Capítulo 4

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Os passos de Harry em sua volta para casa denunciavam a vontade que ele tinha de encontrar Angel novamente. Quase correndo, ele ignorou o chamado de seus amigos e de Fanny, uma garota irritante que insiste em correr atrás dele. Ele até que gostava da atenção feminina que recebia, afinal, que garoto não gostaria? Mas, no momento sua atenção estava concentrada na garota da casa em frente à sua.

Havia algo de muito errado ali, onde uma garota vivia aparentemente trancada em casa. Angel ouvia, porém, não havia aprendido a falar. Harry se perguntava se isso acontecia por algum problema mental ou alguma deficiência alimentar. A jovem menina era tão pequena e magra para sua idade que Harry quase que imediatamente sentia-se protetor em relação a ela. Era impossível ignorar o quanto a jovem garota parecia sofrer.

Conforme foi aproximando-se de sua casa, Harry foi sentindo-se ansioso e nervoso, quase como se encontrar Angel fosse o compromisso mais importante e excitante do dia. Amor não era o sentimento ideal, era mais curiosidade e ansiedade, como se desvendar o que de fato acontecia naquela casa fosse a nova missão de Harry.



A pobre garota esperava o rapaz de cabelos encaracolados escondida nos arbustos de seu jardim, assim, caso o pai ou o irmão chegassem, não poderiam vê-la. As vezes ela pensava em fugir por não achar justo as coisas que sofria, mas o que afinal ela entendia da vida se nunca havia saído de casa? Pra que afinal serviam as escolas? Angel nem se lembrava da última vez que havia ganhado roupas ou sapatos. Ao avistar na esquina o amor de sua vida, ela sentiu sua garganta secar, seu coração disparar, um arrepio percorreu seu corpo. O medo acompanhou as ações de Angel, pois, ao se olhar no espelho, ela via marcas da violência sofrida noite passada.

Ela foi com passinhos apressados até o garoto alto e forte e os olhos de Harry arregalaram-se ao vê-la. O rosto da jovem garota, normalmente branco, hoje estava meio roxo e seus lábios um pouco inchados. Harry correu até ela e com toda delicadeza que conseguia reunir na hora, pegou o rosto dela nas mãos, analisando cada pedaço minuciosamente. Angel fechou os olhos por dois motivos: O primeiro era a vergonha por sentir-se feia e inferior a beleza de Harry; o segundo era o fato de Harry estar tocando-a, de um modo tão afetuoso, que ela mais se sentia em um sonho, quase esquecendo a vergonha.

- O que aconteceu com você? - Harry questiona calmamente.

- Meu irmão... ele... enfim - Angel fecha os olhos com vergonha.

É uma prova de que ela confia nele o suficiente para contar. Harry sem pensar muito em suas ações passa os braços ao redor do pequeno corpo desnutrido de Angel e puxa ela para perto de seu. Dessa vez o abraço é correspondido e Angel o aperta como se disso dependesse sua vida.

- Eu não vou mais deixar machucarem você, ok? - Ele sussurra no cabelo dela e ela assente, ainda com o rosto encostado no peito do Harry.

Eles afastam-se e Harry a pega pela mão, levando-a até sua casa. Sua mãe, Anne está trabalhando e ainda não chegou. Harry senta Angel no sofá e corre para o banheiro, pega o kit de primeiros socorro e volta correndo, sem querer tirar os olhos de Angel. Ele retira da maleta uma pomada cicatrizante e passa um pouco num algodão, passando-o logo em seguida por cima do machucado de Angel.

- Porque você não foge? - Harry pergunta.

- Porque eu não saberia como sobreviver sozinha.

-Mas seria mais fácil que ficar apanhando não é? - Ah harry, se você soubesse... 

Angel, preferindo não discutir com seu amado, decide ficar quieta e largar pra lá o assunto. Ela estava tão feliz sendo cuidada por Harry, não conseguia imaginar a vida sendo melhor. O rosto de Harry estava a centímetros do seu, concentrado em cuidar de seus machucados. Seu cenho estava franzido e sua boca estava um pouco aberta, com a língua pra fora e seus olhos estavam duros, como se sentisse da raiva da situação, afinal, uma menina não merece ser maltratada.

Após cuidar dos ferimentos de Angel, Harry a leva de volta para casa. Antes de subir a árvore para ir novamente para seu quarto, Angel abraça Harry novamente, pegando-o de surpresa e dando-lhe um beijo no rosto. Ela sobe e deixa um Harry sorridente para trás. Ele coloca a mão por cima do local beijado e sorri, como se não acreditasse que ela havia vencido a timidez e feito isso.


Ao entrar no quarto, Angel sorri e deita-se na cama, olhando para o teto e sorrindo com um semblante idiotamente apaixonado. Ela realmente abraçou Harry, ele realmente tratou de suas feridas, realmente falou com ela e realmente prometeu protege-la, situações que somente haviam acontecido em seus sonhos. Parecia surreal saber que o Anjo da vida dela estava realmente se importando com ela e seu bem estar. 

Como que para presentear a garota afim de vê-la mais feliz, Harry desce as escadas até sua cozinha, pega um pacote de cookies e chocolate e corre pra fora de sua casa, atravessa a rua e entra no gramado vizinho, jogando o pacote pela janela.

Angel se assusta com o barulho e corre ver o que aconteceu, encontrando o pacote no chão. Ela corre até a janela e encontra um Harry sorrindo olhando pra cima no gramado. Harry estava feliz por ela estar feliz, e Angel estava feliz, pois, depois de quase 24 horas alimentada apenas com migalhas de bolachas quebradas no chão e água da torneira da pia do banheiro, ela comeria algo sólido.

Dois sentimentos diferentes e iguais ao mesmo tempo.


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Desculpem a demora, amo vcs demais, esse wattpad da uns bug muito louco e ai n posta nada, ai eu brigo com o joão, tudo só piora.


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