Capítulo 01: Pesadelo ou Presságio?

219 14 6
                                    

Ainda eram oito da noite e eu já estava em meu quarto aguardando a tempestade mais tenebrosa e aterrorizante que já vi, acabar. Os ventos fortes carregavam tudo que não estava solto, era impossível qualquer pessoa ou animal andar ou correr pelas ruas. Nunca vi uma tempestade como essa. Sempre me auto intitulei o mais corajoso de todos os garotos, mas com essa tempestade toda minha coragem tinha desaparecido. Com certeza. Não que eu fosse medroso, só na maior parte do tempo, acho que noventa e nove por cento de mim é a parte medrosa, o outro um por cento era a parte corajosa. Você pode não acreditar, eu mesmo não acredito, teve uma vez que eu protegi minha mãe de um maribondo malvado, sim...sim é verdade, quando ele pensou em picar o braço da minha mãe, eu coloquei meu dedo indicador na frente e fui picado no lugar dela. Incrível né, esse foi o meu maior ato de coragem até hoje. Minha mãe sempre me lembra desse dia, claro que os meus amigos dão boas risadas desse assunto, mas até que eu levo numa boa.

- Quando que essa tempestade vai passar? ­ - Eu disse cerrando meus dentes de medo.

- Não aguento mais ficar aqui, cadê a mam... ­ - Disse quando de repente fui interrompido por um barulho que vinha das escadas. Alguém com pisadas fortes na escada, subia bem rápido em direção ao meu quarto.

Comecei a ouvir passos, passos que ecoavam pelos corredores da casa, eles me deixavam cada vez mais assustado, a cada passo que era dado, eu ficava com a sensação de que algo muito ruim poderia acontecer.

- Meu Deus, o que será isso? Tenho que me proteger. ­ - Pensei baixo, logo pulei da cama, vesti minhas sandálias, peguei um taco de beisebol de baixo da cama e me escondi dentro do armário.

Dentro do armário quanto mais silêncio eu fazia, parecia que os passos iam se aproximando cada vez mais, até que a pessoa responsável pelo barulho entrou em meu quarto. Se abaixou, deu uma leve checada de baixo da minha cama, em seguida se levantou e disse:

- Jameeeeeeees! Cadê você, para de bobices e venha aqui. - Ordenou a pessoa de voz feminina, que passou um certo medo. Mas logo percebi que era minha mãe, sendo a mesma de sempre.

- E-Estou aqui mamãe. ­ - Gaguejei gritando de espanto, saí do armário às pressas, joguei o taco de beisebol no chão e sentei na cama.

- Mas o que significa isso? ­ - Indagou ela.

Franziu a sobrancelha, sentou-se na cama e ficou frente a frente a mim. Pude perceber que queria apenas a verdade, nada de mentirinhas infantis desta vez. Sim desta vez, eu sempre inventava alguma coisa, como E.T., buraco negro e até gnomos, ela acreditava ou fingia que acreditava, não importa, eu sempre saia ileso por tudo.

- Estava apenas me precavendo contra um possível ataque. ­ - Respondi rindo sem graça.

Afinal eu sabia que não sofreria ataques, ainda mais no vilarejo onde eu morava, que é sempre um lugar calmo e livre de confusões.

- Filho não tenha medo, é só uma chuva e não um ataque. Está tarde, vá dormir! Amanhã ainda tem aula antes de irmos. ­ - Ordenou minha mãe novamente.

Em seguida me deu um aconchegante e gostoso beijo de boa noite na bochecha direita e se levantou da cama.

- Temos mesmo que nos mudar? Poxa eu gosto tanto daqui, não queria ir embora. ­ - Perguntei a ela tentando fazer meu olhar mais bonito e gentil possível, para convence-la a muda de ideia.

- James já conversamos sobre isso, não há nada que possa fazer. Sabe muito bem que por causa da promoção que recebi, temos que nos mudar. Agora já chega! Deite! ­ - Respondeu ela me dando um segundo beijo, desta vez na bochecha esquerda e completando com um rápido. -Te amo!

Valivia e o Retorno do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora