"Capítulo 42"

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Capítulo 42

O tempo todo eu tinha que pedir pra Louis passar protetor solar. Estava muito quente, muito sol, muito calor e ele não está acostumado com isso, porém se eu falasse mais uma vez ia receber outro fora, tanto dele quanto do meu pai. Meu pai, por sinal, estava muito contente no karaokê com meus tios cantando Boate Azul, e Louis tentava ler o que estava escrito - ou seja, a letra da música - e era só gargalhada porque meu pai era um terrível cantor. Mas, muito ruim mesmo.

Sair de que jeito,
Se nem sei o rumo para onde vou
Muito vagamente me lembro que estou
Em uma boate aqui na zona sul
Eu bebi demais
E não consigo me lembrar sequer
Qual era o nome daquela mulher
A flor da noite na boate azul

- AOOOOOOOOOOOOO PAIXÃÃÃÃOO!
- Pai do céu! - abaixei minha cabeça em total vergonha.

Louis olhou pra mim e me cutucou. Eu nunca tinha o visto com um sorriso tão retardado em toda nossa vida juntos, nem quando ele fez o show no Madison ele parecia tão feliz. Eu só queria saber se esse sorriso era mesmo de felicidade ou pânico, porque minha família estava quilômetros de saber se comportar como uma família normal, e isso me deixava meio apreensiva.

Minhas primas, que antes estavam me provocando por causa do Louis, agora não paravam de chegar perto dele e querer tirar foto, passar a mão e não sei mais que porra elas queriam. A única coisa que nós dois estávamos pedindo era que não publicasse absolutamente nada na internet, porque se as fãs soubessem exatamente onde Louis estava, nosso começo de ano seria um belo de um inferno. O tempo todo eu tinha que ficar de olho, e fui obrigada a arrancar o celular de duas primas que ameaçavam colocar a foto do Louis no instagram. QUE PORRA, custa ser gentil e tentar, pelo menos dessa vez, se comportar como gente? Elas nem são fãs de One Direction, socorro.

Ilha Bela era uma cidade linda, mas eu já estava acostumada a passar todo final de ano por lá, ainda mais com todos esses parentes. E, como nenhuma tia, prima, madrinha, cunhada, conhecida, resolveu engravidar nesse último ano, dessa vez não tinha bebê nem ninguém novo na família. Só as crianças que agora estavam crescendo e ficando mais barulhentas ainda... Nada agradável. Porém essas crianças conheciam muito bem One Direction e Louis Tomlinson, e estavam super felizes em ver que um dos seus ídolos estava ali, passando o ano novo com elas. Acho que era mais engraçado elas olharem pra mim e falarem "não acredito que você tá namorando ele", era um misto de surpresa, inveja, sei lá. Desconto porque eram as crianças, mas mando ir tomar no cu se forem as primas babaquinhas.

Louis fora aprovado por quase todos os meus familiares, menos minha mãe, que antes o adorava tanto, agora o achava meio metido, branco e magro demais. Meu pai, que era a pessoa que eu mais tinha medo de detestar meu ex-sei-lá-namorado, tinha se encantando por Louis, apenas disse que ele precisa de "um pouco mais de sol e mais picanha nos ossos". Disse o mesmo pra mim, falando pra todo mundo que quisesse ouvir que eu era bem mais "cheinha" quando morava no Brasil, o que me fez dar graças aos céus por Louis não entender português, embora ele estivesse fazendo um esforço redobrado pra conseguir entender quase tudo. Quando ele entendia alguma coisa, era como ver uma criança toda feliz. Ele estava muito feliz, mas muito mesmo. Eu, então, não cabia dentro de mim de tanta felicidade.

- E então? - ele perguntou, me abraçando por trás enquanto quase toda minha família se jogava na piscina, e eu fui pra perto da churrasqueira tentar achar mais algum pedaço de carne.
- Fala - respondi, ainda procurando minha carne.
- Tá aí uma coisa que eu nunca pensei que fosse ver: você me ignorando por causa de comida! - ele riu com os lábios colados ao meu ouvido.
- Não é comida, é churrasco - respondi, me virando pra ele com um pedaço de carne entre os dedos - A melhor invenção culinária - sorri.
- Seu pai tem talento pra essas coisas - ele abriu a boca, pedindo comida... Fiz careta, mas óbvio que acabei dando meu pedaço pra ele.
- Aproveita, porque na Inglaterra não tem comida assim, não - eu ri e dei um selinho nele - Falando nisso...
- Podemos não falar nisso? - Louis encostou a testa na minha - Por favor?
- Ok - abaixei a cabeça e suspirei pesado - Eu não consigo parar de pensar no assunto, entendeu?
- Então vou ter que colocar meu plano infalível pra funcionar antes do previsto - roçou o nariz no meu pescoço e me abraçou com um pouco mais de malícia - Que horas sua família dorme?
- Hã?
- Que horas posso te roubar sem quase ninguém perceber?
- Tomlinson, tá doido? Todos os meus parentes estão aqui, é quase que impossível isso acontecer.
- Por isso que eu disse "quase ninguém" - ele riu - Você acha mesmo que eu ia descambar da Inglaterra pro Brasil sem nem ao menos dar uma dor de cabeça pros seus pais?
- Pais não, né, meu amor? Na minha mãe, porque ela vai ter um treco se eu sumir.
- Mas se eu sumir junto, vai ser meio óbvio que é porque você está comigo, não é?
- Louis... - gemi.
- Isso, assim que eu gosto - ele falou com uma voz totalmente safada, e eu gargalhei alto.

"500 days in london"Onde histórias criam vida. Descubra agora