Fortalecimento com a dor

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Voltando aos poucos à realidade que conhecia, notei que Nathan estava cuidando de meu ombro com uma cara de pavor inimaginável.

Kenny então, parecia um fantasma.

- Onde está Rafael? - questionei ao notar sua ausência.

- Realmente essa vai ser sua única reação depois de 15 minutos que estamos tentando estancar o sangue em seu braço Mia? - Nathan quase gritava.

Nunca o vi tão zangado em toda minha vida.

- Onde está Rafael? - gritei atordoada.

- Foi buscar água. - Nathan respondeu um poucas e frias palavras.

- Você ficou parada, sangrando, pálida. Nem dor você sentia. - Kenny colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

- Entendo. - me limitei nas palavras.

Logo voltei a sentir o ar gelado, meu coração pulsando e até mesmo aquela dor absurda em meu braço.

Rafael veio correndo em nossa direção com água no cantil.

- Ela recobrou algum sentido? - preocupado perguntava a Nathan.

- Tanto recobrou que já até sentiu sua falta. - Nathan respondeu com rispidez.

- Eu vou te matar Mia, escute minhas palavras. - Rafael ficou enraivecido.

- Sério que vão me atacar agora? - puxei meu braço enfaixado com violência. - Vou morrer um dia, mas com toda a certeza do meu ser, não vai ser por conta desse ferimento.

Levantei e me afastei poucos passos.

- Eu achava que estariam agradecidos, foi bem difícil, eram muitas lâminas, extremamente finas e rápidas. Eu estava cansada, o tempo se movia lento, mas ainda assim, se movia.

Eu falava sem fôlego, parecia que estava me afogando nas palavras.

- Calma querida.. - Kenny falava.

- Me desculpa bela... - não os deixaria terem a última palavra.

- É isso que queria dizer, não é? - gritei contra o destino, seja lá o que isso fosse - É essa a parte do sem aplausos, sozinha?

Partindo do pressuposto que meus poderes não eram desconhecidos deles, todos meio que entenderam contra quem bradava.

Senti arrependimento, não parecia certo. Algo dentro de mim exclamava que não era assim, e sim, muito pior.

- Estamos nervosos por medo de te perder. Não conseguiríamos... eu não conseguiria. - Nathan se aproximou amoroso como sempre.

Baixei a guarda e olhei para o vazio. Busquei respostas. Entendi o desespero deles, mas o meu desespero não sumiu.

Não estava pronta ainda, concluí.

- É melhor voltarmos para casa.

- Mas você não disse que.. - Rafael protestava antes de ser interrompido por mim.

- Eu disse, mas não tenho mais certeza. 

Ainda tenho muito a perder - pensei.

- Vamos prosseguir com o plano original Mia, não é bom mudar de estratégia no meio da guerra. - Kenny falava.

- Se eu perceber que o nosso plano, que antes parecia que iria funcionar, vai ser um fiasco, eu não posso mudar? Estratégia é se adaptar às mudanças no percurso. Não é como se TODO o destino fosse escrito. Algumas linhas, para chegar no propósito final, nós que devemos escrever. - finalizei.

Uma fuga pra Floresta BrancaOnde histórias criam vida. Descubra agora