"Capítulo 35"

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Capítulo 35

Com o passar dos minutos eu fui ficando mais calma. A entrevista não era tão tensa como eu pensava, e as duas eram simpáticas até demais, perguntaram não apenas as coisas óbvias, e não editavam nossas respostas. Pelo menos eu gostava de achar que elas não seriam editadas. Um prato e meio de frutas depois e alguns copos de suco pra mim e café pra Louis, nós finalmente chegávamos aos minutos finais.

- Eu sei que vocês já responderam essa pergunta algumas vezes, em especial o Louis, mas o jeito que vocês se conheceram é, de verdade, muito peculiar. Alguém já fez algum comentário a respeito?
- Eu escuto comentários disso o tempo todo - Louis riu - Falam que foi combinado, forçado, algo como 'ah tá, ele estava do nada na praça e resolveu fazer gracinhas pra menina e eles se apaixonaram' e similares.
- E não foi assim que aconteceu?
- Foi e não foi - eu sorri - One Direction ainda não era muito conhecido no Brasil no começo do ano, então eu não conhecia os meninos. Quando eu vi o Louis fazendo gracinha pra minha câmera, eu achei diferente. Tem um lugar em São Paulo, chama-se Praça da Sé. Lá, se você resolver tirar foto, vai passar muita gente na sua frente fazendo graça igual ao Louis; então quando ele começou a fazer isso eu achei o máximo, me senti em casa.
- Só a parte da paixão que gostam de florear um pouco mais do que devem... - Louis olhou pra mim e piscou.
- Por quê? Como aconteceu?
- Gosto de responder essa pergunta citando um casal conhecido: Jack e Rose - por um momento pensei que Louis fosse citar alguém de verdade - Aquela cena que ele a vê pela primeira vez é muito bonita. E consegue convencer todo o público de que ele se apaixonou por ela naquele instante, naquele segundo. Parece ser clichê, mas aconteceu. Por que, quando isso acontece na vida real, as pessoas possuem tanta dificuldade em aceitar? Eu me apaixonei pela Jessy no instante em que a vi, assim como aconteceu com Jack e Rose, Romeu e Julieta...
- Quem nunca amou, quem nunca sentiu isso, tem esse certo preconceito - eu falei.
- O fato de vocês serem jovens não é ruim para a aceitação?
- Romeu e Julieta viveram um romance ao extremo com treze anos - falei, sorrindo, as duas abriram o maior sorrisão do mundo.
- Ela é incrível, Louis.
- Sei disso - ele sorriu, feliz - E isso também é algo que incomoda um pouco algumas pessoas.
- O fato de ela ser incrível?
- De ela ser boa em tudo que faz.
- Como assim?
- Bom... - segurei na mão de Louis, pedindo autorização para eu falar - Quando a bolsa de estudos saiu, eu sabia que seria uma oportunidade única de mostrar meu trabalho e minhas qualificações. Repetia pra mim mesma que eu vim pra Londres com um propósito, de ser a número um em tudo e nunca falhar. Consegui grande parte do que eu queria, e isso parece incomodar porque ninguém nunca é cem por cento bom no que faz. Quando as coisas começam a dar certo, o efeito imediato é de alimentar suspeitas, as pessoas ficarem intrigadas e, em alguns casos, com inveja.
- Uau - ela desligou o gravador - Desculpa, eu pensei que os comentários maldosos eram por culpa do seu namoro com o Louis.
- Não vou dizer que aprendi a lidar com isso, de vez em quando ainda leio alguma coisa que me machuca, mas é mais fácil administrar essa parte. Agora, quando começam a falar do meu trabalho e de como eu conquistei as coisas, eu viro uma leoa e não penso muito nas consequências. Lutei muito pra chegar até aqui, não permito que falem mal do que eu amo.
- Caramba - uma delas sorriu pra mim e pra Louis - Quantos anos você tem, mesmo?
- Dezoito.
- Tenho certeza que tudo o que você conquistou foi de grande merecimento. Parabéns!
