Uma fuga pra Floresta Branca

A escolha é sua!

Começamos a correr muito rápido, a cada distância que tomávamos daquele lugar meu coração parecia acelerar mais, porém, ele me mandava prosseguir.
Estava tão eufórica que comecei a ficar tonta, sentia meu sangue ferver e tudo ficava escuro.

-Não!!-eu pensei.

Não era hora de viajar no tempo, muito menos de para-lo. Todos meus esforços não adiantaram, parece que meu "dom" quer sempre me mostrar algo nas horas mais improváveis, geralmente, quando estou em perigo.

De repente o que era escuro se transformou numa imagem borrada, era Enrico furioso, ele estava procurando alguém, ele gritava muito, Droga! Já sabe que fugimos. Senti que meu coração havia confirmado e voltei pra realidade.

-Crystal corra mais rápido, Enrico já sabe que fugimos!!-gritei a ela.

-Como você sabe? -ela me perguntou.

-Digamos que sou.. diferente.-para não me julgar estranhamente mágica, mesmo com criaturas mágicas por todo lado, poucos acreditavam em qualquer outro tipo de magia,parece que alguém havia feito o povo esquecer de como nosso mundo era.

Corremos mais uns metros e a estrela começou a direcionar seu brilho para um lugar que eu conheço bem.

-Vamos!-falei para a princesa que correu mais ainda, até que ela estava se saindo bem, já eu, digamos que estou acostumada a fugir, e não, não me orgulho.

Quando comecei a ver melhor a Floresta Branca meu coração pareceu repousar no peito, mesmo assim, não parei o ritmo, na verdade aumentei. Entramos e finalmente me senti segura, porém, com certeza deveríamos achar um abrigo

A neve começou a flutuar ao meu redor e com os olhos fechados eu desejei do fundo do meu coração uma caverna bem escondida. Quando os abri, vi a coruja de Nathan, dei um sorriso e ela voou em direção ao norte. Seguimos ela que nos guiou até uma caverna bem longe. Fiz uma fogueira e dormimos bem rápido, estava exausta.

No outro dia acordei num susto, meu peito estava acelerado e o dia estava mais escuro, "A Escuridão" pensei.

Acordei Crystal que levantou assustada.

-O que ouve?-perguntou com a mão no peito se referindo ao tempo lá fora.

-A escuridão está tomando conta de nosso mundo, culpa minha.-abaixei a cabeça, minha culpa, era só o que eu ouvia, se eu tivesse aceitado meu destino, talvez todos estariam felizes.

-Não é sua culpa.-Crystal disse docemente, me surpreendeu, afinal, é nossa primeira conversa descente.

-Você merece mesmo ser a princesa, você é boa.-eu disse.

-Obrigada. Mas não me acho tão boa assim, existem pessoas que morreriam para salvar o mundo que ama.

Fiquei pensando nessa frase, será que ela se considerava fraca por não ter lutado mais e ter fugido?

-Estou numa fuga a muito tempo, recentemente apelidada de Uma Fuga pra Floresta Branca.-eu ri.- Normalmente, meu destino sempre é aqui.

-Aqui é a Floresta Branca que os ancestrais falavam?-ela me perguntou surpresa e eu só confirmei.- Nossa!- exclamou.- Para acabar sempre aqui você deve ser muito especial.

Outra vez alguém dizendo que eu sou especial, por que fazem isso?
Me levantei e observei o perímetro, nada.

-Vamos!-disse ajudando a princesa a se levantar.

-Onde vamos?

-Ver alguém realmente especial.-conclui.

Segui em direção a casa de Nathan, eu estava planejando a deixar em segurança e voltar para o meu refúgio.
Quando chegamos eu bati levemente na porta, ouvi passos lentos.

-Quem está aí? - Nathan perguntou.

-Bem, uma menina que está em fuga, desesperada e impaciente. Temos também uma princesa que aparenta estar calma.- eu disse tentando fazer com que eles se divertissem um pouco, antes que eu, sem que eles vissem, sumisse.

-Mia!- Nathan abriu a porta sorrindo e me deu um abraço parecido com o do dia no jardim.

-Mia!- Rafael me abraçou e me repreendeu logo após. - Sua louca!- eu ri.

Quando os dois colocaram os olhos em Crystal parecia que o mundo parou. Rafael a abraçou chorando e ela ficou parada.

-Crystal, esse é seu irmão, Rafael.-Eu disse pois era a única em que ela confiava.

Eles choraram e mataram a saudade, conversaram até.Natha sorria e passava os olhos por mim a todo instante, assim era difícil sair dali.

-Mia, eu fiquei muito preocupado.-Nathan me disse.

-Senti sua falta, lembrei de sua música-admiti- enquanto estávamos....

-Estavam onde?-Nathan perguntou.

-Bem...-olhei para Crystal como se pedisse socorro, eu sentia que ela sabia que eu queria ir embora, ela entendeu meu desespero então começou a explicar distraindo os meninos.

Sai pela janela que estava aberta e comecei a correr, vi a corça branca me olhando, ela se virou e eu subi em suas costas, ela era bem grande e forte, então conseguiu me aguentar. Ela me levou para a Floresta, até a montanha de neve mais alta, no topo havia uma casa pequena.

Eu desci e agradeci a carona, entrei na casa e logo vi uma cama e um fogão, só. Armários a parte.

-Bem-Vinda Mia!- olhei para a porta e...Não podia ser.A coruja fala?

-Você...fala!- eu disse gaguejando.

-Prazer, meu nome é Kenny e sim, eu falo.

-Isso é...

-É tão impossível quanto parar o tempo?- ele disse me deixando desarmada.

-Um tiro certeiro.- conclui.

-Bem, como eu dizia, seja Bem-Vinda a casa de sua mãe.

-Não quero nada que seja dela.-eu disse me retirando.

-Ela não foi má Mia! Só quis te proteger.

-Onde ela está agora?-eu disse quase chorando.- Estou sozinha.

-Isso foi uma escolha sua.

- Agora a culpa é minha?-perguntei.

-Você se diminui, se acha menos, você é mais, muito mais. Pare de se achar tão pouco!Você mudou a vida de pessoas para melhor, ajudou quem precisava, você é grata, humilde, e corajosa, sim, corajosa!-ele disse de uma forma tão convicta que me fez acreditar por alguns intantes.-Você pode salvar Suezul, porém, se continuar se achando tão pouco, será de uma forma dolorosa! A escolha é sua!-Concluiu e saiu voando me deixando sozinha com meus botões.