptivelmente e Adrian mudou o apoio do pé, desconfortável. Fui até Killian e o agarrei por seu colarinho. Ele era quase meio metro mais alto que eu, mas eu podia parecer bem maior se quisesse e ele já estava tremendo.

-Como você pode fazer algo tão estúpido? -Eu perguntei, minha voz ondulava entre um volume suave e um tom de voz mais alto, Killian segurou minhas mãos. -E sem a minha permissão! -Completei. Quando Adrian fez menção de intervir sequer olhei para ele, apenas sussurrei. -Não se meta Adrian.

-Ele merecia saber. -Killian disse e o sacudi com força.

-Merecia saber? Por que ele merecia saber? Você não o conhece!

-O conheço o bastante, você sabe que sim! Também sentiu! -Ele disse e o larguei gritando novamente, um som gutural, coloquei as mãos em minha cabeça e comecei a andar de um lado pro outro. -Sabe que é verdade, Lídia, sentiu tanto quando eu, ele é nosso terc...

-Não termine essa frase, ele não é! Não pode ser!

-Sabe que sim. -Killian insistiu e o olhei com raiva.

-Sou o que? -Adrian perguntou confuso.

-Nosso terceiro. -Killian disse.

-Cala a boca! -Esbravejei. -Ele não é!

-Por que não posso ser? -Adrian perguntou, parecia insultado tanto quanto parecia curioso. -O que é um terceiro?

-Nada. -Falei, mas Killian foi em frente e o explicou.

-Já ouviu falar da teoria da alma gêmea? -Ele perguntou e quando Adrian assentiu, ergui os braços em rendição e voltei a me sentar no balanço de braços cruzados. -Bem, existem aqueles que digam que alguém pode ter mais de uma.

-E você acha que eu sou alma gêmea de vocês? -Adrian perguntou olhando de Killian para mim e de mim para Killian, eu apenas os observava aborrecida. Killian fez que sim com a cabeça e Adrian se virou para mim. -E por que você não acha?

-Você está apaixonado de mais por Jane para ser. -Eu disse pegando uma mecha solta de meu cabelo e examinando-a. - Uma alma gêmea não olha para mais ninguém além de você.

-Mas e sobre essa teoria de terceiro, Jane poderia ser uma das minhas almas gêmeas. Quero dizer, podia. Não é errado eu sentir falta dela. -Não tive argumentos contra esse argumento, uma de suas almas gêmeas, Jane até poderia ser, mas ela se foi. Isso machuca a mim porque era minha irmã, não sei dizer como ele se sente. Mordi meu lábio inferior sentindo um pedacinho descascando e o arranquei com os dentes, sem dó.

-Lídia! -Killian reclamou vindo para diante de mim e se ajoelhando. -Tsc! Veja o que fez. -Ele disse pegando um lenço de seu bolso de trás da calça e enxugando meu lábio inferior sangrento. Não olhei em seus olhos, não queria, estava com raiva por ele ter dito nosso segredo para Adrian sem me consultar. -Por que está sendo tão teimosa se sabe que é verdade?

-Porque não pode ser verdade. -Eu disse entredentes, embora eu soubesse que poderia ser. Quando o segurei em meus braços o consolando em nossa noite de núpcias, senti que era certo estar com ele, assim como eu sentia com Killian. Olhei de Adrian para Killian e sussurrei. -Ele não nos ama.

-Não, mas gosto. -Adrian disse. -Respeito os dois. Não acha que é um começo?

-Acho que não é o bastante. -Eu disse.

-Eu discordo. -Killian disse.

-Como sempre. -Silvei.

-Não me ataque sem motivos. -Ele reclamou dando um peteleco em minha testa e dei um tapa em sua mão.

-Estúpido.

-Riquinha.

-Onde que isso é um insulto? -Reclamei e ele sorriu.

-É um insulto para mim. -Ele disse. E empinei o nariz.

-Mesmo que ele seja nosso terceiro, e então o que? O que pretende fazer? -O desafiei, olhando de Killian para Adrian e de volta para Killian.

-Leva-lo conosco para as fogueiras. -Ele disse sorrindo, porém eu soube que falava sério. -Assim tiramos a prova.

Inferno, não!


Arruinada ( #1 Duologia Arruinada)Onde histórias criam vida. Descubra agora