- Obrigada - sorri.
- Enfim, podemos continuar? - ela ligou novamente o gravador - Louis e Jessy, qual a frequência de brigas?
- Nossa Senhora! - ele passou as mãos nos cabelos e começou a rir - Briga feia ou briga tonta?
- Tanto faz, briga é sempre briga - as duas riram.
- Gênio? - ele olhou pra mim e eu já estava rindo - Tá, eu respondo. Nossas brigas nunca duram mais que quarenta e oito horas.
- Como assim?
- É muito raro eu passar um mês inteiro com a Jessy, às vezes ficamos semanas longe. Então não gostamos de perder tempo brigados; já não nos vemos direito, se for pra ficar afastado um do outro, então nem compensa.
- Nosso tempo juntos é muito curto pra ser desperdiçado brigando, eu não vejo necessidade nisso - acrescentei.
- Vocês são dois fofos - a moça falou e nós dois sorrimos um para o outro.
- E quando há uma briga, como vocês se reconciliam?
- Starbucks e muffin pela manhã - Louis respondeu e nós rimos - Mas às vezes a amiga dela precisa dar uma força, a Jessy é muito orgulhosa.
- Sou mesmo!
- Louis Tomlinson te trazendo café da manhã depois de uma briga e você ainda consegue ser orgulhosa?
- Tem que fazer um charme, pra dar mais certo - sorri, vendo a cara de sapeca de Louis ao meu lado - E pelo visto, tá dando.
- Bom, eu vou fazer mais uma pergunta que eu vi algumas fãs comentando. Você, Jéssica , foi vista no começo como uma menina que não se interessava nem por One Direction e nem pelo próprio Louis. Algumas criticavam o seu comportamento como namorada, parecia que você não queria estar fazendo parte disso. Como você se sentiu ao ler essas coisas a seu respeito?
- Então... - sorri, nervosa, e estralei meus dedos, olhando para Louis - Eu não conhecia One Direction, não sabia nada sobre eles. Assim sendo, eu não conhecia o Louis e, pra ser sincera, acho que isso ajudou no nosso relacionamento. Eu gostei dele, me apaixonei por ele, e não pela bagagem que vinha junto. Não precisava saber da banda ou da música pra eu ser mais ou menos apaixonada por ele, não via necessidade disso. Assim como ele não soube tudo da minha vida quando me conheceu, foi algo que fomos conquistando e conhecendo aos poucos. Assim é um relacionamento, você não fica sabendo tudo da vida da pessoa no primeiro mês, você descobre.
- E nunca te passou pela cabeça procurar alguma coisa dele no google? Dar uma de stalker e saber do Louis ou da banda?
- Ah, não? - eu cocei a cabeça e ri - Sei lá, confesso que algumas vezes eu entrei no sites feitos por fãs pra ler coisas sobre os meninos, mas tudo eu acabei descobrindo depois. Algumas vezes, entrei mais pra saber o que falavam de mim do que do próprio Louis.
- Sério? - ele me encarou com um sorriso de lado - Estão vendo? Disso eu não fazia ideia.
- Se decepcionou com alguma coisa?
- Ah, várias - eu sorri - Mas passou, depois de um tempo. Mostrei pro Louis e pros meninos, tudo virou uma grande piada depois.
- E vocês conhecem fanfics? As fãs costumam escrever muito sobre como elas imaginam um relacionamento com vocês ou até "entre vocês".
- Cara, tem muita fic gay que as fãs escrevem! - Louis bateu a mão na testa e nós começamos a gargalhar - Não sei de onde surge tanta criatividade pra escrever tanto absurdo, dá até medo. Será que os pais dessas meninas sabem o que elas estão fazendo?
- Muita coisa absurda?
- Olha, demais! Tem umas coisas muito absurdas, meio impossíveis - eu estava ficando constrangida só de imaginar, comecei a rir ao vê-lo ficar vermelho de vergonha.
- Dá pra contar alguma coisa pra gente?
- De jeito nenhum, eu passo os links depois dos que eu lembro, mas contar aqui, agora? Nem pensar!

"500 days in london"Onde histórias criam vida. Descubra agora