Acordei ao amanhecer com uma pequena fresta de luz em meus olhos, me levantei relutante e tentando absorver tudo o que aconteceu ontem.
Cambaleando fui fazer minhas higienes para comer algo, ontem mal toquei na comida durante o dia. O dia parecia calmo até demais, tão calmo que um calafrio subiu a minha espinha me fazendo arrepiar e suspirar de preocupação. Ele estava a tramar algo!
Não demorou muito para passos invadirem a cozinha enquanto fazia um chá de camomila para relaxar.
-Bom dia Bela Mia.-Nathan disse ao adentrar a cozinha.
-Bom dia!-respondi sorrindo pra ele.
-Bom dia pessoal!-comprimentava alegre Rafael com um sorriso de orelha a orelha.
-Bom dia!-Nathan e eu respondemos juntos.
-Feliz não acha?-Pergunto a Nathan.
-Muito mesmo, imagino sua alegria depois de ontem.-Nathan respondeu.
-Nunca pensei que sentiria isso um dia, é tão bom saber que tenho uma mãe que ainda se lembra de mim e me ama mesmo não estando comigo por tanto tempo.
Paro e penso.
Será que minha mãe também nutria esse sentimento materno por mim!?
-Eu imagino querido.-respondo carinhosa.-Querem comer algo?
-Aceito qualquer coisa.-Nathan responde me olhando da mesma forma que ontem e Rafael também aceita.
Começo a sentir uma forte dor de cabeça, e fico muito tonta, mas tento não transparecer isso. Sei que estou prestes a ver algo, mas não queria. O passado, o futuro e o presente são incertos demais. A minha cabeça só se confunde, a dor da agonia em meu peito permanece a cada viagem no tempo.
Enquanto vou colocando chá para os meninos que estão comendo o pão que preparei sinto uma pontada no lado direito da cabeça e tudo vai ficando nublado.
Agora não!
Eu penso enquanto coloco o chá fazendo o maior esforço para não derrubar nada.
-Bela Mia!? Esta tudo bem? Se sente mal?-Nathan preocupado pergunta segurando em minha mão que treme.
-Esta sim!-minto.
Ele me encara nos olhos e me sinto intimidada, não sabia que ele podia intimidar alguém daquela forma.
-Posso falar com você? Urgente!-o suplico.
Ele se levanta e Rafael fica nos olhando preocupado. Já no meu quarto tranco a porta para que Rafael não saiba.
-O destino está me querendo mostrar algo, estou sentindo uma pontada muito forte na cabeça, sei que vou viajar no tempo, mas não quero ver, não estou me sentindo bem.
Ele me abraça e coloca minha cabeça no seu peito, sinto seu coração, isso me acalma, ele sabe que não gosto deste meu poder, ele quer me passar confiança pois sabe que não poderá parar o que está acontecendo.
Escuto sua voz me chamando mas pelo visto já não estou mais nesta "realidade".
Estou me sentindo tão feliz em algum lugar com alguém que não reconheço, mas sinto toda a felicidade acabar em um segundo! Sinto uma dor me invadindo, sinto um vazio, sinto que devo correr, corro muito, sinto meus poderes queimando nas minhas veias, ardendo no meu coração. Sinto raiva, vingança é o que me vem na mente, me tiraram meu coração, tiraram meu chão, aconteceu o que mais temia. As batidas que tanto amava, cessaram!
Chorando é como volto pra minha realidade, Abraço Nathan com toda minha força, sinto ele retribuir e secar minhas lágrimas que não param de cair.
-Bela Mia?-ele disse algo antes que não ouvi.
-Não quero perder quem amo, sinto que não poderei fazer nada, me sinto inútil, incapaz, não quero que se machuquem. Eu prometo que vou lutar por vocês! Por favor destino, não tire quem amo de mim, eu juro que não vou desistir, eu juro!- me aninho nos braços de Nathan enquanto suplico para não me tirarem minha família.
Estou cansada de jogos, de nada fazer sentido, de injustiça. Minha mãe me deixou nisso tudo pra que? Gosta de me ver sofrer, chorar, me ver indefesa? Isso tudo é um jogo no qual eu preciso perder tudo pra que eles se divirtam?
-Mia, não chore mais princesa.-ele me olha triste secando uma lágrima solitária em meu rosto.
-Princesa?-ele questiono dando um leve sorriso.
-Achava que filhas de rainha eram princesas.-Ele sorri de volta.
-Por que me sinto tão bem contigo?-meu pensamento sai dos meus lábios de fazendo temer a resposta. Boca aberta.
-Não sei, mas é recíproco.-ele responde com a calma que só ele consegue ter.
-Como é tão calmo!?-sorrio mudando de assunto.
-Boa pergunta, como é tão madura nessa idade?-ele ri.
-Desculpe-me ancião..-rio da cara que ele faz e ele ri de mim.
-Vai dar tudo certo.-ele me confirma.-Me desculpa?
-Por que!?
-Por...nada não...só diga que em qualquer circunstância vai lutar?
-Eu juro.-digo o olhando nos olhos.
Ele sorri aliviado enquanto nos afastamos.
-O seu cabelo vai ficar assim permanentemente?-digo engraçada tentando amenizar o clima.
-Imagino que sim, é bizarro demais?-ele diz passando as mãos pelos cabelos.
-Eu acho muito bonito modéstia a parte.
Ele parece envergonhado, nunca o vi assim.
-Vamos antes que Rafael ache que eu morri.-sorrio o puxando para fora do quarto.
Vi em Nathan hoje o jovem rapaz que há além do homem formado e imponente que ele passa. Perdeu parte de sua adolescência e juventude, mas agora que podia ter um pouco disso, aproveitava o momento, mesmo não sabendo lidar com aquilo.
Eu estava amadurecendo aos poucos, não sou a mesma Mia que saiu correndo, a mesma que chorou inconsolável na casa da minha mãe.
A dor era constante, não podia negar, mas amadurecer tem suas dores.
Estava no meio de muitas mudanças e não conseguia absorver tudo, mas estou abrindo meus olhos agora.
Vejo que Enrico não vai parar até tudo estar destruído, é sem motivo que ele faz isso, existe a maldade. Vejo que o rancor se colocou acima do caráter, não quero isso para mim mesma.
Nathan e Rafael pelo visto irão até as últimas consequências comigo, não pretendem desistir.
Eu tenho a chave na minha mão, mas preciso saber como usar, o que fazer e quando agir. Creio que viajar no tempo não é o único grande poder que minha mãe me deixou, creio que algo surgirá, e preciso disso, mas quando?
Um bater de asas me faz levantar da cadeira para olhar a porta.
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Uma fuga pra Floresta Branca
FantasyMia é uma jovem moradora de um universo chamado Suezul,um mundo onde existem fadas,seres mágicos e um guardião.Obrigada a uma terrível vida foge para a Floresta Branca,um lugar proibido onde ninguém se arrisca . Lá encontra o príncipe perdido (ou n...